Os dias convivendo com Nonna e precisando fingir ser um casal apaixonado transformaram-se em semanas, três longas semanas em que já não sabiam se realmente ainda estavam encenando ou sendo verdadeiros. Eduardo deu uma trégua em suas provocações, dormir juntos os aproximou mais pois puderam ver que nenhum dos dois eram inimigos, e sim cúmplices. Porém, ainda com uma relação mais amigável e sem muitas discussões, nada além de respeito mútuo acontecia entre o casal.
Naquela manhã quente, quando a velha mulher partiu de volta para a Sicília, ambos puderam finalmente relaxar.
— Mamma mia! Achei que ela não ia ir embora nunca mais... — comentou o homem, jogando-se ao sofá da sala de visitas — Sabe o que isso significa?
— Sua avó é um doce, mas confesso que também já estava ficando meio enjoada — Também sentou-se, o encarando com a testa franzida — Significa que podemos voltar a dormir em quartos separados.
Ele a encarou, pensativo. Havia esquecido que poderiam voltar a sua vida de casamento de fachada e talvez ele não quisesse voltar a dormir sozinho.
— Ah, sim, isso também. — pigarreou — Mas significa que ela queria ter certeza de que não estamos mentindo. Se fingirmos bem, então em pouco tempo ela pode me devolver a posse do hotel e da casa.
— Aw... e se não fomos bem? — perguntou, inocente.
— Não precisa se preocupar com isso — ele se levantou e estendeu a mão a ela, claramente querendo que o acompanhasse — Vem.
— Ir? Onde? — perguntou, já aceitando sua mão.
Ele não respondeu, apenas a guiou até o quarto que dividiam, a fez esperar enquanto buscava algo em seu closet e retornou com uma pasta amarela de papel nas mãos: — Toma. Tive tempo nessas semanas para buscar o que me pediu.
Confusa, Dina folheou a pasta e encontrou ali informações, fotos, dados... tudo sobre o homem que poderia ser seu pai.
— Aí meu... — murmurou, ainda incrédula — Você achou ele! — riu. A ficha aos poucos foi caindo e a euforia foi tomando conta da mulher, que não fez cerimônias para abraçar o marido como agradecimento — Grazzie, grazzie!
Eduardo não conteve o riso ao vê-la tão contente, tampouco deixou de retribuiu o abraço: — Não foi nada, bela...
Bela. Despina nunca o ouviu chamando assim, por isso o olhou surpresa ao se afastar. Seus olhares se cruzaram e ambos pareciam petrificados com a aproximação.
— Enfim — retomou Eduardo, pigarreando — Só fiz minha parte do trato, então não precisa me agradecer.
— Sim, o trato... — Murmurou ela — Aqui diz que ele vive em Roma, mas é muito longe pra ir de carro.
— É, mas eu tomei a liberdade de entrar em contato com seu irmão e descobri que eles estão passando a primavera em uma cidade há duas horas daqui.
O olhar de Despina se acendeu novamente quando soube que poderiam ir até seu pai, e mais ainda quando percebeu que tinha um irmão: — Espere. Eu tenho um irmão? Tipo... filho do meu pai?
Eduardo assentiu em resposta: — Eles nos convidaram para passar a tarde lá. Só precisa arrumar algumas roupas e nós vamos.
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O veículo possante cor de sangue estava estacionado na entrada do pequeno palacete e o casal aguardava os anfitriões na ala principal. Estavam em pé lado a lado, com as mãos entrelaçadas devido ao nervosismo da platinada.
— E se ele não gostar de mim? E se nenhum deles gostar de mim? Eu sou só a filha bastarda, não devia ter vindo... — sussurrava ela ao marido — Vamos voltar enquanto é tempo.
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Romano
RomancePerséfone e Despina são irmãs inseparáveis desde a adolescência, quando uma tragédia as fez ficar mais unidas. Já adultas, ambas embarcam em uma viagem para a Itália na intenção de recuperar suas raízes e acabam por encontrar amores do passado. Nes...