O teu coração diz que me ama?

*Baseado no episódio 30 de Bir Zamanlar Çukurova

O carro verde água da Grande Dama Hünkar Yaman percorria as estradas solitárias e sinuosas das montanhas de Çukurova. Os tons verdes das árvores e arbustos que cobriam os caminhos, misturavam-se com os olhos cor de esmeralda de Hünkar Yaman. O seu rosto estava iluminado e um sorriso era perfeitamente visível no seu semblante, acompanhado por um brilho sem igual nas suas duas esmeraldas. Todo o seu corpo e a sua alma explodiam de felicidade e sentia-se inundada por um profundo amor. Rasit, conduzia gentilmente a sua Senhora de volta para a Mansão Yaman, encobrindo todos os seus movimentos e encontros, não podendo deixar de notar como a sua Grande Dama, hoje, brilhava como nunca antes tinha visto. Por momentos os seus pensamentos voaram ao passado e podia ter a certeza que, em tantos anos ao serviço da família Yaman, nunca tinha visto aquele sorriso e aqueles olhos brilharem tanto. De facto, a sua Sra. Hünkar Yaman não era a mesma mulher que tantas vezes transportava entre encontros, reuniões e as tarefas da holding. Algo havia mudado na Sra. Hünkar!

No banco traseiro do carro, iluminada pelos raios de sol que batiam no vidro, o rosto de Hünkar era incendiado pelo sol e as suas delicadas sardas sobressaiam mais do que nunca no seu rosto. Presa numa canção de amor, levava na sua mão uma bonita e singela margarida do campo. Olhando para a flor, que horas antes havia sido colhida de um campo fértil, levou a mesma ao nariz e inalou o seu delicado aroma a primavera, que se confundia com o próprio cheiro da Sra. Hünkar Yaman. O cheiro daquela margarida branca levou os seus pensamentos a poucas horas atrás, ficando presa naquilo que viveu na singela cabana de madeira com Ali Rahmet. Depois de ter despertado, desnuda, nos braços de Ali Rahmet, lembrou-se de como estava sentada na varanda da pequena e bonita cabana de madeira, e de como via Ali Rahmet colher do campo uma delicada margarida branca e se dirigir na sua direção, entregando-lhe a flor e abraçando-a com ternura, amor e devoção. Este momento foi envolvido por uma troca apaixonada de olhares e por bonitos sorrisos, que cobriam o rosto de ambos os amantes. Esta lembrança fez com que o seu rosto se abrisse ainda mais e os seus olhos refletissem a intensidade do amor que sentia. A noite que passou com Ali Rahmet permanecerá inscrita no seu coração, como a noite mais cálida, apaixonante e maravilhosa da sua vida, porque, por fim, se tinha sentido amada e desejada pelo homem que esteve sempre presente na sua vida, no seu coração e nos seus sonhos.

No caminho oposto, sozinho, no seu carro preto, Ali Rahmet dirigia em direção à sua Mansão, carregando consigo os momentos preciosos que partilhou com a sua amada na noite anterior. Na sua mão, carregava o lenço que ela lhe tinha dado para limpar o seu rosto, quando estava molhado pela chuva que caía fora daquela pequena cabana de madeira. De rosto igualmente iluminado, levou o lenço ao seu rosto e inalou o cheiro da sua amada. Cada linha de tecido daquele delicado e precioso lenço de seda tinha em si o cheiro e o calor da sua amada Hünkar, o amor da sua vida. O seu rosto florescia ao recordar a noite que tinham passado juntos depois de 40 anos. Passado estes anos, o amor que sentiam um pelo outro existia intocável, como duas almas cristalinas e puras, que nunca se perderam. A noite anterior foi como se tivesse sido a primeira vez para ambos, a primeira vez que amaram alguém e que se sentiram amados. De facto, para ambos, esta foi a primeira vez em que isso aconteceu, porque só agora os seus corações falaram através dos seus corpos. O coração de Ali Rahmet levava agora dentro de si cada beijo, carícia e toque da sua amada Hünkar, que na noite passada se fundiu nos seus braços e se entregou a este amor de forma intocável. O seu corpo ainda vibrava com tudo o que sentiu ao amar a mulher da sua vida. Partilhar um momento tão intenso de intimidade com Hünkar foi algo que Ali Rahmet não esperava que acontecesse desta maneira. Para sempre, esta noite e esta cabana ficaram gravados no seu coração, como o momento mais mágico e apaixonante da sua vida ao lado da sua Sra. Yaman.

Às portas da Mansão Yaman, Saniye e Gaffur se questionavam sobre o paradeiro da Grande Dama. O facto de não ter regressado durante a noite deixava-os inquietos e curiosos. Onde poderia ter passado a noite? Com quem? Estaria bem? De facto, estavam preocupados, porque certamente o Sr. Demir regressaria em breve e faria muitas perguntas, para as quais Saniye e Gaffur não tinham respostas! No meio desta discussão acesa chegou Demir e Züleyha, que saíram do carro e se dirigiam para a entrada da Mansão, nesse instante, o carro verde da Sra. Hünkar apareceu e Demir, frente a tal facto, questiona Saniye e Gaffur sobre de onde a sua mãe vinha a estas horas! Ao que Gaffur apenas lhe respondeu que não sabiam. A Grande Dama de Çukurova, no alto da sua inteligência e sabedoria, aproximava-se tranquilamente, sem qualquer expressão no seu rosto, e falou com o seu filho como se nada tivesse acontecido. Trocando breves palavras com Demir, conseguiu escapar às perguntas do seu filho, ganhando uma vez mais, como a Grande Dama que era! Falando com Gaffur e Saniye, deu mil e uma ordens. Tudo o que ela queria era não ser questionada e ocultar as suas verdadeiras emoções, pois o seu coração fervilhava de amor e felicidade, o que seria quase impossível de não demonstrar no seu rosto brilhante. Os seus fiéis servidores ficaram curiosos, sobretudo Gaffur, que queria ir de imediato perguntar a Rasit onde tinha ficado a Sra. Hünkar durante a noite. Mas Saniye ignorou, ficando satisfeita por ver a sua Grande Dama bem, de plena saúde e viva. Mas isto não ficaria por aqui para Gaffur e para Demir, pois prontamente estariam dispostos a questionar Rasit sobre as deslocações da Sra. Yaman, não sabendo eles que dali não levariam nada, pois este era a pessoa mais confiável da Grande Dama, nunca contaria os segredos e os encontros da Grande Dama de Çukurova.