Terrible Love

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Epílogo

Continuando no 1º ano do fundamental, foi meu pior ano, mas o melhor ano também, pois foi quando eu conheci ele.

Em um dia de muito calor, muito mesmo, pois estávamos no verão e em Santa Mônica faz muito calor no verão, minha mãe não deixou eu colocar calça ou uma blusa que escondessem meu braço, eu tive que ir arrastada pra escola, com um shortinho lindo azul bebê e uma blusinha branca.

Eu sempre amei a cor azul, mas, com o tempo preto pareceu não ser tão chamativo e eu gostava daquela cor também. Mas eu sabia que ir de short não seria uma boa ideia, meu tratamento estava funcionando e as feridas, manchas estavam quase dando a diminuída que eu tanto esperava, mas, ainda sim dava pra ver as inflamações...

Como sempre os olhares nas minhas pernas, ninguém de novo veio conversar comigo, ninguém queria chegar perto de mim. No horário da recreação eu fui para o campo que tinha na escola com parquinho, ficavam várias crianças mas, tinha uma mesa com bancos bem afastada e ninguém tinha ido me perturbar até aquele dia.

Indo em direção a mesa de cabeça baixa, como se isso fosse impedir de alguém me ver, eu me esbarrei em um garotinho, mais baixo que eu, seu suco de uva caiu na grama, seu sanduíche sujou sua blusa.

-Você não olha por onde anda não?- A voz fina do garoto ecoou.

Eu implorava mentalmente pra ele não gritar, foi o que ele fez, eu implorava mentalmente pra ninguém escutar, não foi o que aconteceu, todo mundo naquele lugar vinha em direção a nós.

Eu mantinha minha cabeça baixa o tempo todo só olhando pelos cantos dos olhos.

-M-me desculpa, s-sinto muito.-Minha voz saiu com muito esforço.

-Desculpas não vai adiantar! Você derramou meu suco, meu suco favorito e meu sanduíche s...sujou.-O garotinho deu uma falhada.-Sujou minha blusa!- Sua voz fina pareceu ficar mais forte, bem mais alta.

Resolvi olhar ele nos olhos. Seus cabelos eram preto grandinhos, eram muito bagunçados, seus olhos eram puxados e pequeninos, ele parecia ser asiático, eram azuis acinzentados e cintilavam raiva enquanto estavam diretamente sobre mim. Eu paralisei, mesmo sendo só um garotinho ele me deu medo, ele deveria ser novo na escola, pois nunca tinha visto ele lá, uma coisa boa de não ter nenhum amigo é porque você começa a observar mais as pessoas e lugar para matar o tempo.

-E-eu posso limpar ela... me perdoe por favor, eu não fiz por mau.-Eu falava tão rápido que nem percebi que fiquei sem ar.

-Essa blusa era importante pra mim! E você estragou!

-Olhe lá! Não é a garota pele de sapo?-Uma voz de um menino ecoou sobre o lugar.

Então o menino a minha frente escutou e passou a olhar pra mim de cima abaixo, talvez tentando entender o porquê de me chamarem assim.

-Eu até pensei nessa hipótese mas... não vou deixar você encostar nela, vai que você passa essa coisa pra mim!-Ele responde com indiferença.

Facas perfuraram meu coração.

Abaixei minha cabeça.

-Mas... tem como você me recompensar.-O garoto disse com malícia e meus olhos foram até seu encontro novamente.-Você sujando sua roupa também.

Naquele momento o menino de cabelos negros como sombras me empurrou e eu caí na grama que estava molhada por causa do irrigador.

Grama não, grama não, grama não.

Partículas de lama caíram sobre mim por causa da queda, em segundos o garoto chutava a terra molhada, grama, tudo em mim, eu já sentia minha pele arder, eu já via a vermelhidão aparecer, eu tinha alergia, grama e terra molhada é meu inimigo, logo senti mais pés chutarem terra em mim.

Terrible LoveWhere stories live. Discover now