Capítulo VII

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GOJO

Faz quatro dias que descobri que vou ser pai e a sensação de que estou sonhando ainda não passou.

A gente não precisa de você. 

Fico repetindo as palavras de Utahime em minha mente como uma forma de punição. O fato de ter ficado chateado com as coisas que ela me falou mostra que no fundo eu sei que é verdade, tenho vinte e oito anos e divido o apartamento com meu melhor amigo pois não quero ter muitas responsabilidades e sim, eu transo com várias mulheres e isso nunca foi um problema no meu ponto de vista, mas agora é um problema o suficiente para me manter longe do meu filho.

Puta merda, eu vou ser pai!

Meu pau foi capaz de engravidar alguém, e não apenas qualquer pessoa, era Utahime, Utahime que pelo visto não deseja ver nem meu nome na certidão de nascimento da criança.

— O que eu faço?

— Deveria estudar educação sexual novamente, isso que eu acho.

Olho para Nobara e sua expressão de julgamento é perceptível em seu rosto jovem, seus cabelos castanhos, cortados em estilo Chanel, estão presos em um rabo de cavalo, o que lhe dá um ar de professora chateada.

— Você não sabe que existe a possibilidade de engravidar apenas com o líquido pré-ejaculatório? Mesmo que não ocorra ejaculação completa no canal vaginal feminino?

Porquê parece que estou levando bronca de uma adolescente?

— Nobara, seja mais legal com nosso professor. — Olho para Itadori se preparando pra fazer uma cesta e errando.

— Eu já falei que não sou professor de vocês, e arrume sua postura na hora do arremesso.

— Obrigada... professor. — ele diz a última parte sorrindo. Apenas bufo em resposta. 

— Se você não quiser ser chamado de professor, então pare de dar aula para eles como um.

— Eu tô começando achar que você me odeia, Nobara.

— Claro que não.

Não sei bem como começou, mas já faz quase um ano que os conheço, certo dia eu estava jogando basquete com Geto quando Itadori se aproximou perguntando se poderia jogar com a gente, nós topamos. Voltei a encontrá-lo na mesma semana jogando na quadra com seu amigo e nossa digníssima Nobara assistindo eles jogarem, já que ambos jogam no time de basquete da escola. Por motivo nenhum resolvi me aproximar e dei algumas dicas para eles, e desde então todas as quintas às seis horas da tarde nos encontrávamos para treinar.

— Mas o que você vai fazer? — Megumi pergunta. Ele (que é filho do dono do bar que fui mais Ieiri e Geto no sábado) dos três amigos é o mais quieto.

— Eu não sei, não faço ideia do que devo fazer, estou tão fodido que acabei contando para três adolescentes que engravidei uma pessoa em vez de meu melhor amigo. 

— E não me sinto muito honrada em saber disso, achei que pessoas aos trinta anos eram mais inteligentes. 

Nobara está mexendo no celular enquanto me insulta sem muito esforço.

— Eu tenho vinte e oito!

— E daí? 

Não vou argumentar pois ela vai dá volta por cima e acabar estando certa. Não sei o que passou pela minha cabeça quando achei que seria uma boa ideia desabafar sobre minha situação atual com três adolescentes de dezesseis anos, mas ou era eles ou surtava. Geto me enchia de perguntas sobre o olho roxo e eu desviava de todas elas, com Ieiri não era diferente.

E falando no diabo, a mesma está me ligando nesse momento.

— Oi — atendo o celular sem muita animação. 

— Geto me falou que você passou a tarde toda brincando com os meninos do prédio. 

— A gente tá treinando para um jogo importante, não é? — viro meu celular para Megumi que está mais próximo de mim, ele faz uma careta mas se aproxima do celular e diz um simples:

— É.

— Viu? — coloco o celular novamente em minha orelha — Isso aqui é importante, então porque está me atrapalhando?

Nesse momento vejo Itadori dar uma girada e fazer cesta, dou um sorriso orgulhoso pois eu ensinei isso a ele.

— Qualquer dia vão te denunciar por passar tanto tempo com crianças. 

— Eles são adolescentes Ieiri, e não falamos nada de mais.

Além de doenças sexualmente transmissíveis e as consequências do uso errado da camisinha, tirando isso? Estamos bem de boas. 

— Certo, mas avisando que hoje vamos jantar na casa de Sofie.

— Não quero ir.

— Mas você vai, seja lá o que você esteja passando talvez melhore quando estiver com nossos amigos.

— Acho difícil.

— Gojo, não me faça ir até essa quadra e puxa você pela orelha, até Utahime que está grávida não botou tanta banca como você. 

—  Utahime vai?

— Sim, hoje descobrimos o sexo do bebê e ela está tão feliz que não se importou quando contei que voltei a fumar. 

— E o que é? — pergunto com um frio na barriga.

— O bebê de Utahime?

Claro, o bebê somente dela.

— Sim.

— É uma menina! — dá um gritinho feliz — Sei que você não gosta de crianças, mas foi tão emocionante.

Em que momento da minha vida eu falei que não gostava de crianças? Olha para Itadori, Nobara e Megumi, me dou super bem com eles.

— Não vou me aprofundar no assunto, mas eu espero encontrar você hoje a noite, ouviu?

Grunhi uma resposta e ela desliga, jogo meu celular ao meu lado e coloco as duas mãos em meu rosto tentando ficar calmo, mas o frio em minha barriga e meu coração batendo mais rápido não estava ajudando.

— Você tá bem? — ergo a cabeça e os três jovens estão me olhando com semblantes de preocupação. 

— É uma menina. 

Por alguns segundos eles não dizem nada, até mesmo Nobara que sempre tem algo a dizer. Megumi pega meu celular que acabou caindo no chão e entregar em minhas mãos com cuidado, já Itadori está olhando para mim com um sorriso no rosto. 

—  O seu filho é uma menina? Meus parabéns!

— Meninas são mais legais. — Nobara diz com convicção. 

— Eu acho que você vai pagar todos os seus pecados por ser um libertino, meu pai também é um libertino mas ele deu sorte por eu ter nascido homem, espero que sua filha não deixe você careca. — Megumi finalizar seu comentário com um dá de ombros.

Olho para os três e dou uma risada.

— Sabe, vocês são os melhores não alunos que eu poderia ter.

— A gente sabe.

Os três voltam a fazer o que estavam fazendo antes e eu os agradeço mentalmente por me ajudarem a tomar uma decisão.

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