Olá, preparados?
"As proteções da casa estão caindo, fazem algumas semanas que tenho sentido que elas vêm ficando mais fracas a cada dia que passa e isso é algo preocupante para nós e tem me obrigado a tomar medidas, que achei que não seriam necessárias até que Shara estivesse pelo menos perto de completar seus cinco anos, ela mal tem dois e isso me desespera..."
Shara parou... soltando a respiração, enquanto segurava a carta de forma trêmula em suas mãos, absorvendo cada palavra dita por ela e incapaz de conter sua crescente raiva e dor. Aquele que era apenas o primeiro parágrafo de uma carta de quase duas páginas, que ela não poderia continuar a ler... não por que ela não quisesse, mas sim por que seu estomago não deixaria, ela se levantou desnorteada, tudo aquilo a deixava doente, ela colocou uma das mãos sobre a barriga... ela precisava com muita urgência vomitar, as lágrimas começaram a se acumular em seus olhos, e ela numa ação involuntária apertou a carta contra o peito com bastante força, era da sua mãe, era a letra dela, aquela mulher sobre a qual, ela não sabia nada, confirmava ali aquilo que agora era óbvio, Shara era filha deles... Shara lutou para conter um soluço angustiado, seu interior gritava, e quando ela achava que nada mais teria esse potencial destrutivo, a vida vinha e simplesmente lhe tirava o chão, mais uma vez... ela deu um passo para frente, sabendo que não aguentaria segurar por muito tempo, então ela soltou a carta com certa resistência, ainda que aquilo fosse da mulher mais importante da sua vida, mas não foi escrito para ela, aquilo era dele... O pergaminho caiu aberto no chão, se juntando aos demais itens em desordem que estavam espalhados ali.
Ela caminhou até o banheiro como quem caminhava uma milha, nunca foi tão difícil fazer aquele trajeto antes, ela se apoiou contra a pia, deixando as lágrimas caírem livremente, enquanto se olhava no espelho e não se reconhecia... talvez agora ela finalmente devesse, ela tinha uma identidade e finalmente uma história... não haviam mais segredos a seu respeito, aquela era a verdade sobre o seu passado, estava tudo ali, as perguntas cessariam... e doeu saber... que por todo esse tempo, ele sabia... sim era uma dor esmagadora, e por mais que tivessem havido momentos difíceis em sua vida, nada, absolutamente nada se comparava a aquilo, nada poderia... era uma mistura de tristeza, de raiva e de traição que parecia querer sufocá-la, Shara teve que se curvar, apoiando as mãos ainda trêmulas na borda da pia. Seu estômago revirava, e uma onda de náusea veio tão forte que ela mal teve tempo de se virar antes que o vômito escapasse de sua boca. Depois de alguns momentos angustiantes ali, quando Shara sentiu que finalmente poderia controlar aquilo. Ela se ergueu um pouco, encarando mais uma vez o seu reflexo no espelho, um rosto manchado de lágrimas, olhos vermelhos e inchados que refletiam todo o vazio, foram anos... e ele sabia... como ele pode?
Ela entendia agora a fúria exasperada demonstrada por ele naquele dia, em que a havia pego com a carta na mão... óbvio, aquela era uma carta da sua mãe, ela esteve tão perto da verdade ali, e aquela não era exatamente uma carta de amor, não... aquilo mais se parecia com um pedido de ajuda, sua mãe parecia com medo ali, e pensar nisso a deixou ainda mais revoltada, já que ele não fez nada, NADA por elas... ele sabia, sim... ele sabia sobre a sua existência, talvez ele não amasse sua mãe, talvez um filho não estivesse nos planos... enfim as hipóteses podiam ser inúmeras, não importava, mas nada mudava o fato de que ele sabia... e não fez NADA - ELE SEMPRE SOUBE – ela gritou para o espelho, sentindo vontade de socá-lo, mas sendo impedida por uma nova onda de enjoos, que a obrigaram a se apoiar mais uma vez sobre a pia, ela fez, evitando um estrago ainda maior ainda ali.
_ELE MENTIU PRA MIM - Shara explodiu em um grito de raiva, assim que acabou, sua voz ecoava pelo ambiente vazio. Esse tempo todo... ele sabia... ele sempre soube. - ELE MENTIU – ela disse mais uma vez sentindo a voz falhar... Haviam tantas evidencias, como fui tola... como pude não ver? ... Ela segurou o colar com força, estava inerte e completamente frio, óbvio... ela sorriu com desgosto para aquilo, ela não poderia perdoá-lo por isso... a magia do colar podia sentir suas motivações, aquele que não era um sentimento bom. Lágrimas de raiva e de tristeza brotaram em seus olhos outra vez, e ela as deixou cair, jurando ali que aquela seria a última noite, a última vez em que ela choraria por isso. E junto com todo aquele choro, Shara sentiu um impulso incontrolável de fugir, sim ela não podia mais ficar ali... aquele lugar não era para ela, era uma farsa, tudo ao seu redor era mentira... Seu coração batia forte e acelerado, sua mente estava uma confusão de pensamentos.
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Destinos improváveis
FanfictionSevero Snape sabia que aquele não seria um ano qualquer, desde que Harry Potter havia pisado em Hogwarts um ano antes, suas expectativas certamente eram as piores possíveis, assim era o que ele pensava, até conhecer aquela garotinha, Shara Epson uma...