Rael 🔫
Sai da boca junto com o Henry e fui para a casa dos meus pais. Era aniversário da minha avó e como ela ainda estava sentinda pela morte do meu avô, não quis festa.
Mas minha mãe falou que essa data não poderia passar em branco. Junto com a tia Lara, fez um almoço e depois teria um churrasco.
Quase ninguém tava no clima de festa. Depois do Ptk ter aparecido aqui e ter dito aquelas coisas para o Léo, ele ficou maluco. Foi atrás da Juliana no dia seguinte, mas ela não quis conversar. Mas ele conversou com a mãe dela, que falou que a Juliana tava bem, mas não poderia ter estresse algum por ainda não ter completado um mês de gravidez.
Falando em gravidez, tá cada vez mais complicado de aguentar a mudança de humor da Lívia. Eu amo aquela mulher, mas todo dia ela quer arrumar uma briga diferente. Isso cansa, desgasta um relacionamento que estava indo perfeitamente bem.
Henry: Tá pensando em que? - perguntou.
Rael: Nada, mano. Só em algumas coisas que aconteceram.
Henry: Tem ideia de quem esteja fazendo isso?
Encarei ele antes de abrir a porta de casa. Há alguns dias atrás, umas das nossas mercadorias foram pegas, ninguém sabe como. Nenhum dos motoristas sabem dizer como foi que aconteceu. Vinham várias encomendas para nós e apenas uma delas foi apreendida. Sorte que não veio nenhum bota pra cima de nós.
Henry ficou com paranóia de que foi alguém de dentro que fez isso e que está ao nosso lado na boca, até porque só quem sabia dessa encomenda era nós daqui do Alemão, especialmente só os da boca principal.
Rael: Não, mas fica mec, vamos descobrir logo. - ele assentiu.
Tínhamos que achar o culpado logo. Nem contei ainda ao meu pai sobre essa porra porque o prejuízo para nós foi grande. A nossa maior mercadoria de armas foi pega e perdemos muito dinheiro com isso.
Abri a porta de casa e algumas pessoas já haviam chegado. Cumprimentei todo mundo e sai para a área da piscina. Lívia tava sentada em uma cadeira de praia, passando mão na barriga.
Fui até ela beijando sua testa e beijei a barriga dela também, que já estava com um volume maior.
Olhei para frente e percebi que meu pai e meus tios estavam conversando afastados. Meu pai falava alguma coisa e o RK negava, assim como o BN. Menor só escutava e olhava para o nada.
Lívia: Tá tudo bem? - levantou o óculos de sol e me encarou.
Rael: Claro, porque não estaria? - deu de ombros.
Lívia: Sua cara não parece boa. - colocou o óculos de sol no rosto de novo e se deitou.
Rael: Não tem porque se preocupar.
Lívia: Você pode compartilhar os problemas comigo. Sou sua mulher, temos que dividir as frustrações, assim como compartilharmos a felicidade. - falou.
Dei graças a Deus que o humor dela tava ótimo.
Rael: É um problema que aconteceu na boca. - me aproximei dela e comecei a falar baixo. - A nossa maior mercadoria foi pega pelos policiais e isso nos custou muita grana. Quase ninguém sabia disso e o Henry acha que alguém do nosso lado está envolvido.
Lívia: E você não acha isso também? - me olhou.
Rael: Acho. Só nós da boca sabia disso. - vi meu pai se aproximar de nós. - Muda de assunto.
Lívia: Estou com fome. - se sentou. - Será que já está pronto o almoço? E que calor é esse? Meu Deus! Amor, vamos tomar um banho de piscina? Quer saber, vou comer primeiro. - se levantou. - Vem, amor. - pegou na minha mão, eu ri e me levantei.
Meu pai negou com a cabeça e entrou pra dentro de casa com a gente. O almoço já está a pronto e minha mãe começou a nos chamar para comer.
Tito: Depois eu quero conversar contigo. - bateu no meu ombro e balancei a cabeça.
Mesmo com todo mundo animado e conversando sobre várias coisas, eu não conseguia tirar da minha cabeça o que aconteceu. Se alguém que está trabalhando com a gente, estiver realmente envolvido e fez isso na nossa cara, como não vimos? E será que posso confiar mesmo em todos que dizem estar comigo? Certamente a resposta é não.
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Depois de cantar os parabéns e cortar o bolo da minha avó, todos saíram em direção da área da piscina. A carne começou a ser assada e todo mundo estava bebendo cerveja, somente a Lívia que estava na água de coco.
Léo só apareceu no final do almoço. A cara dele não negava que tinha perdido umas três noites de sono. Ele estava tentando resolver os bagulhos da faculdade, tava com muita coisa atrasada e pensou até em trancar. BN ficou doido e falou que não era pra ele fazer isso.
Alan: Que povo morto. - falou. - Oh, mãe, liga o som aí. - ela ligou.
Tia Ana ainda não tinha saído do morro, diz ela que ainda tá resolvendo uns bagulhos da casa que ela vai ficar. Mas ela e o Menor não estão mais embaixo do mesmo teto, ele está em outra casa.
