Capítulo 2 ✈️

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Point of view Rafaella

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Point of view Rafaella

– Eu vou como sua acompanhante no casamento.

As palavras saíram da minha boca antes que eu pudesse fazer qualquer coisa sobre isso. Eu não era assim. Isso quase nunca aconteceu.

Eu observei suas omoplatas ficarem tensas, a parte de trás de sua cabeça e pescoço endurecendo. 

Ah, foda-se. Isso não fazia parte do plano. Não que alguma vez tivesse existido um plano. No que diz respeito a Bianca, o curso de ação sempre foi pegar o que quer que ela me desse. Até agora isso não tinha sido amizade, ou mesmo uma camaradagem de trabalho. Longe disso, mas tudo bem. Foi o preço a pagar pela minha idiotice. Minha estupidez. 

E agora parecia que eu também pegaria algo que ela nem estava oferecendo.

Eu não tenho ninguém, Manu. Ninguém. 

Ouvir essas palavras de seus lábios foi tão satisfatório quanto enlouquecedor.

Como alguém como ela poderia não ter ninguém em sua vida? Como era possível que, nos quase dois anos em que trabalhamos juntos, eu nunca tivesse visto nenhum homem buscá-la no escritório ou ir a um evento de trabalho como seu convidado? 
Uma mulher como ela, sem ninguém para levá-la ao casamento sobre o qual ela estava falando com Manu. Parecia impossível. Mas ela precisava desesperadamente de alguém, ela disse, e um lado intrinsecamente básico de mim claramente queria se rebelar e intervir. Tirar esse problema das mãos dela. 

— Se você precisa tanto assim de alguém, eu vou. — Repeti na parte de trás de sua cabeça. 

Deus, o que eu estava fazendo? 

— Manu… — Ela começou, e embora não pudesse ver seu rosto, eu podia imaginar cada uma de suas feições perfeitamente. Lábios cheios se separaram. Lindos olhos castanhos se arregalaram. A pele macia corou. — Ela está mesmo ali? Você está vendo ela? Ou alguém batizou meu café sem eu notar?

A merda que saiu da boca dessa mulher ridícula e linda. Eu deveria ter começado a rir disso, mas não o fiz. Não fazia parte disso. Do que fazemos. Como estávamos perto uma da outra. Manu murmurou algo, então espiou ao redor dela e encontrou meu olhar.
 
— Oi. Bom dia! — Ela voltou sua atenção para Bianca e baixou a voz.
— Logo atrás de você.

Esperei alguns segundos, mas Bianca não disse nada. 

Paciência era minha bênção e minha maldição nestes dias. Dias que se transformaram nos vinte meses mais longos da minha vida. Às vezes, eu estava tão faminta por nossas interações, que eu inventava maneiras de criar uma, de dar nos nervos dela, de fazer aquela emoção em brasa brilhar em seus olhos. E, ao mesmo tempo, me contentaria em simplesmente esperar, dia após dia, semana após semana e mês após mês, aceitando o que quer que fosse entre nós. Foi excruciante. Gratificante. Exaustivo. 

— Devo repetir isso uma terceira vez? — Eu perguntei secamente. 

Nada veio dela. Mas eu conhecia essa mulher mais do que ela provavelmente jamais imaginara. Bianca era tão determinada quanto teimosa, mas também era corajosa e direta. Sincera. Ela era uma mulher que não tolerava a merda de ninguém. Muito menos, minha. E isso me deu uma vantagem. 

— Tudo bem, tudo bem. — Suspirei, exagerando o som.

Certificando-me de que seus botões foram pressionados. Garantindo uma reação. Vire-se, para que eu veja seu rosto.

— Você pode me levar — fiz uma pausa. — Para o casamento da sua irmã.

Seu corpo ficou ainda mais tenso. 
Minha bravura falhou, e por um instante eu quis retirar minhas palavras.  Bianca bufou. Ruidosamente. 

Eu arqueei minhas sobrancelhas.
— O que é tão engraçado?

Ela riu dessa vez, ainda sem se virar, como se tudo isso fosse uma piada. Um jogo. E eu sabia disso então. A resposta à minha pergunta anterior. 
Determinação como eu nunca conheci se solidificou em minha mente. Ela se instalou no meu intestino. Meu peito. Tudo isso enquanto cada pequeno momento entre o dia em que a vi pela primeira vez e agora brilhou atrás dos meus olhos.

Quando acordei esta manhã, não poderia ter previsto isso, essa mudança que acabei de empreender. Essa certeza eu tinha acabado de encontrar, mas eu sabia agora. Vinte meses tinham sido suficientes. Eu estava feita. 

Eu estava me oferecendo para levá-la àquele casamento, e ela imediatamente assumiu que eu estava brincando. Jogando. 

Não. Eu não queria mais ser aquela mulher para ela. Aquela colega que ela odiava e mal tolerava. 
Ela acreditava que precisava de alguém para assistir a esse casamento? Bem, esse alguém seria eu. Eu queimaria a maldita cidade de Nova York antes de deixar qualquer outra pessoa levá-la. 

— Estou falando sério — eu disse. E eu estava. Na verdade, eu nunca pensei que tivesse levado alguma coisa tão a sério na minha vida.

❤️✈️

Espero que estejam gostando da história, me dêem feedbacks!

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