Capítulo 12: Beijo.

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Nas últimas semanas percebi que Gris me evitava como se eu tivesse peste bubônica, toda vez que ele me via, virava na direção oposta, o que me deixava um pouco magoado. Não estava acostumado a ser evitado, mas ser evitado pela pessoa que me deu uma ótima noite, um bom momento, é como uma facada no ego.

Parece até que a noite que tivemos foi ruim... Mas ele nem se lembra do que rolou!

Não sei o que é pior, sinceramente, que situação ridícula. Mas não levou nem um mês para nos esbarramos de novo, e dessa vez ele não fugiu.

Saí do salão depois de mudar a cor do cabelo num tom roxo, olhei as horas e ainda tinha tempo até meu trabalho no restaurante do meu tio, então decidi passar na cafeteria que tinha perto da faculdade pois fazia o cappuccino do jeito que eu gostava.

Estacionei a moto do outro lado da rua, atravessei e entrei na cafeteria. Quando olhei na direção do balcão, Gris olhava diretamente para mim, seus olhos azuis, por trás dos seus óculos de armação fina, me desconcertam, eram intensos, me lembraram de quando ele me jogou na cama e arrancou minhas roupas... Mas logo ele desviou o olhar para Vane, que estava sentada numa das cadeiras do balcão.

— ... Mas esse cara consegue fazer os dois. — Sua voz é indignada mas brincalhona.

Vanessa, sentada no balcão, ri e dá de ombros.

Ando até o caixa, seus olhos passeiam por mim, como se me analisando, vejo o canto de sua boca levantar suavemente, ele parece gostar do que vê, mas logo sua expressão muda para um nada infinito.

— Boa noite, o que vai pedir? — Ele diz com uma voz robótica.

Sua voz dizendo aquilo me dá um rápido flash daquela noite.

Quero ouvir você pedir... — Seu corpo sobre mim, suas mãos segurando meus pulsos com força acima da minha cabeça, sussurrando no meu ouvido. — Vamos... Pede.

Respiro fundo, tentando me concentrar no agora.

— Ah... Boa noite, quero um cappuccino com chocolate. — Digo me sentindo um pouco sem ar, de repente noto sua camiseta, ela dizia "odeio café". — Como você pode trabalhar aqui e não gostar de café?

— Não é que eu não goste de café. — Um leve sorriso de canto surge na sua boca. — Eu só odeio mesmo.

Grosso.

Ouço a risada de Vane mais uma vez, me viro para ela e a cumprimento. Cláudio me avisa que meu pedido logo ficará pronto, me sento do lado da Vane, assim posso observar Gris com mais atenção.

Seus olhos são azuis suaves, são bem expressivos, seus lábios ficam entreabertos quando está concentrado, ele franze as sobrancelhas de leve enquanto mexe no caixa, seu cabelo castanho e ondulado brilha contra luz das lâmpadas amarelas da cafeteria, ele leva o indicador ao meio dos óculos e dá uma rápida ajeitada, quase imperceptível.

— Não sabia que usava óculos. — Comento tentando iniciar uma conversa.

— Minhas lentes de contato acabaram. — Ele responde, dando de ombros.

Ele não continua a conversa, isso me deixa frustrado.

— Vocês se conhecem? — Vanessa pergunta do meu lado.

Gris fica tenso com a pergunta, mas antes que possa responder, o sininho da porta toca e ele desvia o olhar para a porta.

As antigas amigas falsas da Vanessa entram, rola um clima de guerra fria entre as meninas e percebo Gris observando tudo, como se estivesse esperando sua vez de tomar alguma atitude.

Vícios e virtudes (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora