Capítulo Vinte e Dois

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Depois de receber um sermão sobre descuido do dr. Monroe, o médico da família, pego a nova receita e vou à farmácia comprar minhas pílulas. Chego em casa pouco antes das seis e me surpreendo por não encontrar Jisoo lá.

Tomo um banho, troco de roupa e pego o telefone na bolsa, revirando os olhos quando vejo vinte ligações não atendidas. Apago mais cinco mensagens de texto sem ler, sabendo que isso seria um erro e vou para a cozinha. Meu telefone começa a tocar de novo.

Abro a porta da geladeira, pego um pouco de vinho e decido que um pouco de bravura e resiliência é necessário. Isso está ficando ridículo.
Atendo.

- Alô.

- Lisa? - ele parece estressado em sem fôlego.

- Jungkook - respiro fundo, para adquirir confiança. - Não posso mais ver você.

- Não! Lisa, escute...

Minha bravura não dura muito tempo. Desligo, respirando fundo algumas vezes, enquanto sirvo vinho em uma taça, mas esbarro a garrafa na borda quando ouço batidas fortes na porta da frente.

- Lisa!

Fecho os olhos, procurando forças. Fui torturada ontem à noite por suas batidas incessantes. Os vizinhos vão ligar para a polícia.

- Lisa! - ele ruge, batendo de novo.

Caminhando com calma até a sala, olho pela persiana e vejo Jungkook olhando para a janela. Ele está descontrolado, mas não vou atender à porta. Ficar frente a frente com ele seria um erro terrível. Observo-o colar o telefone ao ouvido, e o meu começa a piscar outra vez, mas rejeito a ligação, o que o faz olhar para o aparelho com descrença.

- Lisa! Abra a porta!

- Não - sussurro, como se ele pudesse me ouvir. Quase tenho um ataque cardíaco quando vejo Sam estacionar o Porsche.

Jisoo desce do carro e se aproxima de Jungkook, que faz gestos com os braços como um lunático, enquanto Sam se junta a eles na calçada e afaga o ombro do amigo, para confortá-lo. Eles conversam por uns minutos, e então Jisoo os leva até a porta da frente.

- Meu Deus, Jisoo! - fico ali parada como uma idiota, ouvindo a porta se abrir, bater contra a parede e o som de passos pesados escada acima. Ele chega à porta da sala, a raiva em seu rosto se transformando em alívio antes de voltar à pura fúria. Seu terno cinza está perfeitamente alinhado e intacto, ao contrário dos cabelos despenteados e do suor escorrendo pelas têmporas.

- Onde diabos você esteve? - ele grita comigo, seu hálito literalmente passando por minhas orelhas. - Estou arrancando os cabelos!

Fico ali olhando para ele, sem saber o que dizer. Ele tem alguma ilusão de que devo satisfações? Jisoo e Sam se aproximam por trás, quietos e apreensivos. Olho para Jisoo e balanço a cabeça, louca para perguntar se ela gosta desse Jungkook.

- Vamos ao The Cock tomar um drinque - Sam diz, em voz baixa, pegando a mão de Jisoo e saindo. Ela não tenta impedi-lo. Vejo os dois indo embora, e mentalmente chuto seus traseiros covardes por me deixarem sozinha para lidar com esse louco.

Ele parece ter respirado um pouco e se acalmado, olhando para o teto, cansado, antes de voltar os olhos para mim. Eles me penetram profundamente.

- Alguém está precisando de um lembrete?

O quê? Devo ter esfolado o queixo no tapete, de tão boquiaberta com o que ele disse.

- Não! - grito, passando por ele e indo para a cozinha. Preciso daquele drinque! Ouço Jungkook me seguir, me ver colocar o telefone no balcão e pegar a garrafa de vinho. - Você é um babaca completo! - berro, servindo o vinho com mãos trêmulas. Estou fervendo de raiva. Viro e o encaro com o olhar mais diabólico que consigo. Ele tem uma reação, o que me enche de satisfação. - Você conseguiu o que queria. Eu também. Não vamos estragar a merda toda - disparo. Não consegui o que queria, nem de longe, mas ignoro a voz que grita na minha cabeça. Preciso acabar com isso antes que seja ainda mais arrastada para a intensidade que é Jeon Jungkook.

