A Rainha Morta | capítulo único

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Há histórias de amor simplórias que seguem em uma linha reta, sem drama e sem confusões

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Há histórias de amor simplórias que seguem em uma linha reta, sem drama e sem confusões. Há aquelas também que desviam um pouco do caminho, esbarram em alguma muralha, mas de alguma maneira consegue encontrar o caminho de volta. Como há aquelas outras trágicas, nada convencionais e que no fim só resta lágrimas para serem derramadas.

E há o romance de Pedro e Inês de Castro. Inicialmente, avassalador, no entanto tomou caminhos trágicos, sombrios e repugnantes. 

Tudo começara quando Pedro apaixonou-se pela filha de um nobre espanhol, dama de companhia da sua esposa. Claro que Afonso IV não gostara nada do romance do seu filho, por isso resolveu exilar a amante. No entanto, o príncipe não se deu por vencido. Logo quando a esposa de Pedro veio a óbito, ele foi atrás da exilada, declarou seu profundo amor e com ele concebeu quatro filhos. 

Não se engane, esta não é uma história de amor de arrancar suspiros e lágrimas de emoção. É um conto trágico cujo teor beira o repúdio. 

O rei português continuava desprezando o relacionamento do filho, de modo que reuniu-se com seus conselheiros para decidir quais medidas iria tomar. Em 1355, Inês foi decretada como uma ameaça à linhagem real portuguesa e a ordem dada foi a execução.

Simples assim, sem uma migalha de consideração, sem piedade, sem qualquer resquício de humanidade, o pai de Pedro matara sua Inês.

Inês estava morta e Pedro, enlouquecido, bradou o seu ódio pelos quatro cantos de Portugal e jurou vingar-se.

— Minha Inês — lamentou-se, jogado aos pés do túmulo da amada que fora enterrada na cidade de Coimbra. — Tantas promessas, tantas metas e juras… — soluçou. Suas mãos tremiam e suas pernas já não aguentavam o peso do corpo. 

Pedro e o rei entraram em um conflito armado que durou meses e somente chegou ao fim quando a rainha, Dona Beatriz. 

Dois anos depois, o rei de Portugal veio a perecer. Pedro nunca esqueceu Inês, nunca perdoou o pai e seu estado piorava a cada dia. Todos do palácio falavam pelos cantos que Pedro estava louco.

Pedro foi coroado o oitavo rei de Portugal e já com a coroa sobre a cabeça, Dom Pedro mandou caçar os três homens que assassinaram cruelmente sua Inês. Um não foi encontrado, porém os outros dois… Ah, o rei não teve uma gota de piedade sequer. Os malditos foram brutalmente assassinados, mas mesmo assim a dor e o ódio incendiaram o peito do rei.

Com a palavra do capelão e do criado, Pedro conseguiu legalizar o casamento, tornando sua amada a rainha póstuma. 

Pedro mandou construir dois túmulos magníficos, um de frente para o outro, um para ele e o outro para ela. Assim, a primeira coisa que veriam no dia que o Rei dos reis os chamassem para o julgamento final seria o rosto um do outro.

Aquilo não era suficiente. Estava longe disso.

Inês era a rainha, afinal. Precisava ser coroada.

Antes de ser colocada no novo túmulo, a rainha morta foi posta em seu devido trono. Não só isso, Pedro ordenou a cada um da nobreza portuguesa a realizar a cerimônia de beijar a mão da rainha. Se não o fizessem, não teriam cabeça no dia seguinte.

Inês pôde finalmente descansar em seu túmulo majestoso após as devidas honrarias. E Pedro, por sua vez, governou por anos anos, marcando o único reinado do seu século sem guerra.

Apesar da ausência de conflitos armados, a maior batalha estava no coração do rei que morria a cada dia sem sua amada.

Dez anos após a sua coroação, Dom Pedro foi enterrado no túmulo diante da sua rainha. 

Capa por KetleyHage

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