Capítulo 11

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Papai, no entanto, apesar da compostura durante a noite me chamou em seu escritório pela manhã.

– Tem muitas coisas que admiro em seu irmão...– ele se levantou de sua cadeira enquanto eu permaneci em pé a frente de sua mesa.

– ... ele sabe quando se calar.--

Engoli seco.

– Deveria pedir que lhe ensine tal habilidade.-- ele andou até uma das estantes.

– Papai eu só...–

– Não me lembro de permitir que falasse...–

Ele andou em minha direção, tirando uma das luvas. Estávamos a sós, nenhum serviçal nem mesmo Marta ficou por lá.

– Enfim, para alguém que não tem permissão para sair, a senhorita estava cheia de opiniões sobre um lugar em que nunca esteve...–

Senti meu coração acelerar e minha boca ficou seca.

– Então me diga, noivinha, o que sabe sobre vilarejo?--

– Eu não sei nada...– mentir para serviçais era fácil, papai era intimidador, O Grande Caçador que dominou terras e matou selvagens. Estava olhando nos meus olhos e com toda certeza conseguia ouvir cada um de meus ossos se estremecendo.

– Não sabe?-- arqueou uma das sobrancelhas enquanto eu tentava não fazer contato visual.

– Acho que ouvi alguém comentando sobre...–

– "Alguém" quem?--

– Eu não sei papai...– o desespero tomava conta de mim, eu queria chorar mas a vontade se travava em minha garganta. Meu peito doía e minhas mãos suavam.

– Não minha pequena... Você sabe.-- puxou uma das poltronas e se sento.

Minha cabeça doía e não consegui pensar com clareza para poder dizer qualquer coisa.

– Escute, no momento pouco importa o que você significa para os anciões. Você vai me dizer o que sabe, do contrário pode se acostumar com a fechadura nova que irei providenciar para seu quarto. – senti um choro preso em minha garganta, como um nó. Travava minha fala e doía mais do que minha cabeça.

Namjoon não demonstrou raiva, não era histérico mas apenas sua presença me intimidava, como se a qualquer momento eu pudesse acabar como o lobo no aniversário de Seokjin.

Tentei emitir algum som mas estava paralisada. Senti meu rosto molhado, minha visão borrada e minhas pernas fraquejarem. Perdi a compostura e me deixei desabar chorei como a criança que eu era. Eu queria gritar. Repeti como um mantra as palavras "Eu não sei" enquanto chorava em desespero, sentindo cada função motora de meu corpo desistir de mim, caí de joelhos enquanto papai assistia meu desespero com um sorriso.

Sem mais paciência, Namjoon se levantou, veio até mim e me ergueu para que eu ficasse em pé. Meu rosto estava vermelho, quente e inchado. Ele se abaixou apoiando um dos joelho no carpete de pelo de urso, ficou quase na minha altura e sorriu.

Foi quando senti o choque em meu rosto, a ardência crescente e o cheiro metálico de sangue. Nunca havia sentido tal sensação, ninguém jamais havia encostado em mim e foi horrível. O impacto me levou ao chão e sem saber como reagir cobrir a região atingida com minhas mãos.

Não apenas pela dor mas imaginar que meu próprio pai levantaria a mão contra mim, contra todos os princípios me apresentados.

– Pare de drama... você ainda é uma Kim aja como tal –

A porta se abriu.

Garota de PorcelanaOnde histórias criam vida. Descubra agora