everything i wanted you to tell me - ziall horlik

if you ask me i will stay

Niall entrou no apartamento, se odiando por ter esquecido o celular. Por Deus, depois de toda aquela saída triunfal, com direito a tantas lágrimas de sua parte e mordidas nos lábios que os deixaram praticamente em carne viva, ele tinha esquecido a porcaria do celular!

Ele poderia muito bem ter somente ido embora e deixado isso pra trás mas, bem, era o seu celular sobre quem estamos falando.

Seu coração parecia brincar de tambor, rápido e forte demais pra que ele acompanhasse. Cruzava os dedos com força, desejando de corpo e alma que Zayn não estivesse ali. Seria difícil se ele estivesse. Muito difícil.

Niall já não podia imaginar outras maneiras de ter seu coração quebrado, apesar de saber que ainda existiam milhares. E o pior de tudo, até mesmo do que a dor que ele sentia, era saber que ainda amava Zayn. Amava tanto que só de pensar ele queria se encolher no sofá como uma bola e chorar até seus olhos não conseguirem liberar mais lágrimas. Mas não. Ele jurou pra si mesmo que não choraria mais por aquele moreno, o mesmo que ocupava cada espacinho de seu grande coração machucado. Jurou que não sofreria mais, ou ao menos tentaria não sofrer, porque tudo o que ele queria agora era ser feliz sem amarras.

Apesar de que em algum lugar, bem no fundo de sua alma, Niall ainda tinha consciência de que, por mais que ele tentasse, nunca se livraria das amarras que Zayn tinha imposto sobre ele. Amarras que ele preferia fingir não se chamarem "amor".

Os olhos claros escaneavam todo o apartamento, em busca de algum sinal que o mostrasse que Zayn estava em casa. Ele não achou nenhum. Seus ombros relaxaram e ele soltou um suspiro aliviado, se sentindo um covarde. Mas balançando a cabeça como se pudesse tirar tudo dos pensamentos, continuou a andar em passos pequenos e leves até o quarto, onde tinha quase certeza de ter esquecido o celular na escrivaninha do seu lado da cama.

A porta do quarto estava fechada, o que ele achou estranho. Não se lembrava de ter fechado a porta ao sair. Dando de ombros e concluindo que podia ter sido só o vento, levou as mãos até a maçaneta e a girou com força, sem querer admitir o porquê de estar tremendo tanto.

Colocou a cabeça pra dentro do cômodo, suspirando cansado ao que descobriu o porquê de suas mãos tremerem e as pernas estarem tão bambas quanto geleia; Zayn estava ali. É claro que ele estaria. Se Niall tivesse parado pra fazer as contas, saberia que o trem tinha chegado uma hora atrás, quando ele já estava pegando o seu. Maldito celular.

O loiro percebeu que os ombros de Zayn tremiam, e conseguiu ouvi-lo soluçar. Viu os braços tatuados abraçarem o próprio corpo e ele se encolher na cama, molhando os lençóis com suas lágrimas pesadas. Niall se sentiu um monstro por fazê-lo sofrer assim. Mas aí se lembrou que já tinha chorado daquele jeito inúmeras vezes, e o aperto em seu coração se afrouxou ao menos um pouco.

- Oi. - sussurrou tão baixinho que, em meio aos soluços do mais velho, teve medo de não ter sido ouvido. Se encolheu ao que este se virou, o encarando com os olhos tristes e surpresos. Acabou se obrigando a entrar no quarto e andar até a cama, se sentando em uma distância segura do amado.

- Niall. - Zayn provou o nome em seus lábios, ainda sem acreditar que o outro estava mesmo ali. Pra ele, aquilo tudo só podia estar sendo uma alucinação que, no final, o deixaria mais acabado do que já estava. Não que ele achasse possível ficar ainda pior.

- É. - o mais novo concordou, entrelaçando os próprios dedos e vendo o quanto as mãos estavam suadas de nervoso. Aquele era o efeito Malik sobre si.

- Você... Meu Deus, você voltou. - se sentou, enxugando os olhos com força e segurando quaisquer outros soluços que poderiam sair de sua boca trêmula.

- Na verdade eu esqueci o meu celular. - admitiu, encolhendo os ombros e abaixando os olhos. Os lençóis brancos nunca tinham parecido tão interessantes pra o garoto.

- Eu não me importo. Você... Você está aqui. É só com isso que eu me importo agora. - sorriu grande, tentando esconder toda a dor que os olhos castanhos transmitiam.

