Capítulo XXX

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[ Simone ]

Há passos lentos, eu sei, mas sinto que bem aos pouquinhos estou chegando cada vez mais perto de Soraya. Tenho arrumado muitas desculpas para fazê-la dormir aqui no alvorada. E tudo isso tem servido para me encantar de novo por ela, já que tenho perdido todo interesse em qualquer coisa ou lugar em que ela não esteja.

Agora pela manhã, ela vai iniciar aulas de hidro na piscina do Palácio dela, e eu que já estava lá a duas noites, resolvi ficar mais um pouco para ver como seria isso e ajudá-la caso precise.

— Vida, já tá descendo — Chamo do pé da escada.

— Já sim — Ela me responde lá de cima.

Encosto no sofá olhando a hora no relógio.

— Vixe Maria, nunca vi demorar tanto para entrar numa piscina, minha nossa senhora — Marina apareceu.

— Pois é.

— Bonito, né? As duas falando de mim — E vem ela vestida num roupão branco, sem maquiagem alguma, os cabelos presos com uma caneta numa espécie de coque eu acho e descalça — Marina, ainda tem bolo? Estou faminta de novo.

— Eita, se não tivesse grávida eu diria que é uma solitária e ainda acompanhada aí dentro dessa barriga. Não faz nem meia hora que você tomou café, filha — Não consegui segurar minha risada.

— Graça nenhuma, Simone. Só por causa disso você vai lá agora na cozinha fazer um copo imenso de suco de limão com mel e pegar meu bolo de nozes, vai, vai anda — Me puxou pelo braço, quase me empurrando.

[...]

— Bom dia — A mulher desejou.

Eu e Soraya olhamos para a entrada da cozinha.

— Filha, essa é a dona Júlia — Marina apresentou.

— Ah, Júlia. Bom dia, bem vinda — Soraya foi até ela a cumprimentando com dois beijos no rosto e um abraço.

— É um prazer conhecê-la finalmente, Heitor sempre fala muito bem da senhora.

Analiso todo o perfil de Júlia. Certamente é um pouco mais velha que minhas filhas, mas nem tanto, deve ter seus trinta e poucos anos de idade, mas com uma aparência que engana bem. É branca, alta, olhos azuis tão penetrantes que me lembram bastante os de Vera (que o diabo à tenha em péssimo lugar). Seu sorriso é largo e muito bonito, os cabelos pretos…enfim, uma mulher exatamente dentro do "padrão" exigido pela sociedade. E obviamente qualquer uma com esse porte que chegue perto de Soraya eu vou me sentir, digamos que desconfortável, mas não iria falar nada, claro.

— Ah, eu posso dizer o mesmo. Por você ele rasgou elogios quando te indicou, disse que você é a melhor que ele conhece.

— Ah, talvez ele tenha exagerado um pouquinho por que é meu amigo, mas faço o melhor na minha profissão, garanto — Riu tímida.

— É claro que sim. Ah, essa é Marina, minha mãe e essa é Simone, minha esposa — Finalmente fui notada.

— Senhora Marina me recebeu muito bem.

— Como vai, Júlia? — Estendo a mão.

— Presidente, é um enorme prazer conhecer a senhora assim pessoalmente, nossa, admiro muito seu trabalho, acho que desde muito tempo — ela demonstra entusiasmo e nervosismo ao se dirigir a mim.

— Muito obrigada pelo carinho e admiração. O prazer é meu — Soltamos as mãos.

— Bom, feita as devidas apresentações, podemos seguir pro jardim, pedi para prepararem um mesa para nós e depois podemos começar, que tal? — Seguimos todas para a área externa.

SPARKS II - Simone e Soraya Onde histórias criam vida. Descubra agora