Era mais uma manhã ensolarada de abril. Eu não sei explicar exatamente a sensação que eu estava tendo, mas era boa.
Me lembrava sutilmente da manhã em que acordei com a roupas do Fred, verdade, era semelhante a tontura gostosa que a poção do Louco causava no final do seu efeito.
Nos corredores saindo das masmorras estavam bem iluminados pelas águas do Lago Negro. Tão irônico. EU não via mais alunos indo para o café da manhã, talvez todos já estivessem lá. Quando pisei no Grande Salão, a iluminação até agrediu meus olhos. Achei estranho, não era muito comum eu sentir isso. Os rostos pareciam borrados, ou eu estava apenas ignorando a todos. Mas, o rosto de Sophia vindo ao meu encontro antes de me sentar era bem nítido, até demais. Ela estava com as bochechas bem vermelhas, ofegante, e um detalhe que raramente eu notava nela, suas pupilas dilatadas estavam lindas.
- Jenna! Onde você estava!? - Perguntou a amiga aos gritos, mas eu não tinha muita certeza. - Você está bem!? - Ela segurou meu rosto como se estivesse procurando alguma coisa, talvez o corte que as unhas da Lila me fizeram na tarde do dia anterior. - Quase rezei pro Deus Hanukkah para proteger você...
- Acho que você não entendeu nada sobre o judaísmo. - Disse tentando colocar a realidade em ordem na minha cabeça.
- Terei tempo de aprender mais, se sua avó não morrer antes.
- Acho que não vai sem antes fazer você entender. - Acho.
- Está bem, mas vem tomar café e me conta o que aconteceu.
Nos sentamos e eu senti um leve desconforto em alguns lugares do meu corpo, acho que abaixo do umbigo.
- Você está bem? Você foi na Ala Hospitalar ontem a noite? Porque eu fui lá hoje cedo e você não estava... Jenna, eu fiz merda. - Sophia passou as mãos no cabelo segurando a cabeça e dando um sorriso forçado, tinha algo nela interessante.
- Que tipo de merda?
- Eu quase enlouqueci. Ta certo que você escapa as vezes da Sonserina, mas depois de um surto eu fiquei preocupada. Não vi você saindo daquela confusão...
- Você estava muito ocupada.
- E fiquei muito mais tempo, mas me arrependo.
Sophia se sentou mais de frente pra mim, de uma maneira inadequada no banco, com as pernas abertas, e as saias do uniforme não atrapalha aquela postura. Consegui ver seus suaves joelhos e parte da sua coxa, me perguntei se ela sabia que aquilo era muito bonito.
Achei curiosa a minha análise nela, eu raramente me preocupa com sua postura ou o tom da sua pele.
- Promete não ficar brava comigo!? - Disse ela segurando meus ombros.
- Chega de pieguice, eu nunca fiquei brava com você, não vai ser hoje...
- E porque!?
- Conta logo!
- Então. - Começou ela soltando meus ombros, e apoiando as mãos no banco. - Depois que saí da Ala Hospitalar, no caminho, eu vi o Phillip, estavam com seu irmão, perguntei a ele discretamente... eu juro!
- Hum.
- Só perguntei se você estava com ele e ele disse que não e ficou preocupado, seu irmão estava estranho. Mas aí eu fiquei mais preocupada, ignorei eles, e fui na mesa da Grifinoria, e vi um dos gêmeos e perguntei se você tinha dormindo na Grifinoria... Sabe como é...
- Não.
- Olhei para mesa dos professores. - Disse ela se virando pra olhar novamente . - Olha lá, Snape chegou logo após você. Eu deduzi na hora, e notei que tinha me precipitado atoa.
- Eu entendo.
- Não deveria. Eu expus você.
- Relaxa, eu minto bem.
- Eu não acho.
- É porque você me conhece. Umbridge me interrogou ontem no começo do jantar... - Suspirei entediada e notei que a Coruja dos meus pais estava pousada na mesa, me encarando. - A quanto tempo o Lucky está aqui?
- Faz mais de meia hora. - Disse a amiga com olhar de preocupação.- A Umbridge fez alguma coisa contra você?
- Não, mas me pediu nomes. Ela sabia que eu estava com uma turma que anda com o Potter, tive que enrolar ela com a história dela virar diretora, e eu só falei da Cláudia.
- Ótimo! Quela cretina... Mas porque você está tão estranha? Sua noite foi tão péssima assim?
Não. Definitivamente não. Eu estava só exauta da "surra diferente" que eu havia levado naquela manhã. Eu não respondi a amiga, apenas olhei o pacote que eu havia recebido e a carta que eu notei ser da minha mãe. Ela raramente me escrevia. Sophia e eu lemos a carta juntas.
" Jenna, não se preocupa comigo, meu departamento tem seus próprios meios de sobreviver ao tempo e as agressões, tudo alí é misterioso. Não tente barrar seus amigos, todos vão sobreviver. Não me contacte! Não peça isso ao Snape! Vamos ficar bem, seu pai está seguro. Segue o pacote que me pediu."
- Sobreviver? Isso quer dizer que alguém vai..? Quais amigos?- Perguntou Sophia intrigada.
- Não sei do que ela está falando.
- Não sabe ainda.
Provavelmente ela teve uma visão e está tentando me alertar precocemente. O pacote era pequeno mas deduzi que minha mãe era ótima com feitiço, igual Sophia.
Só tomei um suco rápido e me levantei. Estávamos ficando atrasadas.
- Não vai me contar mais do seu sumiço?
- No almoço teremos mais tempo.
- Snape machucou você? - Perguntou ela nos corredores para a aula de herbologia.
- Existe machucado bom?
Sophia me olhou com uma expressão de pavor e dúvida, mas ficou pensativa.
- Jenna! - Era a voz de Gustav. Ele me alcançou nos portões próximos das estufas. - O que você fez!?
- Sabe que as vezes não é intencional. - Respondi para ele após me virar. Eu estava me referindo a explodir os vidros do bar.
- Cláudia foi torturda pela Umbridge! - Ele parecia arrasado. - O que você disse a ela?
- Ah. E como foi essa tortura?
- Você está de brincadeira? Você tem noção de como ficou as mãos dela? Se não fosse Richard dar a ela uma poção cicatrizante, provalmente estaria até agora sangrando.