Embora eu queira ficar, não vou...

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Capítulo 8.

 19/10/2022. Baile.

Andamos por uns quatro quarteirões, observando as luzes dos postes e o restante das estrelas que sobrevivem a essa poluição e crescimento desordenado, o que me traz um pouco de calma.

— A, é aqui? — Pergunto.

— Você lembra? — Raul responde.

— E como. Era aqui que a gente ficava depois da faculdade. Bebida barata, jovens a flor da pele e muita piada ruim. Bons tempos! — Respondo.

— A vamos lá, somos jovens ainda. — Carolina nos puxava para o balcão.

Não é tão ruim assim, sinceramente acho muito foda, funk alto, pessoas com a moralidade em jogo, vamos aproveitar.

O baile continuava.

— Jo... Jota, vamos ali comigo. — Carolina falava gritando no meu ouvido.

— Tá. — Respondia gritando.

Carolina começava a puxar minha blusa enquanto caminhamos. Estávamos sincronizados com a música. Sinto que finalmente o musical da vida real vai começar, em algum momento tem que acontecer e agora é o momento certo.

— Jota, pode confiar em mim... — Carolina falava no meu ouvido e colocava a mão sob meu ombro.

— Não estou entendendo. Mas sinceramente não quero alguém agora. — Respondo.

— Não é isso. Pode falar sobre a Carla. — Carolina fala olhando para meus olhos.

— Não. — Respondo.

Carolina, tudo bem fazer isso. Mas não entendo por quê todo mundo tenta arrancar um pouco de mim. Sei que é por respeito e preocupação... Mas sinceramente não custa me deixar a decidir quando falar.

Voltamos ao balcão.

1° Shot.

— É, tem coisas que não tem como aceitar não. Escolheram um rato ao invés de uma criança. Que tipo de orfanato deixa essas coisas? — Falo.

— Mas pensa o quanto os pais vão lucrar. Queria eu ter um rato que fala. — Raul responde deixando seu copo no balcão e saindo mais uma vez para dançar.

— Raul tem razão nessa, crianças são muito complicadas. Um rato é bem melhor, não julgo os pais. — Carolina completava.

Faz sentido, eu também queria ter um rato que fala... Mas se ele falasse francês eu expulsaria de casa, nada de franceses ofendendo minha comida.

2° Shot.

— O som tá meio alto, e se a gente ficar surdo? — Carolina fala.

— Ou pior, imagina a gente fica só escutando essa música para sempre. Eu gosto dela, mas pensa escutar a mesma coisa o tempo todo. Começaríamos a confundir o que os outros falam, e se quando eu estiver trabalhando entender que me patrão quer que eu sente na Glock do dono da boca? — Respondo.

— Aí você senta, nunca perca essas oportunidades Jota. Empregos são difíceis de encontrar. — Raul falava chegando perto com uma garota abaixo de seu braço.

— Oi, meu nome é Jota. — Falo olhando para a moça.

— O nome dela é Milena. — Raul responde.

— Prazer, Beatriz.

— Isso... Beatriz. — Raul fala puxando ela mais uma vez para a pista.

3° Shot.

Luzes que decifram o amanhecer.Onde histórias criam vida. Descubra agora