Nana95: Obviamente que eu prefiro muito mais uma comédia romântica do que alguma série sem pé ou sem cabeça alguma.
Beeps96: Não, não, não. Isso não é filme de verdade, por acaso alguém já te apresentou um tema chamado terror? É simplesmente incrível.
Nana95: Eu odeio filmes de terror, Jeongyeon, além de me deixaram com medo, deixam o meu estômago embrulhado.
Beeps96: Acho que você está vivendo errado, ou não te apresentaram os filmes certos ainda.
Nana95: Admito que assisti poucos deles, mas a maioria me causaram os mesmo resultados.
Beeps96: Tudo é uma questão de costume, hoje em dia eu assisto filmes de terror como se fossem um filme de comédia, na hora dos sustos eu começo a dar risada.
Nayeon começou a rir após ler aquela mensagem, imaginando como Jeongyeon conseguia ser tão corajosa aquele ponto. Pronta para digitar novamente a ela, viu sua irmã saindo do quarto ainda meio sonolenta, seus olhos se cruzaram assim que ela apareceu no fim do corredor, meio sem jeito ou como se não quisesse lembrar do ocorrido no quarto um pouco mais cedo, Seoyoon andou até a cozinha em silêncio, alçando uma vasilha e o cereal juntamente, não querendo chamar atenção mas sabendo que Nayeo olhava diretamente para ela.
- Então... - a mais velha começou. - Como você está?
- Bem, eu acho. - A menina respondeu voltando a caminhar até o seu quarto, Nayeon pensou que um passo de cada vez faria que sua irmã se abrisse inteiramente e verdadeiramente para ela, mas tudo levava tempo, muito tempo.
Beeps96: Posso te fazer uma pergunta?
Nana95: Claro.
Beeps96: Deseja viajar para qual país ou cidade?
Nana95: É uma ótima pergunta, vejamos... quem sabe o México algum dia. As praias de Cancún são lindas além de ser um país muito convidativo. E você?
Beeps96: Acho que para a China, ou para o Japão ainda não sei, os dois são interessantes para mim.
Nana95: E que tal um dia viajar pelo o mundo inteiro? Eu acho tão legal essas pessoas que viajam por aí, não tem um lugar fixo e cada país vira um pouco do da sua casa.
Beeps96: Corajosos pra mim são aqueles que comem escorpião no espeto!
Nana95: AI QUE NOJO JEONGYEON!
O sorriso de Jeongyeon foi tão sincero que a fez se assustar por alguns segundos, se sentia mais do que confortável em trocar mensagens com Nayeon, parecia que se conheciam a tempos em poucos dias de conversas, começando uma possível amizade e a tentativa de uma possível intimidade entre elas. Queria falar sobre a chuva de estrelas cadentes que teria, queria convidá-la, talvez a convidaria, mas não sabia se Nayeon iria aceitar, não queria arriscar nada, tinha medo de arriscar tudo no momento.
- Jeongyeon, eu sei que está acordada. Eu irei sair para resolver algumas coisas, e talvez o carteiro deixe algo para mim hoje, assine assim que ele chegar.
Carteiro era igual ter que descer ao hall do prédio e ela não queria, ela não queria ver ninguém, conversar com ninguém nem desejar boa tarde para as pessoas físicas, ela não queria.
Não falava a muito tempo, seu pai não pedia para que ela descesse, ao menos avisava para aonde estava indo, porque estava a tratando daquele jeito? Bem no dia na qual conhecera uma pessoa tão legal com ela.
- A-alô...? - foi com muita dificuldade que Jeongyeon atendeu o interfone, trabalhando na sua respiração para que conseguisse dizer algo sem soar como uma retardada.
- Boa tarde, o carteiro tem uma encomenda para o apartamento 1.235, poderia descer aqui para assinar?
- Só... só um minuto...
Ela se atrapalhou em colocar a chave na fechadura a derrubando sem querer. Fechou os seus olhos inspirando e respirando fortemente, controlando os seus batimentos cardíacos e juntando cada pedaço de senso e coragem que havia nela.
O pior que pode acontecer é alguém pegar o elevador junto com você.
