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Terça-feira, 2006

Tenho estado muito cansada desde semana passada, trabalhos, provas, me matei de estudar para a prova de matemática e acabei por tirar um seis, eu passei, claro, mas nunca fui de tirar notas tão baixas, na próxima, fico de recuperação.

Estava tendo um sono merecido após todo esse estresse da rotina da escola.

- Tracy, se isso são horas! Está atrasada! - Minha mãe diz tirando minhas cobertas da cama.

- O que..? Que horas são? - Pergunto me sentando na cama, esfregando os olhos.

- Quase sete e dez. - Ela responde pegando uma roupa para mim no guarda-roupa.

Ela pegou uma calça de moletom preta, daquelas bem largas mesmo, um top de alçinhas preto, um tênis preto. Eu tirei meu pijama e prontamente vesti o que ela colocou sobre a cama.

Passei meu lápis de olho de lei, e amarrei o cabelo em um rabo de cavalo um pouco bagunçado. Calcei meus tênis e arrumei meus cadernos.

- Química, gramática e geografia, odeio todas. - Pensei.

Correndo pelos degraus, fui para a cozinha e peguei uma bolacha e saí apressada, correndo, atravesso a rua, sem perceber um carro branco passando, fui correndo até a parada e o ônibus acabara de partir.

- Filhos da puta! Que merda!

Parei um pouco para pensar, minha mãe não tem tempo para me levar de carro, não tenho bicicleta, mas... tenho um skate, não sei andar muito bem mas pelo menos consigo ficar em pé sem perder o equilíbrio.

Fui para casa correndo e passei no pequeno vão da garagem, achei meu skate um pouco gasto apoiado na parede, peguei pelo truck, parei na calçada tomando folego e coragem, fazia tempo que não andava.

Coloquei os pés e desci as calçadas até a esquina sutilmente, virei a esquina e fui andando, cada vez dando mais impulsos para chegar mais rápido, olhei meu relógio de pulso, marcavam sete e oito, estava atrasada pra caralho.

- Onde essa moça pensa que vai? - Minha mãe apareceu de carro ao meu lado, eu na calçada e ela no trânsito.

- Para a escola. - Respondi confusa, para onde mais eu iria?

- Larga esse skate e entra no carro. - Ela disse autoritária.

- Deixa eu ir mãe! - Disse dando mais um impulso.

- Você que sabe, vai se atrasar assim.

Dei de ombros e ela saiu mais rápido, eu gosto de chegar atrasada, sim, isso é bem estranho, mas os corredores estão vazios e não tem gente falando para todos os lados.

Quando menos percebi, estava a uma quadra da escola, mas de longe pude ouvir o sinal tocando, nosso sinal parece uma sirene dos bombeiros, se tivesse um incêndio às nove e quarenta, sairiamos tranquilamente das salas como se nada estivesse acontecendo.

Cheguei na escola e travei o skate com a ponta, fazendo o outro lado levantar, peguei ele e entrei, coloquei ele junto com algumas bicicletas, embaixo do bicicletário, fui até meu armário e larguei meus caderno e fechei rápido. A porta da minha sala estava aberta.

- Bom dia, Tracy! - O professor Jordan me cumprimentou.

- Bom dia. - Respondi com uma certa raiva, espero que não tenham notado.

- Como foi o sono de beleza? - Tom diz irônico quando me sentei.

- Como estava falando, na próxima terça, vamos apresentar um trabalho para a classe, sobre o assunto que estamos estudando, eu escolho as duplas. - Meu coração parou quando ele disse as últimas palavras.

𝐅𝐈𝐆𝐇𝐓 - 𝐓𝐎𝐌 𝐊𝐀𝐔𝐋𝐈𝐓𝐙Onde histórias criam vida. Descubra agora