Capítulo 12

134 22 12
                                    

O presidente desfez o contato do abraço e voltou para perto de sua esposa, já eu fui para perto de meu irmão no canto do quarto onde ele estava, nós dois, mesmo em silêncio, concordamos que só sairíamos dali quando a mesma acordasse.
·
·
·

A primeira dama acordou algumas horas depois da saída dos socorristas do Palácio do Alvorada. O presidente e o meu irmão acabaram tendo que sair para irem em algum lugar que não me lembro bem e eu acabei ficando sozinha com a primeira dama. Em primeiro instante tive medo de interagir com a mesma, meus pais já haviam me explicado sobre a sua religião e o quão ruim ela era. Então se a religião era ruim, ela também era. Mas então ela me pediu para aproximar-me pois estava com sede e não conseguia sentir seu braço para pegar o copo de água, e eu não tive outra escolha a não ser atender ao seu pedido, afinal éramos humanas iguais.. ou quase.... Algumas coisas em relação a primeira dama ainda me deixavam um tanto quanto intrigada. Como por exemplo aquele colar que vivia pendurado em seu pescoço, eu não sabia o que era, porém me deixava na curiosidade e na vontade de perguntar a mesma o que aquele colar significava para a mesma.

— Rosân... Janja.. - a chamei —Esse colar que você usa no pescoço... O que significa? — a mesma deu um riso soprado e então me convidou a sentar em sua cama, e assim eu fiz.

— Então pequena, esse "colar" na realidade é minha guia, simplificando para você, é ela quem "representa" o meu orixá, no caso Iansã. Eu ando com ela no pescoço quando sinto necessidade de proteção, ou quando a própria me pede para usar.— a primeira dama respondeu.

— E o que acontece se você não usar? — perguntei curiosa.

— Bom, dizem que a proteção que você receberia por algum mal que ocorresse não é recebida. — respondeu.

—Isso é cruel. — falei sem pensar, e em seguida olhei-a meio desconcertada e sem graça.

— Não pequena, é reciprocidade. Você evoluí com seus orixás, com a confiança, trabalho árduo e evolução espiritual. — Rosângela disse paciente.

— Mas ele deixar algo acontecer de mal com você é ruim, não é?— fiz mais uma pergunta.

— Eles não deixam de te proteger meu amor, — senti meu coração esquentar com a forma com que ela me chamou — apenas deixam com que um susto te ocorra, mas nunca algo sério, não ao ponto da morte, ou algo do tipo, como um adoecimento sem cura. Compreende? —Janja perguntou.

— Compreendo! — lhe afirmei.

— Que bom. Caso tenha interesse pequena, você pode ir comigo algum dia conhecer a casa que frequento, e até mais, pode também se aprofundar em conhecer essa religião. — ela disse.

— Pode ser. Posso pensar? — perguntei.

— Claro meu amor, tudo no seu tempo. —a primeira dama sorriu para mim e fez-me um carinho no cabelo, liberando-me em seguida para ir fazer algo que eu quisesse ou estivesse afim de fazer no momento.

Me despedi da primeira dama e estava indo para o quarto onde estava dormindo. Não o considerava ainda meu quarto, talvez nunca irei considerar, porém é onde estou dormindo, e o único lugar o qual eu e meu irmão temos para ficar. No meio do caminho ouvi alguns sons e a voz do meu irmão vindo de um outro quarto que tinha diversas luzes brilhando e piscando, fiquei curiosa e fui até lá, quando cheguei me deparei com Heitor jogando um jogo de corrida de carros em um console e uma televisão enorme, me aproximei e sentei do lado dele.

— O que está jogando? —perguntei dessa forma para evitar patadas desnecessarias que ele obviamente faria se tivesse a oportunidade.

—Um jogo de corrida de carro, não está vendo? — me respondeu sarcástico.

— Na verdade estou vendo um rato retardado tentando jogar um jogo de carro. — alfinetei meu irmão e sorri ao ver que o mesmo caiu em minha provocação.

— Ora sua.. — parou de jogar e jogou-se em cima de mim, me enchendo de cócegas enquanto eu ria sem parar.

— Pare! Pare! Eu irei fazer xixi na calça!— dizia entre gargalhadas e ele continuava.

— Pois então vai fazer, bebezão! — ele disse enquanto ainda fazia-me cócegas e ria da minha própria risada.

— Estão se divertindo pelo jeito. — paramos por um instante encarando um ao outro e então viramos nossas cabeças em direção a porta vendo a figura do atual presidente nos olhando da porta —Atrapalhei vocês? Desculpe, não queria. — ele disse e quando eu iria responder, meu irmão disse primeiro.

— Não, só nos assustamos porque achamos que estava no palácio do Alvorada e não aqui. — disse enquanto saia de cima de mim e sentava no puff de antes.

—Posso me juntar a vocês? — nos olhamos e encaramos ele novamente — Para jogar. — apontou para o console a frente de nós.

— Sim. — respondi — Mas eu não estou jogando, só vim por conta de que ouvi meu irmão. — encarei meu irmão e sorri já sabendo o que fazer para me vingar das cócegas —Ele está mesmo precisando de umas aulas sobre jogabilidade boa, o coitado do carro está pedindo socorro ao Relâmpago Mcqueen. — ri da cara de indignação do meu irmão.

O presidente então se aproximou de nós e sentou-se no terceiro puff, pegando a manete e jogando junto com meu irmão. Eles estavam disputando uma corrida e eu apenas estava observando tudo, até mesmo o nervosismo de meu irmão por estar perdendo para um homem de 78 anos de idade. Foi cômico e me vi gargalhando alto em algumas vezes e isso deixava meu irmão mais indignado ainda por isso estar acontecendo. Talvez na cabeça dele, o senhor presidente não iria ganhar por ser um senhor de idade mais avançada, porém era exatamente o contrário que estava acontecendo, era meu irmão quem estava levando uma surra no jogo de um senhor de 78 anos. A frustração de ter perdido era muito perceptível em seu rosto e Heitor até mesmo pediu revanche ao presidente Lula.

— Bom, presidente, que tal uma revanche? — propôs enquanto o presidente colocava a manete junto ao console, o desligando em seguida.

—Quem sabe uma outra hora. Agora precisamos jantar, amanhã vocês tem aula. — ele respondeu.

— Mas vamos mesmo jogar? —meu irmão perguntou, a voz igual quando ele pedia um pouco de atenção de nosso pai, e isso me doeu um pouco.

—Sim. Eu prometo! —disse e estendeu a mão para apertar a de meu irmão, e assim que o fez saiu do quarto, e eu vi meu irmão sorrindo saindo para jantarmos.

Após o jantar, a primeira dama fez o mesmo de sempre, nos mandou escovarmos os dentes e depois disso nos colocou para dormir. O próximo dia seria longo, mas acho que após tudo que estava acontecendo, a escola seria o menor dos nossos problemas.

♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡   ♡   ♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡

Oi meu povo, sumi mas voltei! Vocês sabem que sempre que algum personagem diz que será "o menor de seu problema" é pq uma bomba está para acontecer. Bom o capítulo foi esse, até uma outra hora.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Feb 03 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

caos em 2023 - Janja e LulaOnde histórias criam vida. Descubra agora