Capítulo 13

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LALISA

Ela foi fiel à sua palavra. Pelo menos parcialmente. 

Eu a “vi lá embaixo” depois que ela passou meia hora se refrescando. 

Não tinha certeza de que tipo de refrescamento ela fez, mas quando voltou para baixo depois, havia algo frio e intocável sobre ela. Na verdade, ela até mesmo alisou os traços dourados do meu toque de seu vestido. Frente e verso. Como se estivesse tentando apagar o que aconteceu.

Mas não. Isso não fazia sentido. Ela o iniciou. Desde o início, sempre foi a única a iniciar. Inferno, ela literalmente pediu por isso, exigiu que a fodesse bem ali em plena exibição de qualquer um que pudesse passar pelo foyer.

Droga, se não tivesse sido o melhor sexo da minha vida também. Tanto que meu pau ficava meio duro sempre que a via ou mesmo sentia seu cheiro no ar se ela passasse. 

A questão era que ela fez questão de evitar estar em qualquer lugar perto de mim pelo resto da noite. Passou todo o seu tempo envolvendo as esposas que vieram, então indo para a cozinha ou conversando com os garçons, o tempo todo evitando Robert.

E eu.

Só cheguei perto o suficiente em um ponto para estender a mão, puxá-la para o corredor e exigir saber o que estava acontecendo quando minha maldita irmã entrou, já meio bêbada com uma garota que nem tinha tentado ir elegante com um vestido rosa brilhante com recortes no quadril.

Não consegui desviar o olhar de Haru ou de seu par pelo resto da noite, para que elas não dissessem ou fizessem algo que comprometeria o negócio. Diabos, apenas tê-las ali já era embaraçoso o suficiente. Precisava ter certeza de que elas não tornariam as coisas ainda piores do que já eram.

Mas por causa disso, de alguma forma Roseanne conseguiu não apenas desaparecer da multidão, mas se esconder em algum lugar mesmo depois que ela se dispersou. Ela ficou escondida até que todos os funcionários saíram. Mas antes que pudesse descobrir seu esconderijo, avistei suas lanternas traseiras quando ela saiu da calçada.

Deveria estar exausta. É verdade que Roseanne cuidou de toda a preparação para o evento, mas eu não era uma pessoa festeira por natureza. Portanto, toda a socialização tinha sido estranha e desgastante. Em qualquer outro momento, teria caído na cama imediatamente depois, dormindo.

Em vez disso, porém, me vi sentada em meu escritório com uma bebida na mão, tentando descobrir o que diabos havia acontecido com Rosé. Essa era outra novidade para mim. Nunca fui alguém que analisava sua interação com alguém que eu tenha ficado. Bom, ruim ou indiferente. Nunca houve razão para analisá-lo por que nunca significou nada.

Isso também não deveria significar nada. Mas, de alguma forma, acho que significou. 

Queria dizer a mim mesma que era só porque éramos explosivas uma com a outra, que nunca me senti tão alegre antes, nunca tinha gozado tão forte na minha vida. 

Mas depois de dois drinques, arrastei-me para o meu quarto, tirando as roupas que ainda tinham o cheiro dela por toda parte, e caindo na cama com uma percepção: não era sobre sexo.

Quero dizer, claro, era um fator. Sexo sempre era um fator. Se você estava tendo, se não estava, era sempre algo a se considerar. Mas sexo não era a única razão pela qual não consegui tirá-la da minha cabeça, era?

Havia algum tipo de conexão entre nós, algo que era excitante, mas confortável ao mesmo tempo. Tenho sido viciada em trabalho ao longo da vida. Sempre me senti mais confortável no escritório do que em casa. De alguma forma, porém, saber que Rosé estava lá me deu algo pelo qual ansiar. Tinha encurtado os dias de trabalho várias vezes na semana desde que ela começou a trabalhar para mim.

          

Disse a mim mesma que era só porque queria assistir às câmeras, ver o show que ela estava fazendo para mim. Era isso, é claro. Não vou negar. Pensei muito com meu pau quando se tratava de Rosé. Mas era mais do que isso. A casa parecia mais confortável com ela ali. Era surpreendentemente bom ter alguém com quem conversar, mesmo sobre merdas banais da casa, ou mesmo ouvi-la me criticar implacavelmente sobre a arte da casa.

Nunca tinha compartilhado minha vida ou casa com uma mulher antes. Gostei mais do que tinha direito. Especialmente porque ela não me pertence. Não queria que ninguém me pertencesse. E certamente nenhum de meus funcionários.

A questão era, porém, que estava reconsiderando meus sentimentos sobre o último ponto em algum momento entre a piscina e a sacada do saguão. Claro, o sexo era bom. E, em minha opinião, sexo bom era uma busca digna na vida.

Mas era mais do que isso.

E queria que continuasse a ser mais do que isso. Acho que nunca considerei o fato de que talvez Rosé não se sentisse da mesma maneira.

Mas depois que o terceiro dia de trabalho passou após a festa com ela conseguindo de alguma forma me evitar a cada passo, não importa quão implacavelmente tentasse pegá-la por um minuto, acho que não havia como negar que ela estava absolutamente me evitando.

Mas por quê?

Por que se arrependeu do que fizemos? Ou por que ela terminou comigo assim que fizemos isso?

Talvez para ela fosse tudo sobre a provocação, a perseguição, a emoção da preparação, mais do que realmente selar o acordo. Depois que todas as provocações e perseguições terminaram, e os orgasmos se acomodaram, talvez tudo tivesse acabado para ela. Talvez ela quisesse partir para a próxima conquista.

Inesperadamente, uma sensação cortante de punhalada perfurou meu peito com esse pensamento, aguda o suficiente para ter minha mão levantada, esfregando meu coração.

— Qual é o problema, irmã, está encolhendo mais alguns tamanhos? — Haru perguntou, entrando no meu escritório, parecendo de ressaca e desalinhada.

Mal resisti à vontade de perguntar se ela tinha começado o trabalho com aquela aparência, sabendo que isso só levaria a uma briga, e simplesmente não tinha energia ou recursos mentais para lidar com isso naquele momento.

— Fofa. — disse, em tom seco, pegando o envelope que ela me entregou. — O que é isso?

— Não sei. Veio por correio hoje. Rosé veio me pedir para assinar.

Então ela conversaria com Haru, aparentemente procuraria por Haru, mas não a mim. Sua evasão definitivamente não estava em minha mente. Uma olhada no remetente me disse tudo que precisava saber. 

— Você não vai abrir?

— Não.

— É importante o suficiente para exigir uma assinatura, mas não para abrir?

— Correto.

— Tudo bem, — disse Haru, suspirando. — Estou saindo.

— Parece que você precisa dormir mais do que ter outra noite fora.

Merda.

Me arrependi no segundo que saiu da minha boca. Porque em três minutos, como sempre, estávamos quase gritando uma com a outra. 

Nunca demorou muito para chegarmos ao ponto de levantar vozes e desenterrar velhos problemas. Não importava quantas vezes tivéssemos feito isso, ou quanto ressentimento as velhas discussões já haviam causado em nosso relacionamento. Simplesmente não parecíamos capazes de ser calmas e racionais uma com a outra.

Voyeur - Lalisa G!pWhere stories live. Discover now