Como se o universo filtrasse os seus pensamentos alguém segurou a porta do elevador, olhando para Jeongyeon meio curiosa e assustada, então a menina loira começou a tremer olhando diretamente para o chão. Nayeon por outro lado olhava para a sua vizinha como um imã, não conseguia desgrudar os olhos dela, era a segunda vez, em toda a sua vida que via Jeongyeon, e tinha um ar estranho, percebia as mãos trêmulas da garota mais alta e começou a se perguntar internamente se deveria ajudá-la ou puxar algum assunto.
Não fale nada, por favor, garota, não fale nada...
- O tempo fechou de uma hora pra outra, você percebeu?
Jeongyeon queria se jogar daquele elevador até bater a sua cabeça e morrer igualmente a sua mãe, não conseguia, não conseguia conversar com qualquer ser humano, para ela todos tinham um monstro dentro de si, que a qualquer momento pegaria uma faca e se mostrasse de verdade.
Nayeon aguardou a resposta, que nunca veio, se xingando internamente por ter puxado um assunto tão ridículo como aquilo.
Sobre o tempo? Fala sério, Nayeon!
Em silêncio as duas saíram no térreo, Jeongyeon dando graças a Deus, mas logo engolindo o seu pensamento quando viu o carteiro, se questionou o porque da mulher dos cabelos meio curtos caminhava na mesma direção que ela porém um pouco mais afastada, balançando a cabeça e mantendo o olhar no piso meio amarelado do hall, esperando que o carteiro achasse a entrega e desse o recibo para que ela assinasse.
- Vejamos... Yoo Min-Jun, aqui senhorita. Creio que seja filha dele.
A menina não respondeu, apenas escrevendo o seu nome e querendo correr para o elevador novamente.
Eu deveria ir pelas escadas, assim não encontraria ninguém...
Ela pensou, mas quando deu por si estava no cubículo de metal junto a sua vizinha novamente, que agora levava cartas junto a ela. Olhava os andares suspirando aliviada quando viu o décimo terceiro andar.
Só mais dois... apenas mais dois, Jeongyeon... você consegue...
Contra ela, o universo lançou algo que fizesse as duas se aproximarem, o elevador parou de uma hora para a outra dando uma parada brusca fazendo as duas meninas caírem sem jeito no chão, Nayeon por sua vez soltando um grito pelo o impacto e pelo o susto do que havia acabado de acontecer.
- Ah merda... - murmurou se levantando e rapidamente apertando o botão de emergência que havia ali. - Mas que droga de elevador inútil!
Perdida demais nos seus xingamentos e reclamações, Nayeon não percebeu que a outra garota se encolhia no canto do elevador com os olhos fechados e com um semblante apavorado em seu rosto, apenas quando sem querer Jeongyeon deixou um soluço um pouco mais alto escapar da sua boca foi que Nayeon percebeu a situação apavorada da menina.
- Ei, tá tudo bem, deve ter caído a energia do prédio, irá voltar a funcionar em breve.
- E... s-se não... - a loira não conseguia falar, estava apavorada demais, assustada demais para formular qualquer coisa.
Nayeon se sentou ao seu lado colocando uma das mãos nas suas costas começando a respirar altamente, tinha visto em um programa se caso alguém tivesse tendo um ataque de ansiedade respirar altamente e controladamente chamaria atenção da vítima que a imitaria se acalmando bem mais rápido. E foi exatamente o que aconteceu, Nayeon continuou ao seu lado fazendo um tipo de carinho em suas costas conforme a respiração de Yoo voltava ao normal.
- Viu só? Tá tudo bem. Iremos sair daqui logo logo, não se preocupe.
Elas não esperaram tanto assim, tudo voltou ao normal depois de um tempo, Nayeon ajudou Jeongyeon a se levantar e já na porta do seu apartamento, a mais alta olhou meio envergonhada para Nayeon, que pacientemente esperou até que a outra menina formulasse algo para falar.
- O-obri... obrigada por me ajudar.
Mas antes que pudesse responder a garota saiu correndo para o seu apartamento fechando a porta com força, Nayeon sorriu suavemente antes de entrar para a sua casa igualmente.