Dúvidas

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6 – Dúvidas.

Emmy estava sentada em sua escrivaninha como sempre debruçada sobre seu diário, estava escrevendo cada pequeno detalhe de seu passeio incrível com Dimitri, quando algo lhe ocorreu, tudo o que ele fez foi tão impressionante que acabou desviando sua atenção do fato mais importante, como ele conseguia fazer tudo aquilo? A parte em que ele dizia a Emmy que ela era apenas humana martelava em sua cabeça, o que ele queria dizer com aquilo? Ele não era humano? E se ele não era, o que era afinal? Não parecia que ele era algo maligno, porque se não como ele teria levado Emmy para a noite mais incrível, linda e romântica de sua vida? Eram muitas dúvidas, não sabia a resposta para nenhuma delas, mas uma coisa era certa, ele era poderoso, conseguiu sentir o poder dele em todas as vezes que ele a levou para um lugar diferente. Ele era alguma espécie de deus ou anjo? Dimitri era tão lindo e gentil, sim, possivelmente era um anjo, mas não tinha como saber, a não ser que perguntasse diretamente a ele, era isso, Emmy falaria com ele na próxima vez que o encontrasse, não que tivesse algum medo dele, mas era melhor saber com quem estava lidando, não é mesmo, sua mãe sempre lhe ensinou a não falar com estranhos, então era isso, faria uma avalanche de perguntas a Dimitri quando o visse.
Aquilo alegrou Emmy mais do que imaginava, não por causa das perguntas em si, mas sim, porque o veria novamente em apenas um dia.
Seu dia passou em câmera lenta, queria tanto que aquele dia e noite terminasse logo, para que pudesse ver novamente Dimitri, mas era isso afinal, o tempo passava devagar quando tudo o que se queria era que passasse voando, e ironicamente, passava voando quando queria que passasse lentamente. Emmy olhava o relógio metodicamente a cada 10 minutos, estava ficando louca ou estava ouvindo o tic tac do relógio extremamente alto em seus ouvidos? Aquele dia estava matando-a, quando finalmente tocou o sinal para ir embora, mal se despediu de sua amiga e correu para casa, como faria para dormir quando o que ela mais queria era ficar acordada? Se não dormisse Dimitri ficaria chateado, afinal Emmy era humana, como ele bem enfaticamente disse a ela. Foi então até seu armário de remédio no banheiro e fez o que achou a melhor idéia, tomou dois comprimidos de antialérgico, se aquilo não a derrubasse, nada mais a faria dormir.
O efeito do remédio foi tão forte, que na manhã seguinte quando levantou para ir ao colégio, estava meio dopada. Mal conseguia se manter acordada na aula, isso era bom, pensou ela, assim quando Dimitri aparecesse, ela estaria cem porcento descansada, e poderia viajar com ele sem problema algum.
- Emmy, você está bem? Me parece tão cansada.
- Estou sim, tive uma crise de alergia ontem a noite e tomei um antialérgico que me deixou dopada, só isso.
- Entendo. Mas...
- Mas?
- Faz algum tempo que você anda meio assim, distante, sei que aconteceram coisas trágicas em sua vida, mas você realmente está bem? Estou aqui se quiser conversar, você é minha melhor amiga.
- Suzy, obrigada por se preocupar, mas realmente estou bem. Ando meio distante porque estou me sentindo deslocada, parece que todos aqui se encaixam, menos eu, mas é só isso. Você é minha melhor amiga também, sei que posso contar contigo, assim como você pode contar comigo.
- Tudo bem amiga, mas você tem que prestar a atenção nas aulas, suas notas estão horríveis.
- Eu sei, eu vou estudar, eu acho...
- Emmy, posso te contar uma coisa?
- Claro Suzy, pode me contar qualquer coisa.
- Sabe o Eric?
- Sim, sei sim, o que tem ele?
- Então, eu estou gostando dele, o que você acha? Será que ele gosta de mim?
- Suzy, minha querida, eu não posso te afirmar nada, mas para você ter a certeza tem que conversar com ele.