          

- Olha a boca, porra! - ele grita. - Do que você está falando? Eu não consegui o que queria.

- Você quer mais? - engulo meu vinho rapidamente. - Bem, eu não quero, então pare de me perseguir, Jungkook. E pare de gritar comigo! - parto para a brutalidade, mas devo ter soado muito patética. Algo vai ter que funcionar.
Bebo mais um gole do vinho, dando um pulo quando a taça é arrancada da minha mão e jogada na pia. O som do vidro se quebrando que invade o ar me causa aflição.

- Você não precisa beber como se tivesse quinze anos! - ele grita.

Meus punhos estão cerrados ao lado do corpo e uso toda a minha força de vontade para me acalmar.

- Saia daqui! - berro. Minhas tentativas estão falhando miseravelmente. Estou ficando agitada, desesperada.

Eu me encolho quando ele dá um rugido frustrado, socando a porta da cozinha, deixando uma marca na madeira.

Com os olhos saltados e os lábios firmemente fechados, não posso fazer nada senão observar sua reação feroz à minha rejeição. Ele vira para me encarar, as mãos tremendo de leve e me olha bem no fundo dos olhos.

Caramba, deve ter doído. Estou prestes a ir até o freezer pegar um pouco de gelo, mas ele vem para cima de mim. Apoio as mãos na borda do balcão atrás de mim e o vejo se aproximar até ficarmos um de frente para o outro, suas mãos sobre as minhas, me prendendo com eficiência.

Respirando pesadamente no meu rosto, ele me olha feio e depois seus lábios se chocam contra minha boca. Meu fôlego é literalmente tirado de mim, e me contorço, tentando me libertar dele. O que está fazendo? Na verdade, eu sei o que está fazendo. Ele quer me dar um lembrete. Estou ferrada.

Ele aperta mais ainda os lábios nos meus, mas não aceito seu beijo. Fico repetindo para mim mesma que vou me magoar mais ainda se aceitar, sei que vou. Tento me libertar com menos afinco dessa vez, mas ele rosna, as mãos prendendo as minhas ainda mais. Não vou a lugar algum. Minhas tentativas desesperadas de detê-lo estão sendo seriamente minadas pela sua determinação em me render.

Sua língua traça uma linha em meu lábio inferior, e continuo negando acesso, tremendo ao tentar lutar contra as reações que provoca em mim. Sei que se ele conseguir entrar será fim de jogo, por isso mantenho os lábios travados enquanto imploro mentalmente que ele desista.

Quando ele liberta uma de minhas mãos, instantaneamente pego seu bíceps para empurrá-lo para longe, mas não adianta. Ele é muito forte e determinado. Meus esforços para me soltar não surtem o menor efeito.

Ele segura meu quadril, e dou um pulo, mas sou aprisionada contra o balcão. Estou completamente encurralada, mas ainda recuso seu beijo de modo desafiador, mantendo os lábios bem apertados. Viro a cabeça para o lado quando ele dá uma brecha.

- Mulher teimosa - ele resmunga, beijando meu pescoço, lambendo e mordiscando, desenhando círculos longos e úmidos até chegar à minha orelha e morder o lóbulo.

Fecho os olhos, implorando ao meu autocontrole que resista a esse toque irresistível. Meus dedos cravam em seu braço tenso, e meus lábios continuam cerrados por medo de deixar escapar um grito de prazer.

Sua mão deixa meu quadril e segue lentamente pelo meu ventre, seguindo o cós dos meus shorts.

- Por favor. Por favor, pare.

- Pare você, Lisa. Pare. - Introduzindo o dedo no tecido, ele desenha, da esquerda para a direita, linhas lentas, suaves e calculadas enquanto prossegue com a invasão de seus lábios na minha orelha e no meu pescoço. Eu poderia chorar de frustração.

O Amante - LiskookWhere stories live. Discover now