Bati duas vezes na porta de madeira e escutei uma voz confirmando que podia entrar.
Entrei segurando em um dos braços alguns fichários, documentos e fichas de homicídios.
Sorri fraco para o Matheus, e desviei o contato visual.
Abri a gaveta e fui colocando todos os fichários em ordem. Tinha um espelho ao meu lado, e conseguia ver o homem sério concentrado em mim.
- Perdeu algo aqui que eu não vi? - Perguntei, ainda encarando aqueles olhos do espelho.
- Perdi - Juntou as duas mãos e me olhou.
- Melhor saber melhor na onde guardar então - Fechei a primeira gaveta e me abaixei para a segunda.
Escutei quando ele se levantou da sua cadeira.
Olhei pelo ombro e ele estava na frente da sua mesa.
- Vou ter que quebrar seu nariz igual a última vez? - Pergunto séria.
Dei um sorriso silencioso quando olhei no espelho e ele passou a mão no nariz, na onde eu tinha dado o soco.
- Você não quebrou meu nariz - Disse.
- Uhum - Levantei, ainda segurando alguns fichários que sobraram. - "Você quebrou meu nariz, sua vadia!" - Ri. - Não sei como você não pediu pra chamar a mamãe.
Negou, e pegou o copo de whisky na mesa.
- Toma - Entrego os papéis que sobraram para ele.
- Foram os últimos? - Voltou a por o copo na mesa de madeira escura, com alguns outros papéis espalhados.
- Foram. Esse aqui é Estivalet, Micael Estivalet. Morto com um tiro de sniper vindo de uma torre, perto do relógio. Ele almoçava com a família em um restaurante quando foi atingido.
- E esse? - Apontou para o outro homem.
- Liam Nicolas. Tinha uma vida bela pela frente, mas sua dívida generosa de milhares, fez ele morrer em um acidente de carro, na rua 7. Acidente, se é que você me entende.
