Capítulo 7 - Penélope (2022)

65 12 97
                                    

"I've got some tricks up my sleeve

Takes one to know one

You're a cowboy like me"


Quando Penélope desceu as escadas, Marcos estava no telefone discutindo aos sussurros com alguém enquanto arrumava a sala. Giovanna estava sentada à mesa da cozinha, sem se importar em dar bom dia. Parecia chateada, e Penélope notou que ela prestava atenção na conversa do pai.

- Brigando com Lily? - questionou, e ignorou a pontada de satisfação que sentiu com a ideia.

- Pior, brigando com a mamãe.

- Aline, eu já disse que não. Meu Deus, qual é o problema? Você... - então ele as viu prestando atenção descaradamente na sua conversa e se levantou, indo para o quintal atrás da casa. A porta bateu atrás dele, mas Penélope não achou que tivesse sido de propósito.

- Por que eles estão discutindo? - ela serviu o café, se sentando. Ignorou a dor dos pontos, que pulsavam quando ela levantava muito os braços.

Giovanna parecia muito com o pai, o mesmo cabelo castanho cacheado e olhos redondos. Era bonita, e Penélope ficou curiosa para saber quem era a sua mãe.

O que quase tinha acontecido entre eles na noite passada tinha sido um erro, e foi bom ele ter evitado. Penélope já tinha mexido demais na sua vida voltando para ter que cometer mais alguns erros. Ele estava certo: ele estava noivo, era pai, tinha toda uma vida estruturada e bem diferente da dela. E ela não queria lhe envolver ainda mais em tudo isso.

- Eu tirei nota baixa em francês - resmungou - A prova foi num sábado, e o papai me deixou ir dormir na casa de uma amiga na sexta. Mas não é culpa dele, sabe, eu que fiquei pedindo até ele deixar.

- Eu posso te ajudar em Francês - ofereceu - Se você me fizer um favor.

Giovanna revirou os olhos.

- Nada vem de graça.

- Não. Mas eu só preciso que você me empreste um computador.

Giovanna lhe analisou com os olhos semicerrados e confusos, mas acabou concordando.

Ela tinha pensado muito se deveria ou não tentar contato com Franco. Uma grande parte dela ainda queria que ele fosse pro inferno por não ter feito mais para lhe ajudar. Se ela não fosse uma pessoa rancorosa diria que ele fez tudo o que pôde, e que não podia controlar as ações do seu irmão. Ele também tinha medo de Louis, afinal.

Mas Penélope era rancorosa. Rancorosa pra cacete. Se ele tivesse feito mais, se esforçado mais, ela não teria vivido o inferno que viveu no último ano. Se a amasse como prometeu que amava, nada daquilo teria acontecido. Ela nunca deveria ter acreditado nele, deveria ter ido embora sozinha quando teve a chance. Por sorte, nunca tinha amado ele. Se apaixonou, sim, mas nunca amou ele. Não foi tão burra assim.

Apesar disso, ela precisva da ajuda dele para se vingar de Louis, porque não podia contar com mais ninguém. Ele lhe devia isso, depois de tudo que passaram juntos. Depois de tudo que ela tinha passado. Quando a hora chegasse, os dois iam lhe pagar.

- Avon-nous an accord ? - pergunto para Giovanna. - Também vou precisar que você compre cigarros pra mim.

*

Ela passou a manhã em casa, sozinha. Marcos saiu para deixar Giovanna no colégio e disse que precisa fazer algumas compras. Penélope achou que ele só estava lhe evitando. Mal tinha falado com ela de manhã, depois que finalmente desligou o telefone.

Fúria (FINALIZADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora