Havíamos chegado na casa da Margot, e aquela multidão juvenil entusiasmada me fez querer voltar para a minha casa.
Eu tentei mascarar o meu desconforto com relação a festa, mas sempre que eu sentia o puro cheiro do álcool ou jovens que passavam por mim em bandos e baforando fumaça na minha cara, eu me segurava para não ter um treco.
Meus amigos perceberam o meu desconforto, mas tentaram levar adiante até que eu falasse alguma coisa, contanto eu não falei. Lyn segurou a minha mão enquanto nos aproximávamos da porta da casa da Margot e eu sorri para a mesma.
Quando chegamos na porta, me perguntei quem iria tocar a campainha. Quando no mesmo instante, uma garota morena dos cabelos longos e ondulados que estava visivelmente bêbada abriu a porta com a finalidade de sair, mas ela hesitou em surpresa quando nos viu.
Ela passou o olho por nós três e o seu sorriso tornou a reinar em sua face serena.
— Vocês chegaram agora? — a garota perguntou como se fôssemos conhecidos.
Ela estava tão bêbada que não deve ter muita consciência do que estava fazendo.
— Sim. Acabamos de chegar. — Lyn respondeu e ela continuou com o seu sorriso contagiante.
— Meu nome é Jenna, e sejam bem vindos a maior festa do ano da Margot Harris. — ela falou nos dando espaço para que entrássemos na mansão gingante da Margot, e então entramos.
Não pude deixar admirar a enorme e elegante estrutura da mansão. E só pela vista, da para saber mais ou menos o quão bem de vida é a Margot Harris. E que por falar na mesma, ainda não o vi por esses arredores, e espero não ver muito cedo.
Não seja boba, Layce. Essa mansão é enorme, mas não é infinita.
Falei para mim mesma.
Eu estava tão entretida olhando a mansão da Margot que nem percebi que a Jenna ainda estava com a gente.
— Você é muito lindo, Harry. — a garota flertou com o Holden que revirava os olhos impaciente com a insistência da mesma.
— Eu já disse que o meu nome é Holden! — ele falou ainda impaciente nos fazendo rir.
— Tanto faz. Vamos lá pegar uma bebida comigo. — disse Jenna posicionando os braços nos ombros do Holden.
Ela estava com uma roupa decotada que definia o seu corpo e valorizava os seus seios, fazendo o Holden corar quando acidentalmente deu de cara com os mesmos.
— Acho que não...
— Tá, vamos logo! — Jenna disparou interrompendo o mesmo impaciente e em seguida puxou o meu amigo para onde quer que estivesse a bebida.
— Bom, sabe que o seu amigo vai ficar ausente por alguns minutos... ou horas, não é? — Norman me perguntou e eu assenti com um sorriso. — vou pegar uma bebida, vocês querem também? — ele insistiu mudando de assunto.
— Com certeza, meu amigo. Você demorou para perguntar. — Lyn brincou fazendo o mesmo rir e então ele me encarou como se esperasse uma resposta.
Estava tão acostumada a andar com pessoas que me conhecem extremamente bem, que me esqueci que eu preciso me "apresentar para pessoas novas".
— Não, obrigada. Eu não bebo. — respondi.
— Não bebe ainda. — Lyn disparou em seguida e eu revirei os olhos com a brincadeira da mesma.
— Tudo bem, vou deixar passar porque é a sua primeira festa com a gente. — Norman falou com um sorriso divertido em seu rosto, deixando eu e a Lyn sozinhas naquela mansão gigante.
Tocavam apenas músicas eletrônicas e quando uma acabava, vinha outra logo em seguida.
Como se estivesse tudo cronometrado.
Estava escuro, mas não o bastante para que não pudéssemos nos ver. Luzes azuis, vermelhas e verdes coloriam o espaço festivo, juntamente com uma nuvem de fumaça que eu não sabia se era proposital para enfeitar a festa, ou se eram das pessoas fumando.
— Então, vamos dançar? — Lyn sugeriu com empolgação enquanto se apressava nos seus passos de dança perfeitamente ritmados com a música.
— Eu não sei dançar. Acho melhor não. — respondi.
— Não tem o que saber. É só se mexer conforme o ritmo. — Lyn falou enquanto fazia uma demonstração rápida tentando me encorajar a dançar. — e eu sei que você prefere dançar aqui, sem ninguém te olhando. — ela aproximou-se da minha orelha. — do que está como aqueles caras fumando ou bebendo. — a mesma concluiu olhando para um bando de garotos aleatórios que fumavam.
Ela tinha razão.
Eu jamais iria aceitar beber ou fumar, então não custava nada dançar já que eu estava aqui. Inclusive, ninguém iria prestar atenção em mim, ainda mais nesse escuro.
Em seguida eu acompanhei a Lyn na dança e ela sorriu satisfeita para mim.
— É isso aí. Você arrasa, garota! — ela falou entusiasmada dançando mais ainda e eu a acompanhei.
Por incrível que parecesse, eu não estava me saindo tão ruim. Mas ainda sim agradeci por aquela sala estar escura o bastante para que ninguém prestasse atenção em mim.
Estávamos tão empolgadas dançando e nos divertindo que esquecemos do Norman que ainda não havia voltado, e quando percebemos, paramos de dançar assim que a Lyn olhava ao redor para tentar encontrá-lo.
— Onde será que esse garoto se meteu? — Lyn olhava para todos os cantos, para ver se avistava o mesmo. Mas nessa luminosidade, acho pouco provável. — Layce, fique aqui que eu vou atrás dele. Eu volto logo! — ela falou e saiu rapidamente entre a multidão. Ela saiu tão rápido que mal pude protestar a sua decisão.
Eu não queria ficar sozinha nessa festa. E nesse momento, implorei para que o Norman, ou até mesmo o Holden me encontrasse por aqui, mesmo que eu soubesse que não aconteceria com facilidade.
Essa mansão é enorme. Não é ilimitada, mas é gigante.
Nesse momento eu xinguei a mim mesma por ter resolvido deixar o meu celular em casa. E em um impulso de desespero, decidir ir atrás deles.
Eu estava tão nervosa que mal estava enxergando o caminho. E dificultava ainda mais, porque haviam muitas pessoas dançando e que sem querer, eu me esbarrava.
Eu não caminhei muito de onde eu estava. Mas eu parei em um lugar estranhamente mais vazio, onde eu podia respirar um pouco fora da multidão e consequentemente, tentar avistar os meus amigos.
— Procurando alguém, linda? – falou uma voz grave me fazendo parar ao chamar a minha atenção.
Virei para o lado e me deparei com um garoto sentado sozinho em um sofá. Assustada, eu me aproximei lentamente para poder enxerga-ló melhor e então eu olhei mais atentamente e vi que era o cara dos olhos verdes do colégio.
Droga! Estava esquecida que ele estaria aqui.
— Estou procurando os meus amigos. — respondi com desdém voltando a encarar a festa.
— Você parece perdida, quer sentar aqui comigo até eles aparecerem? — ele me perguntou e mesmo sem o encarar, eu percebi pelo seu tom de voz que ele falava com um sorriso presunçoso e sedutor em seu rosto.
E aquilo que deixava desconcertantemente nervosa. E eu odiava aquilo.
— Eu não estou perdida. — falei seca enquanto o encarava. — e obrigada pelo convite, mas prefiro esperar por eles aqui mesmo. — continuei enquanto voltava a encarar as pessoas dançando e se divertindo a minha frente.
— Eu vi você dançando. E devo dizer que te achei incrível. — ele falou me deixando surpresa e envergonhada.
Fui pega por uma onda de calor que queimava as minhas bochechas me fazendo corar. Por sorte, aqui estava escuro.
— É... obrigada. — respondi ainda sem jeito e ele soltou uma risada controlada que me fez encara-lo novamente.
— Posso saber qual é a graça? — perguntei irritada.
— Você tem vergonha de mim? — o garoto me perguntou com um sorriso debochado que me fez perder a paciência. Mas eu me controlei.
— Eu, com vergonha de você?! — falei enquanto soltava uma risada debochada para mascarar o meu nervosismo. — está sonhando? — perguntei e então o sorriso presunçoso do mesmo se desfez e ele me encarou com curiosidade.
— Então você me odeia. — ele falou.
— O quê? — disparei às pressas. — não, eu não te odeio. Eu nem te conheço, como vou te odiar? — perguntei ao mesmo e então ele continuava me analisando com curiosidade enquanto eu me xingava mentalmente por eu ter dado aquela resposta desesperada.
Logo o garoto sorriu.
— Então se você não tem vergonha de mim e nem me odeia, porque não senta aqui comigo até os seus amigos voltarem? — ele me perguntou com um sorriso malicioso em seu rosto e então eu parei surpresa.
Eu não sabia o que responder.
Poderia dizer que porque eu o acho repugnante, esnobe e um conquistador barato que pega todas as mulheres que quiser. Mas por incrível que pareça, eu não sentir vontade de falar essas coisas para ele nesse momento.
Eu não disse nenhuma palavra, apenas assenti e seguir em direção do mesmo. Me aconcheguei no sofá ao lado direto dele, e ele não me disse nada, apenas me estudava silenciosamente. Como se estivesse planejando algo a me dizer.
— Por que você estava fugindo de mim na escola? — ele perguntou me deixando surpresa.
Mas no mesmo instante, mascarei a minha surpresa com um sorriso confuso.
— Como assim eu estava fugindo de você? — perguntei para o mesmo, afim de manter o meu disfarce. Mas ele não engoliu a minha mentira. — por acaso você estava me vigiando? — perguntei com um sorriso desafiador enquanto via o sorriso do mesmo se desfazer em surpresa. Ou talvez uma certa vergonha.
Eu virei o jogo.
Não demorou muito até que ele me encarasse com um sorriso provocador em seu rosto. O sorriso que eu odiava.
Não contive a ação de revirar os olhos, enquanto ele se divertia com a minha reação.
— Então você confessa que estava fugindo de mim? — o garoto insistiu me deixando irritada.
— Por que ainda estamos insistindo nesse assunto? — perguntei irritada e o mesmo logo percebeu, mas o garoto deu de ombros.
— porque eu sinto que você não gosta de mim. — ele me falou com o sorriso ousado de sempre.
— E eu sinto que você está me enrolando para não responder a minha pergunta. — falei firme, com um tom de repreensão. E então ele respirou fundo.
— Você tem razão. Eu estava mesmo desviando o assunto. — ele respondeu sério, se recompondo. O que me pegou levemente de surpresa. — sim, eu estava te vigiando. — o garoto confessou me deixando novamente surpresa.
E então eu parei nervosa.
— O quê, por que?! — perguntei em disparada sem pensar, no calor do momento. E então ele me encarou fixamente nos olhos e tornou-se sério.
— Porque eu te achei muito linda e... interessante. — ele respondeu se aproximando de mim e pude sentir o cheiro do seu hálito de menta e álcool. — e desde aquele dia em que eu te vi no refeitório... puta que pariu! Eu não parei de pensar em você. — o garoto continuou me deixando paralisada e sem ação.
Eu estava completamente surpresa enquanto o encarava surpresa e nervosa.
Eu não sabia se ele estava mentindo para conseguir alguma coisa comigo ou se ele estava dizendo a verdade. Mas independentemente que fosse a resposta, eu estava constrangedoramente desconcertada.
Eu tenho certeza que estava com as bochechas vermelhas de vergonha, e eu nunca fui tão grata pela pouca luz de um ambiente de festa. Mas o garoto não parava de me encarar e tive medo que ele pudesse me ver corada mesmo nesse escuro.
Em seguida, eu me recompus.
Como eu iria acreditar em um cara que eu mal conhecia? Um garoto do time de futebol do colégio que anda com os meninos esnobes e as patricinhas metidas? Um menino que tem todas as garotas que quiser aos seus pés?
Além do mais, ele está bêbado. Sentir o cheiro de álcool vindo dele.
A balinha de menta não serve para enganar ninguém, principalmente eu.
— Eu, linda? — falei enquanto dava uma risada debochada. — você só pode estar bêbado mesmo. — concluir ainda com deboche e então, ele se aproximou de mim colando o seu corpo contra o meu, e ao mesmo tempo, ele segurou o meu rosto em suas mãos. Me obrigando gentilmente a manter o meu olhar nele.
— Em primeiro lugar, eu bebi sim, mas não estou bêbado. Você saberia se eu estivesse, pode acreditar. — ele continuou ainda me encarando sério. — e em segundo lugar, nunca deboche de si mesma. Você é gata para caramba. — disse o mesmo.
Em um impulso de vergonha, eu me afastei do mesmo e ele permaneceu me encarando como se estivesse estudando as minhas ações e reações.
— Obrigada pelos elogios. — falei enquanto sorria sem jeito. — ninguém nunca me elogiou tanto como você. — continuei ainda mantendo distância dele.
