Jimin
Na maioria das vezes, as situações tendem a ficar mais complicadas, com isso você joga a culpa na situação ou até mesmo na pessoa que está vivendo esse momento complicado com você, só que nem sempre é a situação ou esse outro alguém que complica tudo. Já parou para pensar que talvez é você quem esteja complicando a situação?
Eu demorei uns meses para perceber que a minha situação só era complicada porque eu estava fazendo ela ser, digamos que eu era o culpado da situação, e não a situação em si e nem esse alguém.
Acho que quando a ficha cai, a pergunta do "por que?" Começa a surgir na cabeça, coisas do tipo:
"Por que eu sempre complico tudo?"
Ou
"Por que isso acontece comigo?"
Muitas das vezes essas perguntas ficam sem respostas, ou quando as respostas surgem, é meio que sem pé e sem cabeça, mas cada um tem a sua própria situação, seja estando nela sozinho ou acompanhado.
Tem pessoas que para te consolar ficam dizendo:
"Não era pra ser"
Ou
"Ele não vale a pena, foi um pé no saco"
Isso era o que eu ouvia das pessoas que eu nem conhecia, mas me abria quando estava bêbado, escorado num balcão de bebidas de alguma boate.
E eu fiquei me perguntando:
"Por que quando estou bêbado, falo dele para um desconhecido qualquer?"
Há meses eu fiquei me perguntando isso até achar uma resposta, sabe, uma que fosse plausível, que tivesse sentido e que me fizesse finalmente entender.
Mas quando eu achei a resposta, não quis acreditar nela.
Oras, como assim eu estava apaixonado?
Será que é por isso que quando eu estava com ele, sentia aquele friozinho na barriga? Quando ele me tocava, sentia um formigamento bom.
Se eu paro pra pensar, lembro que meu coração acelerava, então, foi por isso que tentei afasta-ló de mim?
Por isso que passei a deixa-ló de lado? A ficar com outras pessoas, mesmo que ele demonstrasse que só queria a mim?
Reconheço que fui uma péssima pessoa, sim, fui uma pessoa péssima.
Claramente notava a forma como ele ficava quando eu parava de dar-lhe atenção para dar atenção para outras pessoas. Eu notava os olhos vermelhos e o olhar vagando sem rumo, tentando fugir do que acontecia na frente dele, tentando fugir do que eu fazia.
Eu não entendia o porquê de fazer isso, o porquê de o deixar mal com minhas atitudes, por isso que durante esses meses longe dele, tentei buscar por respostas e sempre que ficava frustrado, ia em uma balada para beber e esquecer, esquecer dele, mas não conseguia me esquecer, muito pelo contrário, ficava falando dele e daí vinha aqueles consolos que de consolos não tinham nada.
Sei que ele sentia algo por mim, claro que sei, o jeito que ele me abraçava, me beijava, me tratava e me olhava, demonstravam isso. Ele não queria me deixar ir embora e acabei pisoteando mais ainda aquele coração, pisoteei tanto até ele não aguentar mais e desistir.
Não me orgulho do que fiz, não mesmo, quando penso no que fiz, me sinto mal, é como se eu tivesse cometido o pior pecado do mundo, e tenho a repleta consciência de que foi sim o pior pecado.
Ele não merecia aquilo.
Acho que só fiquei com medo, medo do que eu estava sentindo, medo do que ele me fazia sentir. Era algo novo, nunca havia sentido aquilo por ninguém, por isso me assustei e quis me afastar, mas o meu erro foi machucar ele antes de sumir da vida dele.
Faz exatos 07 meses que me afastei dele, e durante esses meses, sempre que abro os olhos pela manhã ou até mesmo pela madrugada, sinto como se algo tivesse me faltando, sabe? É a mesma coisa que eu sentia quando ainda o via, mas não dormia na casa dele.
Quando dormia com ele, eu sempre era acordado por ele me abraçando forte e me beijando a bochecha, depois ele me fazia sentar e me dava dois mistos quentes que havia preparado pra mim junto a uma caneca cheia de toddy gelado.
Naqueles momentos simples, não conseguia entender que ali, eu estava feliz. Feliz porque eu tinha ele.
É complicado mesmo, só percebemos que estamos felizes, quando perdermos a nossa felicidade, é triste perceber só quando perde.
Faz um mês que minha mala está arrumada, pois havia decidido ir atrás dele, mas foi no momento daquele pique de coragem, sabe? Arrumei minha mala, tomei um banho, me arrumei, fiquei bem cheiroso e quando estava saindo de casa, eu desisti, sim, eu desisti.
Travei na porta e não sai, então depois de quase meia hora parado, fechei a porta, deixei a mala ali no canto e corri pro quarto, me joguei na cama e chorei, chorei por me sentir um frangote sem coragem de ir atrás dele.
Até hoje a mala está no canto da porta, não a tirei, porque o pique de ir atrás dele pode voltar a qualquer momento e acho que esse momento está chegando.
Estou aqui na sala, andando de um lado para o outro com um copo de plástico na mão com café pela metade e na outra mão seguro um pedaço de pão com manteiga enquanto mastigo de forma violenta e nervosa o que tenho na boca.
Sinceramente? Não sei como ainda não mordi o beiço e o interior da bochecha, também não sei como ainda não derrubei esse café e nem tropecei no tapete da sala, pois meus olhos não saem daquela mala, parece até que ela está me chamando.
Porra, sei que no fundo quero ir, mas não sei se tenho coragem de olhar pra ele depois de ter ido embora sem olhar pra trás.
Sim, fui embora sem olhar pra trás, não porque sou frio ou sem coração, mas sim porque algo me dizia que se eu olhasse, não iria conseguir ir embora.
Fui tolo, não é mesmo? Sim, Jimin, você foi o maior tolo, o garoto mais tolo que existe nesse mundo enorme.
Mas pelo menos eu admito, não é mesmo? Tem gente que nem faz isso.
Quando terminei de devorar o meu pão e tomar o meu café, deixei o copo em cima da mesinha de centro e sai correndo pro meu quarto, seguindo até o guarda roupa e olhando as minhas melhores opções para ir até ele.
- Ou é agora, ou não é nunca mais.
Como estava frio, peguei um suéter verde de pescoço alto que fica coladinho no corpo e é bem quentinho, depois peguei um sobretudo preto, uma calça preta e por último uma cueca, um par de meias pretas, um coturno preto e uma boina preta.
Deixei tudo em cima da cama e corri para o banheiro onde fiquei cerca de uma hora debaixo do chuveiro, e cerca de meia hora passando hidratantes pelo corpo após me secar, afinal, tenho que estar cheiroso, não é mesmo?
Quando fiquei bem cheiroso e hidratado, penteei meus cabelos que estão lavados também e fui pro quarto. Coloquei as roupas que separei, calcei meu coturno, fechei o cinto do meu sobretudo, coloquei a boiola e fui pegar meu óculos de grau na cômoda, ele é lindo, tem um formato redondo que fica perfeito em meu rosto.
