III

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1:

Oito horas em ponto. Ok, lá estava ele, aguardando Sarah.

Logo em seguida, vê um Sedan preto virar a esquina. Sarah desceu apressada do banco de passageiros. Está chovendo forte, e ela fala algo para Josh. Vem correndo para o toldo, onde Charles a aguarda.

-Entre logo, vamos.

Era perceptível sua dificuldade para correr, estava em um salto agulha lá pelos 15 centímetros. Usava um vestido azul escuro, com tiras de pano pendentes da cintura, que chegavam até o joelho. A partir da cintura, o vestido rodava um pouco.

-Onde a senhora pensa que vai vestida desse jeito? - Disse em tom de brincadeira. Riram juntos, e Charles reviveu o doce som de sua risada.

-A família do Joshua vai fazer uma festa de despedida pra nós. Tenho que estar lá às 20:30.

-Ok, vamos rápido então. - Entraram pela porta de vidro na entrada do prédio, entraram no elevador, e foram até o 8° andar. Haviam corredores de pequenas mesas, cada uma com um computador em cima, sendo individuais. Chegam em uma sala particular cujo nome "Sarah W." está gravado em uma plaquinha acima da entrada.

-Puxa, aqui está uma bagunça... - Diz Sarah.

Ela entra e começa a abrir as gavetas, puxando pastas e papéis aleatórios.

-Pode ir ligando o computador para mim? - Ele então aciona a máquina.

15 minutos se passam, e tudo foi colocado dentro de caixas de papelão. -Vamos então?

Descem, e Sarah se despede.

-Tem algo que eu quero que você veja Charles. Está por aí - Cochicha no ouvido dele.

E então, ela entra de volta no Sedan. E lá se encontrava Charles novamente, apaixonado pela mulher que sempre amou, novamente.

2:

Charles vasculha a sala de Sarah, em busca do que quer que seja que ela tenha deixado para ele. Ele não conseguia deixar de pensar no que teria ocorrido.

Eles eram tão jovens, e mais ainda quando se conheceram na faculdade de Jornalismo. Ele investiu logo no começo a herança de seu pai no próprio negócio. Estava tão preocupado no sucesso que alcançaria, que simplesmente deixou ela escapar de suas mãos. Quando percebeu, ela já estava com outro, noiva, e casada.

As primeiras noites foram inconsoláveis, passadas no bar, em busca de que a bebida preenchesse o vazio deixado por ela.

Abriu todas as gavetas, arrastou todos os móveis em busca de um bilhete perdido. Olhou no batente da porta, lustre, e nada.

Eram quase 21:00 horas, quando Charles desistiu de achar naquele sábado, e foi embora.

Lembrou-se de outro caso que reportou:

Um homem ficou trancado dentro de seu apartamento durante 1 mês. Quando os bombeiros entraram, achando que ele estava morto devido ao mau cheiro exalado pela casa (o que gerou as ligações vindas dos vizinhos), simplesmente encontraram todos os móveis revirados, e restos de comida e fezes espalhados pela casa inteira. Tudo isso porque o homem estava procurando por um suposto "bilhete que sua amada teria deixado para ele antes de viajar para não mais voltar".

Mais tarde, o homem foi diagnosticado com Esquizofrenia, e internado em um sanatório. No sanatório, ele continuou sua busca incessável, chegando a matar uma das enfermeiras que ousou dizer que o tal bilhete não existia. Ele morreu quando foi encontrado afogado dentro da banheira do local, tentando por sua cabeça no ralo, em busca do bilhete.


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