{I} Um joalheiro?

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"Mas eu sou pirata
E hoje eu preciso ir..."
— Clarão, Jão

P.o.v. João

— Nossa, isso está incrível, João, você é muito talentoso! — Hugo bradou, com um sorriso empolgado.

Jão: — Ah, obrigado, eu ainda tenho muito a aprender...

Hugo: — Deixe de modéstia, nunca vi um jovem com tanto tato para combinar joias, você tem as mãos de um príncipe!

"Ou, de um pirata..." Pensei comigo mesmo.

Jão: — Fico feliz pela consideração, senhor, de verdade, sabe, é bom sentir que eu posso me erguer depois de tanto tempo.

Hugo: — Você irá, meu jovem, está em um lugar seguro agora. — Ele dá um sorriso simpático. — Preciso checar o carregamento de joias do palácio, se importa de ficar sozinho aqui?

Jão: — Claro que não, senhor, pode ir. — Sorri de volta.

Hugo: — Volto já. — Ele se retira.

O senhor Hugo é uma pessoa tão gentil que eu me sinto até um pouco mal de ser tão mentiroso, não que eu tenha outra escolha a não ser mentir para ele e para todos os outros.

Afinal, a mais ou menos uma lua, quando meu navio foi atacado e naufragou na costa de Scorpios, eu precisava de um lugar para ficar.

Tudo bem, não sou tão inocente assim nessa historia, só um pouco burro, eu sabia que estava nos nossos planos atacar o palácio de Scorpios e saquear suas riquezas, mas não sabíamos que o reino contra-atacaria, e mais do que isso tínhamos um traidor entre nós e caímos em uma emboscada.

Você deve estar se perguntando a onde entra a parte de eu ter sido burro, bom, enquanto meu navio era atacado e meu capitão morto, eu estava nos meus aposentos dormindo, sim, eu tenho um sono um pouco pesado, culpa das várias madrugadas insones que passei ajudando James a planejar tudo aquilo.

Obviamente eu acordei devido aos gritos, e da falta de ar por conta do meu navio em chamas, a tempo de pular no mar e nadar até a costa.

Depois disso, eu me misturei na confusão do porto, fingi que era um pobre servente mantido em cativeiro por cruéis piratas para os soldados do palácio e fui acolhido junto a outros resgatados, como nenhum deles me viu na proa lutando pelo navio, não imaginaram que eu era o primeiro imediato, o braço direito do capitão James.

Enfim, desde então eu tenho vivido como um pobre resgatado de um navio pirata, com um tecido ao redor da cabeça escondendo estrategicamente o olho esquerdo, sob o pretexto de que eu me feri enquanto nadava até o porto, que ajuda na joalheria do palácio, porque os monarcas gostam tanto de ostentar suas riquezas que tem quem sempre faça novas joias para eles, e que é manco de uma das pernas.

Eu não sou manco, mas isso é história para outro dia.

Sim, é uma compilação de mentiras sem fim, mas eu juro que não sou tão falso quanto pareço.

A verdade é que desde que perdi tudo o que eu tinha no navio, e também a morte do meu capitão, que era quase como uma figura paterna para mim, eu meio que perdi minha motivação para qualquer coisa e sinceramente eu acho que tenho o direito de mentir para viver com algum conforto nesse palácio, mesmo que por enquanto.

Obviamente sou um pirata e quando o oceano me chamar de novo eu voltarei para ele, nada me prende aqui de qualquer forma.

"Eu já não tenho tempo a perder com aquilo que eu nunca fui..."

Mas Eu Sou Um Pirata... - PejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora