Está bem, ela admitia que podia se acostumar àquela vida; deitada no trampolim da piscina do quintal, com um copo de chá gelado ao seu lado, uma bandeja de frutas, que tinha sido servida por um chefe de cozinha, em uma baixela de prata de verdade, decorada com folhas de hortelã.
Mesmo assim, não conseguia imaginar como Sasuke se sentia por ter crescido em um mundo como aquele. Mas também, como ele não conhecia outra realidade, era bem provável que nem ligasse para isso. Enquanto ela tomava sol, ele estava em cima do telhado do vestiário, preparando-se para saltar. Tinha subido lá como um ginasta e, mesmo a distância, dava para ver os músculos dos braços e do abdome.
-Ei, olha o meu salto.
-Só um salto? Só isso? Subiu até aí para dar um mísero saltinho?
-Qual o problema de um saltinho?
-Só estou dizendo que qualquer um pode dar um saltinho. Até eu posso dar um saltinho.
-Essa eu queria ver – disse ele, ceticamente.
-Não tô a fim de me molhar.
-Mas eu te convidei para nadar!
-É assim que as garotas como eu nadam! Mais conhecido como tomar sol.
Ele riu.
-Na verdade, não seria uma má ideia tomar um pouco de sol. Acho que o sol não sai em Konoha, não é mesmo?
-Está querendo dizer que estou branca?
-Não. Eu não usaria essa palavra. Acho que "transparente" seria uma palavra mais precisa.
-Nossa! Mas que gracinha que você é! Me faz pensar o que eu costumava ver em você.
-Por quê? Não vê mais?
-Claro que não! E se você continuar usando palavras como transparente para me descrever eu não vejo futuro para nós também - riu.
Ele pareceu avaliá-la.
-E se eu der um salto duplo? Você me perdoa?
-Só se o salto duplo acabar em um mergulho perfeito. Mas se você só conseguir dar um salto duplo e uma entrada desajeitada, eu posso até fingir ficar pasma, contanto que você prometa não me molhar.
Ele levantou uma sobrancelha e então deu dois passos para trás e uma para frente para ganhar impulso. Inclinou-se para frente e rodopiou duas vezes no ar, mergulhando na piscina com os braços abertos e o corpo ereto, quase sem arquear.
Era impressionante, pensou, mas não era totalmente surpreendente, dada a forma como ele se movimentava na quadra de vôlei. Quando retornou à superfície e se aproximou do trampolim, percebeu que ele tinha um ar de satisfação.
-Normal – disse ela.
-Só normal?
-Merece um quatro ponto seis.
-De cinco?
-De dez!
-Aquele salto merecia no mínimo um oito!
-Você pensa assim. Mas acontece que eu sou o juiz!
-E a quem eu recorro? - perguntou, tentando se segurar na beirada do trampolim.
-A ninguém. Esse é o resultado oficial.
-E se eu não concordar?
-Então, da próxima vez deveria pensar duas vezes antes de usar a palavra transparente.
Ele riu e começou a dar impulsos no trampolim. Sakura tentava se equilibrar.
-Para com isso. Não faz isso.
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A última música - SasuSaku
Teen Fiction+18 | 🌸🍅 Aos 17 anos, Sakura Haruno, vê sua vida virar de cabeça para baixo quando seus pais se divorciam e seu pai decide morar na praia de Sunagakure. Três anos depois, ela continua magoada e distante dos pais, particularmente do pai. Entretanto...