-  Emmy, você tem toda razão e irei sim conversar com ele sobre o que venho sentindo .
- Suzy, se você gosta dele, então vá em frente amiga, só te peço uma coisa, por favor, não faça nada que você não queira só porque ele está te pedindo pra fazer.
- Pode deixar Emmy, não farei.
- Promete?
- Sim, prometo.
- Então amiga, vai com o coração aberto, se tiver que ser, vai ser.
- Obrigada Emmy. Até amanhã.
- Até.
Emmy mal se continha em si de ansiedade, fez de tudo para passar o tempo, não queria ficar olhando para o relógio, mas foi inevitável, e quando finalmente se deitou para dormir, estava toda arrumada, tinha tomado um banho demorado, colocou um vestido rodado bonito, passou seu perfume preferido e até arriscou passar um pouco de maquiagem, nada exagerado é claro, ela não gostava muito daquilo, mas ainda assim, passou um brilho nos lábios e um rímel nos cílios, aquilo destacou seu olhar e deixou sua boca bonita, quando se olhou no espelho, estava satisfeita com o que estava vendo, esperava que Dimitri também gostasse.
Ficou deitada na cama por alguns minutos, pensando quando ele iria chegar, quando sentiu o inebriante e inconfundível perfume de Dimitri preencher o ambiente.
- Sentiu minha falta, minha querida Emmy?
Emmy sentiu seu coração começar a bater acelerado, levantou correndo e foi até Dimitri.
- Você veio.
- Eu disse que vinha, não foi. Sempre cumpro minhas promessas, minha querida.
Emmy abriu um sorriso. Dimitri retribuiu.
- Então, para onde vamos dessa vez? Pensou em algum lugar?
- Hummmm, sim pensei. Vamos para Veneza, dizem que é um dos lugares mais lindos e românticos para se conhecer.
- Você quer um lugar romântico?
- Ah, é... quero dizer...
Dimitri sorriu, sua pequena humana era tão inocente, tão pura e quase infantil, que deixava Dimitri com um sentimento de ter em suas mãos algo tão puro e valioso que poderia se quebrar com o mínimo toque, se ele não a protegesse devidamente.
- Muito bem minha cara, então próxima parada, Veneza – Itália. Andiamo signorina, segure firme em mim, Bellissima.
Dimitri falava italiano, aquilo era muito encantador , deixava Emmy com as bochechas vermelhas.
Emmy sentiu Dimitri passar seus braços forte pela sua cintura, um arrepio subiu pela sua coluna, passou então seus braços pelo pescoço de Dimitri e chegou ainda mais perto, encostou sua testa em seu  peito e pôde sentir seu perfume, uma mistura de floral com amadeirado e com um toque de uma bebida alcoólica, whisky talvez, Emmy não sabia muito sobre bebidas com álcool, mas achou que esse era o cheiro de Dimi, afinal em todo filme de romance que ela já tinha visto, o protagonista sempre gostava de whisky, e seu Dimi parecia tirado de um desses filmes. Fechou os olhos e deixou que ele a levasse, quando abriu estava parada em uma pequena ponta que atravessa um dos canais de Veneza.
Os dois desceram pela ponte até chegarem a um pequeno píer, onde está encostada uma gôndola. Dimitri entrou na pequena embarcação e estendeu sua mão para Emmy.
- Venha minha signorina.
Emmy sorriu.
- Podemos entrar?
- Essa gôndola é de um antigo amigo meu, ele não se importará de me emprestar por algumas horas. Sente-se ali signorina, e vamos passear pelos canais de Veneza.
Emmy sentou no meio da embarcação, enquanto Dimitri se manteve em pé ao fundo e usando uma espécie de remo fino e comprido ele deu início ao passeio. Por onde a gôndola passava, Dimitri dava uma pequena aula de história do lugar, e Emmy ficava ainda mais encantada, porém Dimitri, por algum motivo desconhecido, ficou visivelmente tenso e interrompeu o passeio.
- Devemos descer aqui, e irmos para outro local.
- Agora? Estava tão divertido aqui.
- Eu sei minha pequena Emmy, mas devemos ir imediatamente. Tem um lugar que quero te levar.