— Até parece mentira. Como ninguém nunca elogiou você antes? — ele me perguntou.
— Ah, talvez ninguém seja cego igual a você. — brinquei, mas ele não sorriu. Ele se aproximou de mim novamente, como se estivesse determinado a algo.
— Eu já disse para não fazer isso com você mesma. Você é gata. — ele desceu o olhar para o meu decote que deixava exposto parte dos meus seios e abriu um sorriso malicioso. Eu corei instantaneamente, me sentindo nua. — e hoje... está incrivelmente gostosa. — ele falou enquanto desceu mais o olhar parando nas minhas coxas, e rapidamente eu me pus de pé.
— Bom... obrigada por me fazer companhia, mas eu preciso ir atrás dos meus amigos agora. — disparei nervosa enquanto o meu coração disparava estranhamente.
— Você não vai esperar por eles? — o garoto me questionou confuso.
— Sim. Mas pensando bem, eles nem devem ter ideia de onde eu estou. Já que eu sair do lugar onde nós estávamos da última vez. — respondi sem jeito enquanto o garoto apenas sorria gentilmente.
— Você tem razão. — ele pôs-se de pé. Ficando de frente a mim. — é uma pena que você tenha que ir. Eu realmente gostei de passar esse tempo com você. — o mesmo continuou.
Mais uma vez eu não sabia se eu estava lhe dando com a verdade ou com uma mentira bem convincente.
Embora eu não queira admitir, mas eu julguei o garoto pelo o que eu vi e o que eu achei dele. Na verdade, eu não sabia de nada dele, e poderia estar cometendo uma grande injustiça com o rapaz. Embora que eu também pudesse estar certa.
Mas estar aqui nesse momento com ele, realmente foi bom. Apesar dos apesares.
— Eu também gostei de ficar aqui com você. — falei e então ele me encarou com um brilho no olhar e um sorriso presunçoso em seu rosto.
— Espero que possamos fazer isso mais vezes. Sem que você fuja de mim de novo, é claro. — ele brincou e eu abrir um sorriso fraco, e logo, eu entrei na brincadeira dele:
— Eu vou tentar. — falei fazendo o garoto rir genuinamente, e em seguida, se aproximou de mim lentamente enquanto me encarava.
Eu não me movi, pois era impossível me mexer enquanto eu estava paralisada e tomada por uma onda mista de timidez e nervosismo.
Ele abriu um sorriso provocador ao ver minha reação. Era como se ele gostasse de me ver tão vulnerável e aquilo me assustava.
— Você é incrível, sabia? — ele me perguntou enquanto posicionava as suas mãos na minha nuca. Deixando apenas os polegares acariciarem gentilmente as minhas bochechas.
Eu estava ali, parada. Completamente incapaz de fazer qualquer coisa que fosse.
Era como se eu estivesse hipnotizada por aqueles olhos verdes acastanhados que tanto que chamou atenção. Era como se ele fosse uma correnteza que insistisse em me levar, e eu não conseguisse lutar contra. Eu só deixei que me puxasse.
Eu estava tão perdida naquele momento que mal percebi que ele se inclinou para me beijar, mas rapidamente eu me soltei do mesmo.
Ele me encarou confuso, mas curioso.
Era como se esperasse alguma explicação minha, mas eu não pude dar, eu não conseguia.
Olhei ao redor e percebi que todos na festa nos encaravam, o que me deixou mais nervosa ainda e quando eu voltei a encara-lo ele ainda me olhava como quem esperasse uma resposta, mas tudo o que eu conseguir falar foi:
— Desculpa. Me desculpa mesmo. — falei antes de sair correndo da mansão e ele ou qualquer pessoa daquela festa me dirigisse alguma palavra que fosse.
E assim que finalmente eu sair da mansão, eu orava mentalmente para que os meus amigos tivessem igualmente presenciado a cena e estivessem vindo atrás de mim. Porque a única coisa que eu queria era sair daquela mansão.
Eu precisava ir para casa.
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ILEGAL - vício da paixão
Romance"Eu nunca pensei que um ser humano podia despertar tanto desejo e vontade ao ponto de me fazer bem, mas ao mesmo tempo ser a minha perdição, a minha morte lenta." Uma simples garota de quinze anos recém chegada a cidade se aventura na sua nova vida...