Quando te conheci (em revisão)

Sofia

05:59 da manhã de uma segunda-feira. Uma garota de cabelos longos e olhos pretos acordava em um quarto espaçoso e todo trabalhado na cor rosa. Ela levanta seu braço esquerdo ainda deitada e sua mão pousa levemente em cima do seu alarme com o formato de coruja, segundos após o mesmo apontar 06:00 e ele começar a emitir o barulho certamente irritante ela desligava a pobre coruja de metal. Seus olhos permaneciam em direção ao teto que por sinal era rosa e no centro dele tinha uma lâmpada Led com o formato de globo. Os olhos da garota se moviam rapidamente para a porta como se já soubesse que algo iria acontecer, sua boca se abre lentamente e ela começava a falar em um tom baixo às mesmas palavras que iria ouvir segundos depois.

- Sofi, hora de acordar!

Era uma voz feminina que vinha de fora do quarto da garota, o nome da portadora dessa voz era Selly, a mãe de Sofia. Uma mulher de aproximadamente 45 anos bem conservada e atlética.

Sofia se levantava da cama quase se arrastando, era o famoso luto pelas férias. Aquela segunda-feira viera para ceifar de vez a dona férias, que Deus a tenha. Sofia passou 10 minutos para escolher a sua roupa para o primeiro dia de aula e no fim a garota vestiu uma calça Jeans rasgada que por sinal esses rasgados não são da calça, foi um acidente envolvendo a sua cadelinha cujo nome é Lulu, não se enganem pelo nome a cadela dela é enorme, não me perguntem a raça, não sou bom com raças. Após a calça ela escolheu uma camisa de cor preta com o desenho da Grifinória em suas costas. E por fim ela foi para o seu fiel companheiro all star que já tinha 2 anos de uso e estava em perfeito estado só Deus sabe como, vai ver ela não comprou pela shopee. Após se arrumar e tomar seu belo café da manhã Sofia vai até Lulu e coça a sua barriga como todo dono de pet faz antes de sair para a sua missão diária.

Após embarcar na sua carruagem de metal, o famoso transporte público ela saca de seus bolsos um fone Bluetooth da cor rosa e enfia em seus ouvidos, sim ela adora rosa. A garota vai passando por todas as Playlists do Spotify e para em uma de música clássica. Quando criança Sofia tinha um grande sonho de ser pianista, chegou até a fazer algumas aulas de piano com a sua tia Margaret, mas nunca tivera apoio dos seus pais para isso, infelizmente Sofia estava seguindo o sonho de outra pessoa e foi matriculada em Medicida pela sua mãe Selly. Não é como se ela não tivesse tentado protestar contra a decisão mas a garota nunca foi devidamente ouvida, ela acabou desistindo de tentar lutar e só seguiu a maré torcendo para se afogar antes que terminasse o percurso.

Após chegar em sua faculdade Sofia passava reto pelos corredores enquanto ouvia Mozart, sem perceber as pontas dos dedos de sua mão esquerda tocavam sua coxa esquerda seguindo as notas da música bem devagar e preciso, aquilo já era uma mania tão natural que nem ela percebia, isso continuo até a sua sala e até mesmo depois de sentar no canto inferior esquerdo bem longe da porta e da visão de sua professora que já estava em sala meia hora antes. A professora usava um jaleco branco bem típico de professores universitários, ela usava uma calça bem refinada que nem Sofia sabia dizer de onde tinha saído aquilo, mas ela sabia que provavelmente foi bem caro.

- E eles ainda dizem que não ganham muito, essa tá a cara da penélope charmosa

Pensou a garota enquanto analisava de cabo a rabo a professora nova. Foram longas horas de aula e para Sofia era como se fossem semanas de tortura mental, ela só conseguia pensar em vazar dali. Ela pensou em tudo, até em planos de fuga caso a faculdade começasse a desmorona ou pegar fogo, menos na aula. Depois de tanta tortura era hora do seu descanso antes de ir para a casa. Sofia senta em um banco em uma parte um pouco isolada de todos e saca de sua bolsa um caderninho meio velho seguido de uma caneta azul. Era um caderno de notas, sim, notas de piano, mesmo sem praticar mais ela seguia ouvindo com frequência música clássica e tentava criar as suas próprias apenas anotando no seu caderno, a garota nunca tocou nenhuma música que fez, mas sempre escrevia. A experiência é quase a mesma de por o cigarro na boca e não acender. Ela passou cerca de 1h pensando em suas músicas, anotando as notas e ouvindo mais música, em alguns intervalos ela olhava o balançar das árvores e o céu só por olhar e sem pensar nada apenas para esvaziar a mente, mas antes de sua mente relaxar o seu telefone toca e interrompe a Mozartz, ela pegou o celular com a sua mão direita e sua felicidade da adeus em um piscar de olhos. Ela atende e aproxima de seu ouvido, a garota passa alguns minutos conversando com alguém.

- Espe- Som de chamada encerrada.

Seja lá quem for que estava conversando com ela desligou na sua cara. Sofia põem a mão em cima do coração e sente seus batimentos, ela respira fundo e olha para o chão e seu all star de dois anos bem conservado, ela começava a contar quantas pedras tem no chão, olhava a cor de seus sapatos, quantas folhas existiam no chão, até a sua respiração voltar ao normal. Ela já estava acostumada com aquilo, era quase uma rotina diária, depois de um tempo ela sempre melhorava e se forçava a esquecer toda aquela sensação. Ela iria para o seu ponto de ônibus e esperava a sua carruagem de metal que dessa vez nem demorou a aparecer. Ela sobe, passa pela catraca do ônibus e assim que vai sentar a mesma escuta um barulho de passagem negada vindo da catraca, era um rapaz de cabelo cacheado e magricela que foi impedido de passar, ela vê o desespero nos olhos do rapaz, e se aproxima da catraca sacando um cartão de passagem com o nome "Gratuidade" no mesmo. A garota passa o cartão pela catraca liberando o acesso e diz

- Pode passar, eu sei como é isso, ficar sem passagem é um saco.

Na verdade ela não sabia como era ficar sem passagem mas enfim. Sofia sorria genuinamente para o rapaz e logo voltava ao seu lugar, o garoto passa reto e vai se sentar, ela fica um pouco desapontada pois esperava ao menos algum agradecendo, mas logo ela pensava nas palavras de seu pai "Faça o bem sem esperar nada em troca". Ela levantou o nariz e respirou profundamente sabendo que fez a sua boa ação do dia. Logo ela saca novamente seus fones rosa super estilosos e põem em seus ouvidos pronta para ouvir Mozart o resto da viagem tranquilamente, mas logo a sua mente martela.

- Agora que foi o primeiro dia...

Suspira a garota de cabelos longos e olhos pretos.