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Um ano Antes - Londres, Inglaterra

Algumas memórias são mais vívidas e completas do que outras. Esse é o caso dos primeiros dias que eu conheci James. Lembro que tudo começou de maneira bem inocente - para mim pelo menos. Nós conversávamos tranquilamente e não era difícil manter o assunto fluindo. Em pouco tempo James já estava me incluindo no grupo de amigos dele e nós saíamos juntos quase todo final de semana. Dentre esses primeiros dias, o que eu mais lembro é a primeira sexta-feira.

Eu cheguei tarde e exausta em casa depois de ter passado a semana inteira aprendendo a mexer em equipamentos e entendendo a dinâmica do laboratório. Assim que eu destranquei a minha porta, a porta do apartamento ao lado do meu se abriu.

- Oi, Oli - James me cumprimentou com um bom humor que eu já sabia que era típico dele.

- Oi, James. Alguma coisa está cheirando bem - eu comentei quando uma brisa trouxe um cheiro de comida delicioso do apartamento dele.

- É meu jantar - ele disse. - Você já comeu?

- Não. Eu planejava comer agora.

- Então você está convidada. Eu tenho o suficiente para duas pessoas - ele disse com um sorriso amigável.

- Ah, eu não quero incomodar.

- Você não vai incomodar. Já está tudo pronto. Eu coloco mais um prato - James me assegurou. - Eu só vou descer para pegar uma correspondência e já subo.

Eu hesitei na porta do meu apartamento, mas decidi aceitar o convite porque estava morrendo de fome e não estava com energia para cozinhar. Além disso, James parecia tão convidativo e sincero que seria grosseria não aceitar.

- Nesse caso, tudo bem então. Obrigada - eu disse e tranquei minha porta de novo.

- Sinta-se em casa. Eu já volto.

Eu entrei no apartamento dele e a minha primeira impressão foi que era mais organizado do que eu esperava - mais organizado do que o meu inclusive. No quesito de ambiente, nossos apartamentos eram iguais. A entrada era um corredor com uma meia parede à direita (no caso do meu era à esquerda) que fazia comunicação com a cozinha, a porta do quarto no final do corredor e uma sala com televisão, sofá e uma mesa com cadeiras separadas da cozinha por uma bancada.

Porém, o organização do apartamento do James não foi o que mais me surpreendeu. O que me intrigou foi que eu não encontrei sinal algum da namorada dele por perto. Eu sabia que ele tinha uma porque o status do Facebook dele dizia que sim, assim como várias fotos do Instagram.

Mesmo assim, não havia uma única foto com ela no apartamento e nem objetos que poderiam ser femininos ou que acusavam a presença frequente de uma mulher. Talvez eles fossem um casal muito independente e discreto. Ou talvez as evidências da presença dela estivessem no quarto. De qualquer forma, eu me senti segura me aproximando do James justamente porque ele tinha uma namorada. Eu achei que por estar comprometido, ele não teria outras intenções comigo. Se ele fosse solteiro, as coisas teriam sido diferentes. Eu teria entendido as intenções dele logo no começo e teria me protegido muito mais.

Eu estava distraída absorvendo os detalhes do apartamento dele e não o ouvi chegando. Só me dei conta que ele já havia voltado quando ele perguntou:

- Encontrou alguma coisa interessante?

Eu me assustei e me virei. James estava pegando pratos de um armário.

Aquela Noite no HotelOnde histórias criam vida. Descubra agora