Capítulo 8 - Sarah

1 0 0
                                    

Quinta-feira. Eu estava sentada na frente do meu computador, na Krathus, parecendo que levei uma surra. Meu corpo doía, minha mente parecia que tinha sido atingida por uma bomba nuclear e meu cabelo não estava colaborando nenhum pouco. Garanto que se eu tivesse bebido até cair, a ressaca seria mais leve. Pois eu estava com uma ressaca psicológica. Se isso existisse. Mas se existe, eu estava com ela. Pode apostar.

Eu acordei ainda cansadas daquele dia maluco de ontem. Na verdade não sei se meu cérebro entendeu que era para acordar, contudo, meu corpo levantou da cama. Tomei banho e vesti a primeira muda de roupa que achei em meu guarda-roupa. No caso, uma calça jeans acinzentada, com corte reto, uma blusa branca soltinha e um cardigã bege. Uma maravilha. Simples, como sempre. Depois de catar algo pra vestir, tomar café, segui para meu trabalho com dignidade e sono. Melissa veio comigo de ônibus, enquanto Alice foi pra casa dela, ou melhor, mansão, como ela apelidara a casa de seus pais.

Eu queria muito ser alegre como Melissa, pela manhã. Ela já acordou sorrindo, como podia aquilo? Já eu, acordei de cara amarrada e toda remelenta. Tão sexy quanto uma melancia. Como podíamos ter o mesmo signo? Claro, Melissa tinha a lua em touro. Eu tinha a lua em áries. Tão calma quanto uma bomba relógio. Mas era a vida.

Naquela manhã, a luz do meu computador me deu o maior sono, e eu estava lutando contra isso. Meus óculos pendiam no meu nariz, e eu segurava o queixo com as duas mãos, lendo a mesma frase pela sétima vez.

- Sarinha? Tem certeza que está bem? Posso buscar aqueles cookies de baunilha com gotas de chocolate, que você, gosta lá do seu Carlinhos. – dizia Alex, meu colega fofo, pesando sua mão grande no meu ombro. – Cinco minutos estarei aqui de novo. Adrian não vai se importar, tenho certeza.

Adrian estava calmo. Muito calmo para meu gosto. Obviamente ele não falou nada sobre quem havia boicotado a editora, nem para Alice. Talvez ele queira pegá-lo no flagra. Não sabia e também não conseguia pensar muito sobre aquilo. Eu estava cansada, meu corpo doía. Só sabia que Adrian estava calmo e com um pequeno sorriso nos lábios. Muito estranho.

- Não, Alex. Obrigada mesmo assim. – descansei minha mão em cima da dele. – Mas aceito um balde de café e os biscoitinhos amanteigados daqui mesmo.

- É pra já, milady. – ele fez uma mensura dramática e saiu.

Alex viu no noticiário sobre o assalto no banco e ficou apavorado quando alguém lhe contou que eu e Alice estávamos lá na hora. Era engraçado como a fofoca rolava solta na rua onze. Algumas pessoas sabiam das novidades e contavam para os que não sabiam.

Assim que eu cheguei, ele me bombardeou com perguntas sobre o ocorrido. Ele adorava estar por dentro dos assuntos. Eu falei o mínimo possível e aleguei uma enxaqueca. O que era uma meia verdade, pois estava com um pouco de dor de cabeça mesmo. Desde que soube, ele está muito mais atencioso comigo do que de costume. Talvez tenha percebido minhas olheiras a lá urso panda, que tentei esconder com um incrível "reboco" de maquiagem.

Alice não estava melhor que eu, quando ela chegou cedo para seu turno, parecia estar distante e um pouco entristecida. Além de um tanto assustada, pois quando Alex deixou uma pilha de originais caírem de sua mesa ao chão, Alice saltou para trás, derrubando o café morno que levava para Adrian (sim, ele só toma café morno) em seu vestido elegante e o restante no chão. Ela nem precisou me dizer o que acontecera, pois eu também me assustei com o barulho similar a um tiro. Estávamos ressabiadas devido ao trauma de ontem. Todas as horas de muito estresse eu me lembrava de que seria bom eu fazer terapia. Possivelmente eu enlouqueceria a terapeuta, mas fazer o quê?

Depois do trabalho, Melissa precisou ir direto se encontrar com Nick. Não preciso mencionar que ele ficou uma fera por ela não ter contato antes do assalto, não é? Alice deu carona a ela, afinal, as duas moravam quase do lado uma da outra. E eu fiquei aguardando até às dezoito horas para pegar Sophia na aula de francês. Todas as quintas-feiras nós voltávamos juntas para casa, como um ritual.

Um Brinde a AmizadeOnde histórias criam vida. Descubra agora