CAPÍTULO 1

118 14 4
                                    

O dia em Awa'atlu estava tranquilo. Pescadores estendendo suas redes, outros lançando seus arpões. O chefe Tonowari e subordinados treinavam Jake Sully em sua montaria de guerra Skimwing, mas era mais como um aperfeiçoamento já que eles haviam passado por aquele processo há dias. Ronal e Neytiri partilhavam entre si o conhecimento de plantas e suas utilidades. Aonung, Tsireya e Rotxo nadavam ainda mostrando como o mar funcionava para Neteyam, Kiri, Lo'ak e Tuk. Todos executavam suas funções como uma rotina calma, até sons graves e potentes do búzio de alerta ecoarem pela ilha avisando a população. A última vez que isto aconteceu era a família de Jake chegando para pedir por refúgio.

No céu mais ou menos duas dezenas de Ikrans se aproximavam e isso deixou todos em estado de cautela. Aos poucos foram amontoando-se na faixa de areia. Tonowari e Jake se apressaram e tomaram a frente da multidão como bons lideres, embora Jake não tivesse qualquer autoridade para o povo Metkayina. Antes que os Ikrans desconhecidos pousassem, os jovens filhos dos chefes chegaram, Aonung e Tsireya ficaram ao lado direito do agrupamento junto com Rotxo, e Neteyam, Lo'ak e Kiri ficaram ao lado esquerdo, todos bem preparado para caso precisassem lutar.

A quantidade de Ikrans era grande demais para que todos pousassem na terra, então o povo viajante teve que pular de sua montaria a pelo menos um metro e meio do chão, os Ikrans fizeram sua revoada para as árvores e montanhas mais próximas. O clã Metkayina e a família de Jake Sully estavam espantados com aqueles indivíduos que estavam em sua frente, pois não tinham nenhum conhecimento sobre eles, eram completamente diferentes. Suas peles eram de um branco pálido com listras cinzas claras e olhos cristalinos, tendo apenas como características iguais os cabelos escuros, as mãos e os pés com quatro dedos. Foi uma descoberta impactante. O grupo forasteiro se abriu e um homem tomou a frente deixando claro que ele era o olo'eyktan, logo atrás dele veio a mulher. Aproximaram-se com segurança e ficaram em frente a tribo para os cumprimentar.

— Eu vejo você, Tonowari. Eu vejo você, Toruk Makto.

Os homens repetiram os gestos, porém ainda desconfiados.

— Sabe nossos nomes, mas desconhecemos o seu. Nunca soubemos de Na'vi como vocês. — Tonowari falou.

— Eu sou Luna Nui, e esta é minha companheira Malu... — Ela deu um passo a frente e os cumprimentou pelo gesto Na'vi. — Somos o povo da Terra chamado Honuamaya. Vocês não nos conhecem ou sabem qualquer coisa sobre nós porque não vivemos como vocês. Vivemos em um lugar protegido e raramente saímos. Isso só acontece quando é realmente necessário. Há séculos seguimos nossas vidas vivendo em harmonia, não pretedíamos chegar a este ponto de ter que aparecer, mas o assunto que me traz aqui é sério. — Luna Nui parecia tenso.

Tonowari olhou para Jake.

— No entanto, Luna Nui, não nos explicou como sabia nossos nomes, afinal nunca nos vimos. — Explicou o líder Metkayina. Neste meio tempo Ronal e Neytiri chegaram e se juntaram aos seus maridos, ambas ariscas.

— Não há necessidade de desconfiança. — Luna Nui levantou os braços em forma apaziguadora. — Pretendo esclarecer qualquer dúvida que tiverem tão breve quanto puder. Mas preciso que vocês nos acolham enquanto minha filha não chega, ela é razão de termos saído.

— Acolher? — Ronal se manifestou. — Por acaso vieram pedir Oturu? — Embora convivesse com a família Sully Ronal ainda não gostava da presença deles, era um trabalho em andamento. Neytiri sentiu o peso da pergunta, mas ficou calada.

Luna Nui que já sabia do comportamento antipático da Xamã apenas sorriu.

— Tem a ver com o Oturu, mas não estamos pedindo. Dê-nos um tempo e logo as coisas se esclarecerão. — Afirmou.

A PROFECIA - NETEYAM & KELAIOnde histórias criam vida. Descubra agora