Após uma hora de ópera da qual Pete achou dramática demais, eles partiram até um museu a pedido do ceifador Porsche, era um museu sobre a época da mortalidade, com quadros de artistas que morreram há bastante tempo, o ceifador parecia se divertir olhando os quadros enquanto os dois jovens continuavam sem entender o porquê de tudo aquilo.
- Esse é o meu preferido - disse apontando para um quadro - Esse se chama "Paisagem com a Queda de Ícaro" conta o fim da história da mitologia grega de Ícaro, gosto desse mito, é uma grande lição sobre ego.
- Sem querer parecer desrespeitoso, mas o que isso tem haver com a gente? - Vegas ousou em perguntar primeiro, era um questionamento que Pete estava ansioso pra fazer - Por que gastar seu valioso tempo nos ensinando sobre arte em um museu?
- O que quero ensinar a vocês não tem nada haver com arte, e é algo que nunca aprenderam na escola.
- E o que seria? - agora foi a vez de Pete fazer perguntas.
- É muito pra dizer agora, mas primeiro quero que dêem uma volta pelo corredor e sintam a história dos seus antepassados, encontro vocês daqui há dez minutos.
O ceifador saiu em direção a outra sala deixando os jovens sozinhos, o silêncio reinou por alguns minutos, ambos pensavam em muitas coisas e fingiam analisar as obras.
Pete pensava em sua família, ele sempre esperava o pior e temia muito perdê-los, Vegas só queria sanar aquela curiosidade de vez, o que um ceifador queria tanto com ele?, porque tirar ele de casa em uma noite fria para levá-lo a um museu vazio e ainda não lhe dar sequer uma resposta.
- Isso é ridículo, ele quer alguma coisa da gente, e eu tenho a impressão de que não é nada bom - sussurrou chegando mais próximo de Pete, até demais.
- Bem, isso é óbvio, mas o que poderia ser?
- Talvez seja um jogo dele, e iremos acabar mortos no final dessa noite - Vegas disse.
- Ou quer informações para ir atrás das pessoas que conhecemos.
- Eu mesmo vou atrás das informações, não preciso de vocês pra isso - o ceifador surgiu sorrateiro assustando eles que se sentiram envergonhados por ele ter escutado a conversa.
- Está bem, eu vou direto ao ponto, chamei vocês aqui porque tenho uma oferta, como sabem todo ano na conclave nos reunimos com os outros ceifadores para decidir assuntos importantes, e partilhar sobre o andamento das coletas, e percebemos que essa região ainda tem poucos ceifadores, por isso viajei até aqui no intuito de recrutar mais, e bem acho que estão entendendo aonde quero chegar.
- Acabou de dizer indiretamente que um de nós será escolhido como aprendiz? - indagou Pete.
- Eu não vou disputar isso com ele, passo a oferta - Vegas foi rápido em recusar.
- Eu também não quero, não faz sentido disputar algo que nenhum dos dois quer.
- Na verdade, eu escolhi os dois - os jovens encararam o ceifador confusos com o que ele tinha dito.
- Mas que eu saiba o ceifador só tem direito de escolher um aprendiz - lembrou Vegas.
- Acreditem, eu sei o que estou fazendo.
- Senhor, eu não me encaixo nisso, não consigo matar uma mosca, como acredita que sou capaz de coletar vidas? - questionou Pete, tentando esconder o seu desespero.
- Aí está o paradoxo da profissão de um ceifador - Porsche disse - A função deve ser concedida aos que não desejam ela, são os que mais se recusam a matar que devem exerce-la, porque só assim terão compaixão e respeito pelas vidas alheias - o ceifador pegou uma mão de cada dos jovens e as juntou em cima do seu anel, que era o maior símbolo de um ceifador, era tão poderoso que era a partir dele que se concedia imunidade, o ato de beijar o anel de um ceifador significava que ele havia lhe presenteado com um ano de imunidade.
Vegas sentiu a mão formigar ao estar diante daquele poder todo, e podia sentir a mão gelada de Pete trêmula embaixo da sua.
- Vocês dois são feitos da maior fibra moral, logo no meu primeiro contato percebi que vocês possuem aquilo que um ceifador precisa, ser justo, corajoso e sensível com os outros, precisamos de mais como vocês, são pessoas raras de bom coração. Mas não vou obrigá-los a nada, em dois dias vou vê-los novamente, e espero que tenham uma resposta.
O ceifador soltou ambas as mãos que caíram imediatamente, deixando os jovens pensativos para trás, paralisados e totalmente sem resposta para aquilo.
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Aprendiz de um ceifador |VEGAS&PETE|
FanfictionSinopse "Todo ano os ceifadores têm direito de adotar um aprendiz, a quem devem passar todo o ofício do sagrado serviço e com ele a dura e respeitada tarefa de manter a ordem, uma tarefa que tem se tornado difícil com o passar dos anos." Onde, Pete...