- Zayn, eu só vim buscar o meu celular. Eu não... - Niall suspirou e fechou os olhos, se quebrando ainda mais ao pronunciar as palavras - Eu não vou ficar.

- Niall. - pronunciou devagar, daquele jeito que sabia que fazia o loiro se arrepiar da cabeça aos pés - Você não pode ir embora.

- Zayn... - choramingou, implorando com os olhos claros pra que o moreno não fizesse aquilo ser mais difícil do que já era.

- Por favor. - o mais velho segurou as mãos de Niall, as apertando com força - Por favor, não vá.

- Você me deixou ir. - destacou, já esquecendo todas as promessas feitas mais cedo e deixando lágrimas caírem livremente por seu rosto bonito - Eu não queria.

- Então você não precisa. - a voz de Zayn era tão macia e reconfortante, ele só queria poder ficar ali pra sempre e se aconchegar no homem que amava. Mas não era bem assim.

- Eu quero ser feliz, Zayn. - a visão estava embaçada, fazendo com que o rosto do outro ficasse levemente desfigurado. Logo mais lágrimas caíram, permitindo que enxergasse com mais clareza. Deus, Malik era tão lindo.

- E eu vou te fazer feliz. - prometeu, já chorando novamente, sentindo o gosto salgado das lágrimas em seus lábios - Eu te amo, Niall. Eu te amo tanto que me dói.

- Acontece que já está me doendo faz tempo. - admitiu, tapando a boca com uma das mãos quando um soluço alto demais escapou por entre seus lábios trêmulos.

Zayn se desesperou; estava vendo o amado escapar de seus dedos como areia de uma ampulheta, sem saber o que fazer. Ele não podia deixar Niall ir embora. Não mais uma vez.

- Eu escrevi uma carta pra você. - disparou, não sabendo ao certo o porquê - Eu li a sua e fiz uma pra você. Achei que você nunca leria, porque não sabia onde estaria, mas agora você está aqui! E, por favor, leia. - suspirou, ainda apertando as mãos do outro com força. Medo de que ele escapasse sem que pudesse nem ver - Me dê uma chance.

- Você fez uma carta? - os olhos azuis do loiro brilharam e ele sentiu seu coração voltar lentamente ao lugar. Zayn tinha gastado seu tempo e papel, só pra fazer uma carta pra ele, ainda sabendo que ele não leria.

- É. Sim, eu fiz. - o moreno levantou da cama em um rompante, assustando o outro e andando até a escrivaninha. A escrivaninha do lado de Niall da cama.

- Bem, então me deixe ler. - pediu, sentindo as bochechas queimarem ao ver o quão desesperado tinha soado.

Zayn suspirou, pegando o papel dobrado na gaveta e fazendo todas as suas apostas naquilo. Niall tinha que ficar. Ele simplesmente não podia ir embora.

- Aqui. - estendeu o braço tatuado, entregando a carta à Niall com mãos trêmulas.

- Tudo bem. Só... - o loiro sorriu fraco, passando a mão pelos cabelos bagunçados - Só me dê um instante.

Enquanto Niall lia, mordendo os lábios a cada três segundos e tremendo levemente com o esforço de segurar suas lágrimas - sem sucesso -, Zayn estava tão nervoso que poderia desmaiar. Já tinha bagunçado os cabelos longos, os prendido em um coque e soltado novamente. Tinha tirado cada um dos anéis, os reorganizado em dedos diferentes e depois colocado todos em seus lugares de novo. Os lábios já estavam tão vermelhos e ardidos que ele podia chorar e os pés não paravam de bater no chão nem por um segundo, sem interrupção.

Quando o loiro terminou de ler, o nariz já estava entupido e os olhos inchados. Ele queria abraçar Zayn até que não pudesse mais e o dizer o quanto o amava, então ele o fez.

- Eu te amo. - jogou a carta pro lado, concentrando os olhos no moreno em sua frente e esquecendo tudo o que tinha acontecido no passado, tentando pensar só no que aconteceria dali pra frente. O que eles fariam juntos dali pra frente - Eu te amo pra caralho, Zayn.

- Oh, meu Deus. - suspirou aliviado, puxando o outro pro seu colo e o abraçando com força. O mais novo riu feliz, retribuindo ao abraço e deixando um beijo na bochecha de Zayn - Eu também te amo.

- Só... - Niall se soltou do abraço por um segundo - Só me prometa que nunca vai me deixar ir.

- Não enquanto você ainda me quiser. - beijou o garoto que amava com força, sentindo-se plenamente feliz como nunca antes - O meu coração é seu, Niall. Assim como o seu lado da escrivaninha.