A Flautista

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   Alguns dias se passaram desde o incidente com a flecha e sua quase morte. Naquele dia, Kierani acordou no mesmo lugar em que apagara, já era dia e não havia nenhum resquício da pessoa que o salvou, Rubi ainda estava ao seu lado ao menos.

   Desde aquele dia estava completamente intrigado com o ocorrido, queria achar seu salvador e agradecer por ter aparecido em local não frequentado por elfos, era um verdadeiro milagre.

   O jovem refletia sobre tal acontecimento caminhando rapidamente debaixo de uma forte chuva, Rubi estava guardada com cuidado por dentro da camisa do dono, e vez ou outra soltava grunhidos baixos reclamando do frio.

—Calma, aqui na região da tribo Eldar existem diversas tavernas espalhadas pelas trilhas, em breve chegaremos em uma.

   Se é ouvido mais um grunhido baixo vindo de dentro da camisa do meio-elfo. Ele corre mais depressa procurando avistar alguma taverna ou construção para que não ficasse mais encharcado, não que isso fosse um problema, não para ele, mas para a pequena salamandra talvez sim.

—Você nasceu e cresceu na natureza, chuva não deveria ser um problema—Ele para por um instante e retira a pequena de dentro da camisa a segurando na frente de seu rosto—Está brincando comigo?

   Diferente das outras vezes o animal fica em completo silêncio enquanto o rapaz encarava seus pequenos olhos.

—Queria poder te entender assim como você me entende—Ele bufa a colocando de volta no local em que estava—Ok, ok, faremos do seu jeito então.

   Ao erguer a cabeça para continuar seu passo apressado, ele nota uma luz forte ao final da trilha, era uma construção.

—Oh...finalmente—O entusiasmo era nítido em seu rosto—Vai finalmente se aquecer.

   Ele corre até chegar à taverna que estava um pouco mais na frente, e sem demora adentra o local afim de sair daquela chuva que estava começando a ficar mais densa.

   O local era grande, iluminado com diversas velas e lustres. Diversas mesas com cadeiras eram preenchidas por elfos completamente bêbados e famintos. O centro da construção era preenchido por um pequeno palco, onde normalmente aconteciam algumas apresentações com música para animar os convidados, porém no momento não havia nenhum músico fazendo seu trabalho.

   No canto esquerdo da taverna estava o bar, local mais aclamado pelos elfos que iam até alí, a maioria para encher a cara e esquecer que o caos poderia chegar a qualquer momento em suas vidas.

   Kierani se dirige até uma das paredes laterais onde possuía um banco vago e se senta, não gostaria de admitir mas estava exausto da longa caminhada.

   Antes que tivesse que chamar alguém, um garçom se aproxima para atendê-lo, as tavernas dos Eldar eram as melhores da região.

—Me traga sua bebida mais forte, por favor.
Com um largo sorriso o garçom se afasta indo novamente em direção ao bar.

   Rubi tenta sair de dentro da camisa ainda molhada do rapaz, porém é impedida.

—Calma, não sabemos ainda se eles têm algo contra animais, fique aí por enquanto—Ele coloca a salamandra de volta onde estava—Pelo menos aqui dentro está quente.

   O local fedia a vômito e suor, e muitas risadas ecoavam por todo o recinto. Pelo menos alí poderiam esquecer um pouco de tudo o que ocorria do lado de fora, era como um local seguro, todos felizes, como deveria ser.

—Gosto de tavernas porque aqui consigo diversas informações sobre as armadilhas de Kalazar, assim podemos partir em outra missão, na próxima tenho certeza que não vou falhar novamente—Ele diz baixo pois sabia que Rubi estava ouvindo.

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