O fino lençol vermelho marcava as silhuetas da jovem que sorria, se divertindo no ápice da excitação. A cintura serpenteava devagar, a respiração era controlada ao máximo, na intenção de não emitir sons altos. O garoto, que estava deitado, fazia de tudo para não permanecer estático, mantinha os movimentos repetitivos, e com o olhar vítreo, observava o sorriso no rosto da parceira.

Encantado pelos movimentos e pela beleza da mesma, acariciava-a pela cintura, enquanto ela mantinha uma mão no peito do rapaz, e outra acariciando as próprias "waves" loiras. Os movimentos se intensificavam a todo momento, os raios de sol que entravam pela fresta da cortina — que se sacudia com a brisa —, faziam brilhar os corpos negros, encharcados pelo suor.

— Você é demais, garota! — sussurrou o rapaz, encarando a parceira.

— É, eu sei, eu sou foda! — disse ela, sorrindo, levantando o rosto em seguida, de olhos fechados.

O garoto até queria falar mais alguma coisa, contudo não houve tempo. Uma tremedeira o invadiu, um espasmo seguido de um gemido apertado, evidenciou o ponto alto daquela atividade matinal. O sorriso da garota se foi, agora mordia os lábios e grunhia feito uma felina filhote.

Os movimentos cessaram, e a garota que encarava o teto, mergulhou num beijo curto, um sorriso, e um beijo intenso. Estavam ofegantes, mas ainda, sim, emitiam o mínimo de barulho possível.

— Eu te amo, Juliana! — sussurrou o rapaz.

— Eu também de amo, Jalil, meu gatinho preto — disse a garota, o beijando outra vez.

E o beijaria de novo, se não tivesse notado uma porta se abrindo ao corredor, primeiro o ranger estridente, depois os passos arrastados.

— Merda, minha mãe está vindo!

Jalil arregalou os olhos ao ouvir tais palavras. Deixou Juliana sobre a cama e pôs-se a catar as roupas no chão, conseguiu vestir o short, mas percebeu não ter tempo para vestir a camisa, e sorrindo saiu pela janela. Segundos depois, a mãe abriu a porta e anunciou o amanhecer.

— Acorda minha princesa, já está na hora de ir para a escola! — num bocejo cansado a mãe entrou no quarto — Nossa garota, num frio desses e você dormindo de janela aberta? — questionou, ajeitando o vestido de bolinhas, cruzando os braços em seguida — Meu Deus! Só pode estar com febre né, num frio desses e você está toda suada!

A garota desdenhou do assunto, enquanto Jalil caminhava com dificuldade pelo beiral do segundo andar, num passo em falso, escorregou, por pouco não caiu em meio ao jardim, ficou pendurado, segurando em uma barra de ferro que prendia a calha.

— Puta merda!

Despertou o homem, se sentando na cama, ofegante e encharcado de suor, tudo não passava de um sonho.

— De novo essa merda! — murmurou ele, dando a entender que tais sonhos eram recorrentes.

Levantou-se jogando os cobertores para o lado, jogando-os sobre a gata que estava também sobre a cama. De pé sobre o tapete felpudo, procurou pelos chinelos, tendo achado caminhou para o banheiro, que era fora o quarto. A gata reclamou, saiu de meio os cobertores pesados e foi atrás do dono.

Após a ação comum das madrugadas, o homem lavou as mãos encarando o espelho, jogou um pouco d'água no rosto, suspirou e saiu. A gata de pelos pretos brilhantes caminhava rentes pernas do dono.

— Aí criatura, me dá paz — reclamou o homem —, vai comer sua ração, vai, Imani!

A gata, como se ouvisse o dono, mudou o rumo, e caminhou para o pote de rações. Quatro passos e Jalill estava na sala, catou o celular sobre a prateleira do painel da TV, desbloqueou o mesmo e sentou-se numa cadeira de bar amarela, com a logo de uma marca de cerveja impressa, não havia sofá naquela sala.

O Abismo do DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora