Hoje é Solstício Diamantino. Ou melhor, Natal.
Ele tem gosto de brisa marítima para mim. De assados na fornalha e bebidas geladas com um teor de álcool suficiente para nos pressionar a risadas intensas.
Embora, neste momento, eu só tenho uma espada nas mãos e o sonho nas expressões das garotas que tentam me acertar. Seus golpes nem chegam perto do tecido do meu vestido, muito menos da minha pele.
— Droga! Quase acertei ela! — Uma adolescente de tranças no cabelo crespo pragueja.
— Deveria tentar usar seus pés, não sua boca — aconselho, desviando das suas outras quatro parceiras, todas aprendizes novas da Academia de Lutas e Magia fundada por Mary.
É só o começo do projeto, mas logo todas estarão entre os batalhões oficiais.
— É impossível! — uma de doze anos exclama, desvio do seu avanço e a faço se chocar contra outra.
Contra-ataco as duas últimas que faltam, com o reflexo aguçado protejo a maçã da minha bochecha com minha espada, ao sentir uma lâmina chegar demais. Nego com a cabeça, afastando a menina com um solavanco.
— Não vale a pena acertar esses pontos, deveria começar por aqui — bato com a espada em suas pernas, quadris e barriga. — A menos que seu adversário esteja com uma armadura forte — desembainhando minha adaga na cintura, acerto o punho inofensivo contra o pescoço da outra aprendiz ao me virar, sábia ao avançar nas minhas costas. — Ou uma tola de apunhalar por trás.
A menina me dá um sorriso amarelo.
— O treino acabou. — A voz de Dalila faz meu coração se aquecer.
Dou o comando, observando quando as meninas carregam suas armas para fora do campo de treinamento no meu jardim particular. Suando e comentando alegres sobre o próximo treino com Max. Coitadas.
Seguro a barra do meu vestido, pesado por causa das peças de ferro no ombro esquerdo e no busto, desenhos imitando os brasões de mais de mil casas nobres delimitam o traje. Já o corset é tão confortável quanto necessário, o tom de lilás folheado me fez observá-lo por minutos no espelho. Uma escolha minha, e só minha. Visto que Missa não teve tempo de me enredar desde o funeral do meu pai, deixando a capital em duas semanas de luto silencioso desde a perda — para alguns, uma perda necessária, se minha mãe soubesse o que fiz para que Roberts não retornasse hoje — até começar os preparativos para uma nova ascensão ao trono.
— Deveria estar usando os sapatos que escolheu, — Dalila aconselha. — Disse serem confortáveis.
— E eles são. — Calço as botas, tirando os os pés da grama. — Se não fosse pelas adagas escondidas.
Dalila sorri, ajeitando uma mecha rebelde que se desprendeu do penteado na luta, colaborando para que os acessórios afiados desmanchem.
Identifico uma expressão diferente em seu rosto e procuro compreendê-la.
— O que se passa? — pergunto, tocando sua mão no meu rosto, feliz que esteja bem.
— Estou orgulhosa, minha menina — afirma, surpresa com meu desentendimento no assunto. — Está na hora da coroação.
Confirmo com a cabeça.
Então acompanho minha mais antiga aliada em direção à praça principal da capital, o ar rarefeito do carglus pressiona meu peito quando enxergo o mais amplo local que podemos encontrar, isso para tantos convidados e súditos. O cenário perfeito para o líder do Templo Solar abençoar o futuro do universo com todos os outros religiosos dos reinos. Assim como Durvi trouxe um pouco de sua cultura natalina, os portões abertos em homenagem ao fim da guerra. Navios circulam a baía dos diamantes enquanto descarregam mantimentos e suas próprias tradições.
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Lâmina Real
FantasyCom a posse do planeta Terra, mas princesa de Maglus, um planeta escondido, a jovem Mabel tem o deseja de ir para Terra e defender seu povo contra o reino dos sombrios durvis. Logo, infiltrando-se em uma missão arriscada de guerreiras de Maglus, Mab...