Dimitri sentiu por um momento, quando passavam pelo centro de Veneza, o cheiro de Lissa, o que ela estaria fazendo ali? Se ela descobrisse Emmy, ela estaria em perigo. Então pegou Emmy e partiu para Amsterdã.
- Onde estamos?
- Amsterdã, aqui também tem canais como em Veneza. Podemos passear por aqui como estávamos fazendo lá.
- Aconteceu alguma coisa em Veneza?
- Porque diz isso, minha querida?
- Porque você ficou tenso e então corremos para cá.
- Não, não, não aconteceu nada, por favor, não pense mais nisso.
- Tudo bem, mas posso te fazer uma pergunta?
- Claro meu anjo.
- Olha, só preciso saber da verdade, ok.
- Ok.
Dimitri a olhou meio intrigado, o que ela poderia lhe perguntar? Sua pequena Emmy as vezes era tão fácil de ler, mas em alguns momentos, um completo mistério.
- Hum, assim, você a todo momento diz que sou humana, o que se supõe que você não seja, então, o que exatamente você é? Tenho algumas teorias.
- Hum, entendo. Poderia me contar suas teorias?
- A princípio, pensei que pudesse ser algum tipo de super-herói, mas descartei essa possibilidade, porque parecia muito ridícula, então pensei que pudesse ser algum tipo de deus ou anjo.
- E porque acha isso? Eu poderia ser um vilão.
- Não, não acho que esse seja o caso.
- Porque?
- Porque não vejo maldade em você, nenhum vilão teria seu comportamento, ou me trataria assim com carinho, ou teria a sensibilidade que me mostrou aquele dia em meu quarto, com isso suponho que seja algo bom. Claro que teve aquele dia que você me assustou muito, no meu sonho, mas depois pensando melhor vi que poderia ser de fato um sonho meu e não um sonho feito por você.
Dimitri ficou sério, ela estava escolhendo pensar nele como algo bom, mas ele era um monstro, era um vampiro assassino, o que ela pensaria dele se soubesse que se alimentava de sangue e que até já tinha tomado dela? Outra coisa que ficou martelando na cabeça de Dimitri foi, quando ela tinha tido um pesadelo com ele? Será que Lissa já sabia de Emmy? O cheiro dela em Veneza e agora isso, o que ele não estava sabendo? Precisava confrontar Lissa, não poderia deixar Emmy em perigo.
- Sinto muito minha querida, mas hoje o passeio será mais curto, preciso resolver alguns assuntos, mas prometo que volto.
- Ah, mas já? Você nem me contou o que é de verdade.
- Ainda não chegou a hora de revelar minha verdadeira natureza, mas prometo que em breve você vai saber.
Dimitri segurou Emmy e a levou de volta para seu quarto.
- Por enquanto minha linda Emmy, me prometa que não ficará sozinha a noite em lugares escuros? E se algo estranho lhe acontecer, me contará assim que me ver.
- Tudo bem, eu prometo. Mas o que está acontecendo?
- Não é nada, só estou preocupado com você, esse mundo é muito cruel com criaturas puras e inocentes como você.
- Não sou inocente.
Emmy cruzou os braços. Dimitri sorriu, estava ciente que Emmy sentia desejo por ele, mas ela era tão jovem e inexperiente que chegava a ser fofa a forma como ela olhava para ele.
- Eu sei que não. Tenho que ir. Fique segura. Eu volto em breve.
- Tudo bem. Não demore muito para voltar.
- Pode deixa minha linda.
Dimitri depositou um beijo breve nos lábios de Emmy e então partiu.
Emmy sorriu com o gesto e foi se deitar. Porém não conseguiu dormir de imediato. O que será que tinha acontecido para deixar Dimi daquele jeito? Algo não estava certo.

 O que será que tinha acontecido para deixar Dimi daquele jeito? Algo não estava certo

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