Da pra ver que ele não concordou e ainda não concorda com essa separação. O cara não tira o olho dela um minuto se quer, e nem ela dele. Pra mim, ainda tem algo acontecendo. E o Menor deve saber, só não quer falar.
Marcos: E aí. - se sentou ao meu lado. - Coé, tenho um papo pra te passar.
Rael: O que foi?
Marcos: Tubarão falou que uma carga dele foi roubada. E aconteceu a mesma coisa com o DG, irmão dele. - encarei o Marcos. - Ele foi resolver uns bagulhos no morro e acabou contando isso. Falei pro Tito, mas ele disse que você quem vai cuidar disso. - levantei uma sobrancelha.
Rael: Meu pai falou isso? - confirmou balançando a cabeça. Suspirou. - Aconteceu a mesma coisa comigo.
Marcos: Papo reto? - assenti. - Puta merda. - passou a mão no rosto. - Bola um plano. Semana que vem vai chegar uma mercadoria de droga pra mim, talvez ataquem.
Rael: Quem cuida disso e sempre cuidou de mercadoria roubada e outras tretas que acontecem nos morros aliados é o chefe de tudo. Eu fui vítima também, não sei o que fazer. - Marcos me olhou sem entender. - O chefe da facção que cuida disso e que eu saiba, não sou eu.
Marcos não falou nada, só olhou pro Tito e olhou pra mim de novo. Depois balançou a cabeça concordando e bebeu um gole da cerveja.
Então não é só comigo que aconteceu. Ainda bem, assim me sinto menos culpado por não ter impedido e não ter cuidado disso. É claro que isso é ruim, perdemos muito lucro com isso, mas pelo menos não vou carregar esse peso sozinho.
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Dois dias do ocorrido e eu ainda não tinha descoberto nada. Já estava ficando puto e estressado com essa merda, além de ter brigado com a Lívia ontem.
Tá tudo um merda. Meu pai não falou porra nenhuma depois que contei pra ele. Só balançou a cabeça e saiu da sala. Desde então, nem tenho mais olhado pra cara dele.
Menor também não tem mais aparecido aqui na boca e o BN e o RK não querem me ajudar. Não sei o que porra tá acontecendo.
Desde que o Marcos falou que havia acontecido o mesmo com o Tubarão e com o DG, Paraguai relatou a mesma coisa, assim como o TJ. Todos os nossos aliados estão sendo roubados na cara dura e meu pai não tá fazendo nada.
Estão caindo matando em cima de mim e ninguém me dá uma ajuda. Se não fosse pelo Marcos que tirou todos eles de cima de mim, eu nem estava mais vivo.
Rael: Mas que porra! - gritei.
Alan: Calma, estressadinho. - entrou na minha sala. - Deu pra ouvir seus gritos lá de fora. - suspirei. - Teu pai quer que tu vá pra casa, tome um banho e se arrume, vai acontecer um bagulho lá no galpão nove dele.
Rael: O que? Porque ele não falou isso para mim?
Alan: Pergunta pra ele. - saiu da minha sala.
Mais essa agora. Bufei de raiva. Não estava afim de ir para lugar nenhum e nem vou. Só quero arrumar um jeito de tentar resolver isso antes que cortem a minha cabeça.
Não sei quanto tempo fiquei ali na minha sala, só me dei conta da hora quando o Érico chegou quase derrubado minha porta.
Érico: Caralho, tu ainda tá assim? Olha a hora, Rael, já estamos atrasados.
Rael: Pra que?
Érico: Alan não te passou a visão não? Teu pai exigiu sua presença no galpão nove dele a uma hora atrás e tu sabe como ele fica puto quando alguém se atrasa.
Rael: Se ele quisesse tanto minha presença, tinha vindo falar comigo pessoalmente. - resmunguei.
Érico: Deixa de drama, Rael. Vamos logo.
Rael: Eu não vou. - ele levantou uma sobrancelha.
Érico: Você vai sim! - pegou no meu braço e saiu me arrastando.
Eu poderia muito bem pegar minha arma e atirar nele, mas não fiz isso. Primeiro, o RK iria comer meu cu, segundo eu apenas não quis que ele me soltasse.
Descemos o morro e entrei em casa e a Lívia não estava lá e estranhei. Tomei um banho, vesti uma calça preta e uma camisa social. Certeza que era alguma festa ou sei lá, mas pelo modo que o Érico tava vestido, era algo chique.
Coloquei perfume e algumas correntes, calçei meu tênis e desci. Na sala, estavam o Érico, o Alan e o Henry, todos me esperando.
Érico: Até que enfim a madame está pronta. - se levantou do sofá. - Vamos logo antes que o Tito ligue de novo para nós, queremos nos estrangular. - me empurrou pra fora de casa.
Todos entramos no carro e o Alan ligou ele partindo em direção ao galpão.
Espero que seja algo muito importante mesmo. Estava quase chegando lá sobre o que fazer em relação aos roubos das cargas.
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Capítulo grandinho esse kk, mais tarde tem a continuação.