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Alice Zenere

Nathan me encarava em choque. Meu corpo todo tremeu, como se a descarga de adrenalina fosse excessiva. O tatuado desviou o olhar de mim para o Sebás. Ele não sabia em quem fixar, até que parou em um ponto específico.

▬ Estou esperando ▬ ele falou baixo, franzindo a testa.

Me afastei do Sebás. Minha mãe estava ali, praticamente me pedindo desculpas. Do jeito que conhecia o Nathan, nada o impediria. E era isso que tinha medo. Ele não aceitava "não". Tentei tocar seu corpo, mas ele recuou. Seu olhar ainda estava fixo, tentando entender o que estava acontecendo.

▬ Vamos conversar em outro lugar, Nate ▬ pedi.

Ele me ignorou e se aproximou do Sebás. Seu olhar fixo não recuou em nenhum momento. Meus olhos se enchiam de lágrimas e senti minha mãe me abraçar, me consolando. Tinha medo do que poderia acontecer, mas também não tinha mais forças para impedir nada. Era como se eu só estivesse presente de corpo, sem reação, sem alma.

Não estava sendo do jeito que planejei.

Essa é a Paz, Nathan ▬ Sebás falou baixo, estendendo o bebê para ele ver melhor.

Ela riu baixo, como se entendesse o que estava acontecendo. O tatuado levou a mão até ela, mas recuou do toque. Meu corpo caiu no chão e Clarice ainda me abraçava. Nathan desviou a atenção do bebê para mim e eu só consegui concordar. Meu olhar fixo à ele.

▬ Ela ainda é molinha, mas quer segurar? ▬ Sebás insistiu, mostrando a bebê. ▬ É só não apertar muito.

Paz emitiu um choro baixo, fazendo o tatuado recuar. Ele foi para o primeiro sofá que encontrou e deixou o corpo cair, quase igual à mim. Talvez estivesse começando a entender tudo. Sebás tentou fazer a beber parar de chorar, mas sabíamos que ela estava com fome. Clarice me ajudou a levantar e praticamente fui arrastada até o outro sofá, recebendo minha filha nos braços.

Era algo comum. Para mim. Nathan ainda não estava totalmente confortável com a situação. Sebás se retirou enquanto eu colocava a bebê para amamentar. Clarice saiu em seguida, provavelmente percebendo que era um momento nosso. Paz agora estava calma nos meus braços, apreciando o leite.

▬ Quantos meses? ▬ Ele perguntou e notei seus dedos se moverem, como se ele estivesse fazendo alguma conta.

▬ Fez dois meses agora ▬ falei baixo, observando ela calma.

▬ Sabia que estava grávida quando fugiu? ▬ Ele perguntou e eu neguei.

▬ Descobri quando me mudei de Paris ▬ falei, suspirando. ▬ Estava passando muito mal e fui parar no hospital. Foi assim que a Elisa me descobriu, mas ela não sabe sobre a minha filha. Clarice é a única pessoa que sabe.

▬ Ela também tentou fazer você se afastar de todos? ▬ Ele parecia com raiva.

▬ Clarice não concordou quando eu disse que não te contaria sobre ela ▬ falei e notei uma confusão no seu rosto. ▬ Só que ela não te conhecia, você me faria voltar.

▬ Nunca faria isso, Alice ▬ ele falou suspirando, voltando a olhar a bebê nos meus braços. ▬ Eu já disse, posso ficar em qualquer lugar, porra. Eu abri mão de tudo há muito tempo por você. Não consegue ver? Desde que chegou na minha vida tudo virou uma bagunça, você mudou todas as minhas prioridades ▬ ele subiu o olhar para mim. ▬ E agora uma filha. Porra, eu tenho uma filha. Iria me esconder isso até quando? Um dia ela viria atrás de mim, pensando que sou a merda de um canalha que abandonou a mãe dela grávida.

▬ Provavelmente ela cresceria achando que o Sebás é o pai dela ▬ respondi a verdade, pois esse era meu objetivo.

Apesar do pouco tempo, eu tinha nele uma figura paterna e queria que a minha filha também o considerasse assim.

ALICE ▪ Nate MaloleyOnde histórias criam vida. Descubra agora