021

1.9K 204 19
                                    


Soraya Thronicke

Já se passavam das cinco da tarde quando Irina bateu na porta do meu quarto avisando que precisava dar uma saída para comprar algumas coisas que estavam faltando e claro, pediu para que eu não fizesse nada que irritasse Simone. Pelo que parece ela estava uma fera hoje, bom, ela não estava enquanto nos divertiamos mais cedo.

Desci as escadas à procura de algo para me tirar do tédio e da mesmisse de todos os dias aqui trancada. Segui até a cozinha e acabei preparando um sanduíche para eu comer, quando terminei resolvi passear mais pela casa e explorar alguns cômodos que não tive oportunidade de conhecer.

Segui por um corredor que ficava em baixo da escada, haviam muitas portas, mas assim que encarei a porta branca diferente de todas as outras me lembrei que da última vez que tentei entrar ali fui interrompida por Irina. Essa seria a oportunidade perfeita.

Caminhei sem fazer barulho até ficar diante da madeira e pela pequena brecha que haviam deixado espiei o cômodo ficando surpresa com o que vi. Havia uma mulher lá dentro, ela pintava um quadro tão concentrada que não percebeu minha presença. Será que ela também é uma prisioneira de Simone?

Meu olhar se desviou para as pinturas penduradas pelas paredes do local, percebi a extrema semelhança dos detalhes com os quadros na sala de estar, seria ela a SNT?

Tentei me aproximar um pouco mais para tentar enxergar melhor o resto da mulher, mas um ruído da porta me entregou. O olhar da mais velha desviou rapidamente e caiu sobre mim. Seus olhos azuis me encaravam com dúvidas e suas sobrancelhas estavam franzidas em minha direção.

- Quem é você? - Perguntou hesitante.

- S-sou Soraya . - Respondo engolindo seco.

As chances de Simone descobrir o que eu acabara de fazer eram maiores do que minha chance de continuar viva.

- Soraya Thronicke? A garota que Simone trouxe para cá? - Questionou.

Balancei minha cabeça em sinal positivo e ela faz menção para que eu me aproxime mais. Hesitante, abro um pouco mais a porta e dou dois passos para dentro do cômodo.

- Você é muito bonita, Soraya. - Disse docemente.

- Obrigada, Senhora Tebet.

- Oh não querida, apenas Atena. Sei que já é praticamente da família pelo que Nilo me contou. - Sorriu.

- Como nunca lhe vi antes? - Pergunto.

- Eu não saio daqui desde que Simone tomou o cargo de seu pai. Creio que já deve saber da história. - Assinto.

- Como consegue? Não sente falta de andar pelas ruas? Cozinhar? - Pergunto surpresa.

- A falta que eu deveria sentir de fazer essas coisas nem se compara à falta que sinto de Giusepe. - Disse abaixando o olhar.

- Não faz nem duas semanas que estou aqui e já sinto saudade da minha vida antes disso. Dos meus irmãos, da minha mãe, das noites em família, da cantoria pela casa... - Suspiro fundo.

- Minha filha merece alguns tapas de vez em quando. Não sei o que passou pela cabeça dela ao tirar você de sua família e priva-la de quase tudo. Mas...

- Ela é sua filha. - A interrompo.

- Por ela ser minha filha não quer dizer que eu deva passar a mão na cabeça dela quando erra. Pelo contrário. Sei o motivo pelo qual ela lhe trouxe e foi isso que impediu minhas reclamações. Ela ladra mas não morde, fique tranquila. Talvez mais para frente ela lhe conte tudo, vai demorar provavelmente já que esse é um assunto delicado para Simone. - Comentou dedilhando um porta-retrato de sua família completa.

A Chefe Da Máfia Onde histórias criam vida. Descubra agora