Pintura

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Algumas horas depois, acordei em minha cama, no meu aposento na caverna novamente. Só que, dessa vez, Namor estava lá comigo ao meu lado.

- o que... aconteceu? - perguntei o olhando calmamente.

- você desmaiou Maya, depois de quase ter morrido afogada. - Namor falou também calmamente. - está se sentindo bem?

- sim, Estou sim. Não precisa se preocupar.

Nos olhamos juntos por alguns segundos e então, a lembrança do nosso beijo veio em minha mente e então fiquei corada e abaixei meu rosto. Ele é claro, percebeu e sorriu para mim.

- o que foi? No que está pensando? Está vermelha igual a uma anêmona rsrs.

- nada, não foi nada...rs

Eu me sentei na cama. O olhei novamente porém meu olhar entristeceu.

- Namor...olhe onde chegamos. isso precisa parar. Eu amo os meus amigos em Wakanda, eles são pessoas boas. Porém...esses dias que passei aqui vi que todos vocês também são bons, e cuidam uns dos outros. Isso não pode continuar assim! - falei para ele e peguei em seu rosto. Ele encostou sua testa na minha e respirou calmamente.

- eu não quero machucar os Wakandanos Maya. Porém, uma deles invadiu a minha cidade, atirou em uma membro de Talokan...

Nesse momento, lágrimas se formaram em meus olhos. Minha consciência ficou pesada. Aquilo tudo era minha culpa. Eu jamais deveria ter enviado aquela carta para Nakia.

- me desculpe Namor, eu sinto muito por Chánza! - falei e então chorei. - Sinto muito pela...

- ela está viva Maya. - ele falou e me olhou esperançoso e sorriu para mim.

- viva?? É verdade? não está brincando comigo?

- sim. Chánza está viva, porém ela perdeu muito sangue. Está sendo cuidada pelos curandeiros em Talokan.

Eu chorei de felicidade quando ouvi aquilo.

- graças aos céus!

- Maya, eles atacaram uma membro da minha fortaleza e me tiraram você. Eu não poderia admitir isso!

- mas, eu uma hora vou ter que voltar você sabe disso. a minha avó... já conversamos sobre.

- Maya, eu não quero que retorne para nenhum canto. Eu quero que fique aqui comigo. Eu preciso de você aqui. levei muito tempo para finalmente poder te encontrar depois de muitas eras e muitas luas...Não pretendo te perder novamente! - Namor falou e eu o olhei tentando entender o que ele quis dizer com a última frase.

- como me encontrar? Desculpa eu não entendi. - perguntei e ele ficou em silêncio e virou seu rosto.

- Maya, se eles tentarem levá-la novamente, se eles tentarem invadir minha nação...eu vou atacar novamente!

Eu fiquei em silêncio. Porém, uma rápida idéia veio na minha cabeça.

- olhe, quero te pedir uma coisa Namor.

- o que seria exatamente?

- por favor, vamos entrar em um acordo.

- que acordo seria esse?

- Por favor, Namor... eu estou disposta a ficar aqui com você. Com vocês, se assim for possível. mas eu quero que você me deixe ir a Wakanda sempre que eu quiser. E sempre que eu quiser ver a minha avó, você me levará até ela.

Namor ficou calado por alguns segundos.

- tudo bem Maya. Mas com uma condição.

- tudo bem. Qual?

- me dê sua palavra que não vai tentar fugir de mim novamente.

- bom, eu...

Namor me olhou esperando alguma resposta fixa.

- sim. Tudo bem então. Eu te dou a minha palavra.

- ótimo. Então, selamos aqui o nosso acordo.

- selamos? - perguntei curiosa. - como selamos?

Ele sorriu para mim e então se aproximou e novamente me beijou.

Namor era gentil e carinhoso quando queria ser. E esse era um dos principais motivos que me fizeram começar a gostar dele. De quem ele era.

                               ***

Duas semanas se passaram. Em Wakanda, graças a tecnologia dada pelo vibranium que se encontrava nas terras deles, T'challa, sua mãe a rainha, junto de Shuri e Nakia trabalharam incessantemente pelo bem-estar e recuperação dos danos causados pelo ataque de Namor em Wakanda.

T'challa estava pensativo. Ele, sua mãe e os anciões estavam decidindo sobre o que fariam relacionado a Namor. Todos eles viram o quanto os Talokanianos eram fortes e quase imortais em combate. Eles também estavam decidindo se tentariam me trazer de volta ou não. Nenhum de nós queríamos outro ataque. Mas apesar de tudo, todos estavam bem.

Em Talokan, Namor e eu  estávamos cada vez mais próximos. Namor era bastante ocupado mas ele sempre arranjava alguns minutos de seu dia para ficar comigo, perto de mim e sempre conversávamos bastante. Chánza havia sobrevivido. Ela estava se recuperando e estava fora de perigo. Attuma estava cuidando dela. Namora se reuniu com seu príncipe, Attuma e seus conselheiros depois do ataque para ver o que poderia ser feito. Namor não queria uma guerra contra Wakanda.

Na superfície, T'challa também não queria algo que trataria destruição para os dois povos. E assim, tanto o conselho de Talokan quanto os anciões e o rei de Wakanda, decidiram que um acordo de paz, uma aliança entre os dois povos seria mais do que suficiente.

Namor havia descido para Talokan. Ele estava mais uma vez em reunião com seus dois generais, líderes e conselheiros para depois repassar tudo ao seu povo. Eu estava quieta em meus aposentos, quando eu senti uma vontade imensa de explorar mais aquela caverna da qual eu já estava quase praticamente morando. eu estava tentando achar uma forma de resolver as minhas questões pessoais tais como a minha avó, meu emprego e claro como eu falaria para os meus amigos em Wakanda que eu ficaria ali a partir de então.

eram tantas coisas que eu estava pensando no momento, que quando dei por mim já estava na entrada da casinha aonde Namor costumava pintar. E ele era um excelente artista. Eu fiquei ali parada observando cada obra, cada pintura dele feitas pela mão do próprio. ele desenhava muito bem cada ilustração, que contavam a parte da sua história. coisas que eu não tinha reparado muito bem, até dias atrás pois, eu ficava o tempo todo com medo de que ele faria algo a mim. mas agora, que praticamente estávamos mais próximos eu queria descobrir o que podesse dele. Eu fui me aproximando da parede e enquanto eu caminhava devagar e passando a minha mão em cada ilustração daquela, admirando.

Então, já no fim da parede do lado esquerdo, tinha uma única parte já quase perto do chão imperceptível aos meus olhos, ou aos olhos de qualquer pessoa que passasse ali naquela sala. era um desenho de Namor com uma criança em seus braços.

Mares Do Destino (Con La Brisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora