Capítulo 33 "Porque não tenta todos os três?"

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Entrei dando passos largos e confiantes, com a cabeça erguida, em minha mão a espada do Chamgseob e o que eu transmitia em meus olhos era fúria. Minha roupa estava suja de sangue, no entanto, não me importava de mostrai isso a eles, muito menos que tinha um ferimento em meu corpo, pois não tinha.
Won-Cho que estava surpreso, porém, tentava disfarçar com um olhar de decepção, o que não estava funcionando no meu ponto de vista.
Subiu no palanque e fiquei de frente para Won-Cho.
Todos me olhavam, eu sentia eles me olhando, muitos com medo de ver uma pessoa que estava morta bem na frente deles, como se não tivesse acontecido nada, porém, minha roupa deixava claro que eu estava morta, e eu estava, senti isso, senti minha vida fora do meu alcance.
- Por que não tenta todos os três? – questionei a ele, fazendo vozes dos meus amigos gritarem em uma comemoração.
Ergui mais ainda a cabeça e sorriu, meus amigos e meu marido me davam uma confiança que nem eu sabia que eu tinha.
Won-Cho olhou em volta como se estivesse procurando o apoio de alguém, mas ali, não tinha ninguém ao seu lado.
- Vamos começar! – Won-Cho gritou me fazendo esperar pelo seu ataque.
Eu estava muito mais poderosa do que antes, estava mais confiante, mais livre, eu sentia tudo isso e transmitia para todos.
Won-Cho ergueu a espada e me atacou, desviei como se não fosse nada além de uma criança avançando sobre mim, o que Won-Cho realmente era, uma criança mimada que não sabia perder, queria saber como ele tinha feito a alquimia sem ter ninguém além de mim e Chamgseob. Esse era o ponto, como ele havia conseguido fazer a Alquimia, provavelmente tinha mais alguém lá e nem eu e nem Chamgseob percebemos.
Não fazia sentido, não teria como, eu teria percebi se tivesse alguém lá. Bem, talvez não, eu não estava totalmente focada a minha volta naquele dia, estávamos tão concentrados com o plano dando certo para enganar a vocês que bem, deixei de prestar atenção a minha volta, alguma coisa aconteceu lá e eu preciso ver.
Desviei de um segundo ataque passando por baixo da espada dele, girai a minha espada em cima da minha cabeça lançando uma bola de água na sua direção, ele caiu para trás, o corpo da mulher parecia fraca perto do meu, não podia julgar, provavelmente ela era apenas uma concubina ou alguma ajudante da rainha.
Virei para Ahnsoon que me olhava de longe, olhei para sua irmã que fazia o mesmo.
- Conhecem ela? - questionei as duas que negaram com a cabeça.
Então ela não era do palácio, era alguém de fora.
Olhei para ela caído no chão que agora se levantava.
- Como fez a alquimia? - questionei.
Ele começou a rir, sua risada feminina parecia louca, fazia com que ele parecesse mais louco que já era, ele avançou na minha direção e eu desviei, segurando o pulso da mão a onde estava a espada, bati nas costas da mão, a espada dele caiu perto do meu pé, a chutei para longe e entortei seu braço para trás, ele gritou e começou a cair.
Olhei em seus olhos, a alma da menina já estava morta e bem, eu era a Rainha dos Mortos e ela tinha que falar com a sua rainha.
Estava em um local escuro, como na mente de uma pessoa, a mulher estava lá, no centro, ajoelhada, chorando, lamentando algo.
- Como ele fez a alquimia? - questionei a ela, caminhando lentamente.
Ela me olhou com súplica.
- Eu fui atrás dele para chamá-lo, o rei estava o chamando, quando a sirene tocou eu estava lá com ele, caído, morto, pelo menos foi o que eu achei. - ela se lamentou mais um pouco. - Ele segurou meu pulso e colocou uma bola azul no próprio sangue, de repente tudo estava no ar, uma nuvem preta, logo em seguida eu estava flutuando, depois, aqui. - ela gesticulou.
- Foi contra a sua vontade! - lembrei. - Isso significa que o corpo vai começar a rejeitar a alma.
Ela ficou ali, me olhando.
As três irmãs apareceram.
- O quê deseja para ela, minha rainha? - questionou a mais velha.
- Leve ela para onde vocês designarem ser melhor por sua vida e o que ele fez durante a sua vida. - respondi.
Elas sumiram junto com a mulher.
Alguém segurava meu pulso que segurava a mão de Won-Cho, ele olhava para mim com os olhos arregalados. Subi o olhar para a mão em meu pulso, Chamgseob olhava fixamente para ele, com seus olhos brilhando em azul, um pouco de laranja deixava tudo mais belo.
- Ela está falando a verdade! - ele respondeu com o azul sumindo.
Concordei com a cabeça, ele me olhou, com uma profundidade em seu olhar que tudo parecia calmo e certo e, ao mesmo tempo, duvidoso e errado.
Soltei o braço do Won-Cho, ele caiu no chão, o corpo dela era tão frágil, uma lágrima escorreu por minha bochecha, meus lábios estavam entre abertos, se eu a tivesse visto, isso não teria acontecido, se eu a tivesse impedido, nada disso teria acontecido.
Um chute no meu estômago me fez voltar do transe, Won-Cho se levantou e empurrou a mim com Chamgseob para longe, ergui a cabeça abrindo os olhos, ele havia sumido, Chamgseob olhou para mim preocupado e agora, sem acreditar.
Me levantei com ele logo depois se levantando, ele segurou meu rosto com ambas as mãos, me olhando nos olhos, seus olhos saíram do azul para o laranja, tudo estava tão calmo com ele ali que eu nem me dei conta das pessoas a nossa volta, ele juntou sua testa na minha fechando os olhos, fiz o mesmo logo sem seguida, senti seus lábios sobre a minha testa.
- Você está bem! - sua voz saiu como se ele não acreditasse.
Sinceramente, talvez ninguém estivesse acreditando, nem eu mesma acreditei, mas agora, sentindo seu corpo quente contra o meu, o vento gelado a nossa volta, seus lábios contra a minha pele, queria mesmo beijá-lo, queria mesmo acabar com aquela sensação de mais, se sentir seu corpo sobre o meu.
O fogo no peito, aquela sensação do frio na barriga novamente, queria tudo de novo.
- Está viva! - ele me afastou, me olhando nos olhos. - Como? - questionou ainda sem acreditar.
Sorri.
- Deveria acreditar mais no seu poder, meu marido. - respondi confiante.
Ele baixou a cabeça e sorriu para mim, ergueu a cabeça e me abraçou, me puxando pelo ombro e pela cabeça, ele apoiou a sua cabeça na lateral da minha, encostei minha cabeça no seu peito.
Fechei os olhos, colocando meus braços em volta da sua cintura, queria soltar o ar, acabar com aquilo.
- Eu estou tão cansada. - falei apenas para ele ouvir.
- Eu sei. - ele disse. - Isso já está acabando.
Concordei com a cabeça.
- Por favor... - fiz uma pausa saindo do seu abraço, lágrimas escorria dos meus olhos. - Me ajuda! - implorei.
Ele confirmou com a cabeça secando minhas lágrimas com os polegares.
- Eu estou aqui agora. - ele me abraçou novamente.
Coloquei meus braços em volta da sua cintura e tudo ficou escuro, de repente uma tontura me fez cambalear, me afastei sentindo falta de ar, fechei os olhos e respirei fundo, ainda estava perto demais dele, quando abri os olhos ele me olhava preocupado.
- Você está branca, o que foi? - questionou.
Neguei com a cabeça. Virei para os gêmeos que estavam atrás de mim.
- Precisamos ir atrás dele. - falei.
Os gêmeos concordaram, Dan e Gang viraram para a família e passou por eles, minhas primas vieram na minha direção, me apoiei em Chamgseob sentindo minhas pernas moles, foi por causa da luta e do poder que usei para voltar a vida.
- O que vamos fazer? - questionou Ahnsoon.
- Pede para o seu pai fechar a cidade, ninguém entre, ninguém sai. - respondi.
Hada e Sung Hoo vieram na minha frente logo após que as princesas saíram.
- Vamos nos quatro procurarmos por ele. - apontei para nos quatro.
Os três concordaram, virei para sair, Mestre Lee entrava na Assembleia.
- Quer acabar com ele? - me questionou.
Parei de andar e fiquei na sua frente.
- É o que eu mais quero. - respondi, agora com a maior certeza.
Ele olhou para mim com medo do que ia falar.
- Acabe com a Alquimia das Almas. - disse sem ao mesmo precisar explicar o que aquilo queria dizer.

Alquimia das Almas: Amor e Lado NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora