FLORA SCARPA
No dia seguinte.Respiro fundo ao desviar meu olhar pelo meu novo quarto e encontrando com inúmeras caixas espalhadas pelo cômodo. Só de imaginar ter que arrumar tudo aquilo já me deixava cansada, eu poderia deixar tudo isso dentro das caixas para quando for embora para Inglaterra? Poderia, mas algo em mim não deixava.
Eu não ia conseguir deixar minhas coisas dentro daqueles caixas por meses.
Caminho até uma pilha de quatro caixas uma em cima da outra e abro a primeira. Rapidamente um sorriso brota em meus lábios quando vejo o que tem dentro dela: Meus porta-retratos.
Eu amava tirar fotos e fazer delas porta-retrato. Amava essa sensação de "lembrança" que todas as fotos me causava, eu ainda era o tipo de pessoa que revelava as fotos para ficar me recordando dos momentos vividos e sinceramente? Era uma sensação tão gostosa. Não entendo porque as pessoas deixaram de revelar fotos.
Levo minhas mãos para dentro da caixa e tiro o primeiro porta-retrato observando a foto. Era eu e Clarissa abraçadas enquanto choravamos ao mesmo tempo la no Uruguai assim que ganhamos a competição de dança.
Eu só não sabia que aquela competição séria a última vez que Clarissa Fortanna iria dançar. Ela se despediu da dança e eu nem sabia que essa profissão não era algo que ela sonhava em seguir futuramente. Nunca entendi perfeitamente o porquê dela não querer isso, mas chego a dizer que deve ter algo relacionado com sua família.
Clarissa nunca teve uma boa relação com eles.
" — Nós ganhamos, Lissa. Somos as melhores. — falei entre o choro enquanto abraçava minha amiga fortemente. — Nós conseguimos depois de tanto estresse.
— Eu falei que eu não vinha para perder, Flora.— Lissa brincou e eu soltei uma risada baixinha. — Clarissa Fortanna não nasceu para perder, pensei que me conhecesse melhor. — provocou. — Mas eu também não nasci para dança. — completou e eu ergo uma sobrancelha ao me afastar do abraço e olhá-la encontrando-a com um sorriso confortante nos lábios.
— Não estou entendendo, o quê você quer dizer com isso? — perguntei confusa ao encará-la.
— Tá tudo bem, vamos comemorar primeiro? - ela chamou ao mudar de assunto, Clarissa sempre foi assim. — Prometo que te conto tudo depois. — garantiu e eu suspirei ao concordar com a cabeça. "
Teríamos sido uma dupla infalível na dança se ela não tivesse se "aposentado" dessa profissão.
Coloco o quadro em cima da mesa de vidro e volto com meu olhar para dentro da caixa fazendo uma careta em seguida ao ver o próximo porta-retrato.
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CONTAGEM REGRESSIVA ― JOAQUÍN PIQUEREZ
FanfictionPalhaça. Era assim que Flora se sentia com a sua vida. Ela sentia que tudo a sua volta, gostava de pregar uma peça com ela e a fazia de palhaça. Foi assim quando descobriu que era portadora de uma doença. Também foi assim quando ficou sabendo que se...