Talvez sejamos a pessoa certa, na hora errada.
Um romance adolescente. Um término indefinido. Um amor interrompido.
Já haviam se passado 10 anos desde que Camila a vira, e, embora tenha seguido com sua vida sem ela, as lembranças sempre a assombrar...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
"Então continue me beijando suavemente Me abraçando, sussurrando silenciosamente Querido eu acho que essa pode ser a melhor história de amor Que nunca foi contada — Camila Cabello".
Lauren já está pronta para retirar sua blusa enquanto eu ainda estou paralisada, e provavelmente a olhando com espanto, porque, antes de realizar a retirada, ela me olha, com o cenho franzido.
— O que foi? – O hematoma. O hematoma é o que foi. – Você está bem?
— Estou – digo rapidamente. – Acho que está meio frio para entrar na água.
Eu acaricio meus braços, como se realmente estivesse frio, e Lauren se demonstra ainda mais confusa.
— Frio? – Ela pergunta, como se eu fosse louca. – Você está passando mal?
— Não, é que eu... – tento formular outra desculpa, mas nada me vem a cabeça, e eu não posso dizer que simplesmente não estou afim, porque Lauren sabe o quanto eu amo nadar na praia durante a noite.
Ela sabe. E provavelmente já está percebendo meu nervosismo.
Eu finalmente a olho, e, quando esse contato acontece, tenho a sensação de que não deveria tentar encobrir isso. Ela já me viu com marcas piores, já me ajudou com elas, já enfrentou a causadora delas na época. Eu não deveria ter vergonha de expor isso agora. Não com ela. A forma que ela me ajudou no passado me faz sentir meramente confortável.
— Eu quero muito ir, mas... – eu abaixo a cabeça. – Promete que não vai me fazer perguntas quando eu tirar o vestido?
Acho que Lauren não pode ficar mais confusa.
— Por que eu faria perguntas sobre seu corpo?
— Só me promete.
— Tudo bem – agora, seu tom de voz é desconfiado. – Eu prometo.
Eu concordo, mas preciso tomar uns trinta segundos de coragem antes de começar a puxar a barra do vestido pra cima. Eu o retiro do meu corpo, me arrependendo a cada segundo de não ter apenas dito que não queria ir. E quando o retiro completamente, e deixo o pano do vestido cair na areia, me sinto exposta como nunca havia sentido antes. Não deveria ter acreditado nesse confortabilidade.
Eu não a olho, porque sei que Lauren está me olhando, me analisando, buscando o motivo daquelas minhas palavras. Os dedos de Austin já não estavam tão marcados como no domingo, mas ainda eram visíveis demais.
Histórias promovidas
Você também vai gostar
E então, ela as enxerga. Sei disso porque Lauren toca no meu braço, bem abaixo de onde o hematoma está. Ela me vira para esquerda, e depois para a direita, e, em sequência, depois de uns cinco segundos, ela toca em meu queixo, me fazendo erguer a cabeça e olhá-la. Eu não a vejo seria, exalando raiva. Lauren tinha o olhar de aconchego, e o leve sorriso de "está tudo bem", e quando ela me puxa para perto dela, seu abraço é de lar.
É neste momento que percebo o porquê de ter sentindo confiança para falar. Lauren me conforta da melhor forma que poderia; com um abraço e seu silêncio. Ela sabia que, agora, eu não conversar sobre, apenas ser acolhida.
— Preciso que você me prometa algo agora – ela diz, baixinho, e eu concordo, sem me mover no seu abraço. – Que você vai denunciar assim que chegar em casa.
Penso em falar que foi só esse apertão, que ele já não dorme mais comigo, e que não há necessidade, mas então eu me lembro de como tudo começou com a minha mãe. "Foi só um tapa, amor, não precisa se preocupar, ela estava bêbada", e, no outro mês, eu estava com a boca sangrando e alguns cacos de vidro da garrafa que ela quebrou em mim no meu braço.
— Tudo bem – eu digo, e Lauren deixa um beijo no topo da minha cabeça, antes de me afastar um pouco para conseguir olhar em seus olhos.
— Não vou falar nada agora porque te prometi, mas você não vai me escapar – ela tenta trazer leveza em seu tom. – E não quero pesar o seu clima agora por causa dele, também.
Eu concordo, não me importando em saber que falaríamos disso depois. Já não me sinto tão desconfortável assim para isso. E, na tentativa de mostrar a ela que eu não quero que o clima pese, eu me coloco nas pontas dos pés para deixar um beijo demorado em sua bochecha, antes de retirar as sandálias que eu usava nos pés.
— Então você vai ter que me alcançar – eu sorrio pra ela, e começo a correr em direção à água.
— Não vale! Eu ainda não tinha tirado! – Lauren diz, e eu olho para trás, a vendo retirar sua calça com facilidade. A blusa ela se livra enquanto já está em movimento, correndo para a beira.
Eu não espero meu corpo se acostumar com a temperatura para me entregar completamente à água, deixando que ela me engolisse quando mergulho para o fundo. Eu amava a sensação de nadar, amava a falta de gravidade, a temperatura gelada, o sentimento de que, ali, você está livre, de alguma forma.
Quando emerjo da água, Lauren está fazendo o mesmo, um pouco mais à direita de mim. Consigo ver o momento em que ela ergue o copo da água, e passa as mãos no cabelo completamente molhado para evitar que ele venha para seu rosto. Aquela mulher é um monumento.
— Você vai ficar só me olhando até quando? – Lauren pergunta, me pegando de surpresa, e só então percebo que ela já havia aberto os olhos, e eu ainda estava a admirando.
— Até quando eu tiver certeza de que você é real mesmo – eu digo, sem me importar em flertar com ela mais.
Era o que eu queria mesmo.
— Você dizia a mesma coisa quando namorávamos – ela começa a se aproximar na água. – Dez anos não foram o suficiente para te fazer acreditar que sim, sou real?
Eu estava imersa na água até a clavícula, e Lauren, até um pouco abaixo dos seios, mas ela flexiona o joelho um pouco para ficar na minha altura quando chega perto o suficiente para podermos falarmos bem baixo, e, ainda assim, nos ouvir. Perto o suficiente para eu conseguir enxergar até as bolinhas de água em sua sobrancelha.