Música no Ar

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Olá, meu queridos e seduzentes leitores, muito obrigada por continuarem a ler esta história
Algumas considerações:


# Meu desafio continua, agora dobrado! Cada título continuará sendo uma música de alguma animação Disney – sempre especificado como abaixo – mas agora tentarei ao máximo não repetir as 101 músicas usadas na história anterior. Pode ocorrer – como agora rsrs – mas vou tentar evitar. 

# O roteiro não é o mesmo do filme; embora haja semelhanças, haverá modificações.

Boa leitura


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Música no Ar - O Rei Leão 2, O Reino de Simba

Vá dormir meu Kovu, hora de sonhar

Pois quando você crescer, rei vai se tornar!

Benjamin tentou sair do reino dos sonhos, mas não conseguiu. A superfície em que estava deitado era firme, quente; a almofada, um conforto. O mundo também estava silencioso, um convite mais do que permissivo para que continuasse naquele estado preguiçoso. Seus olhos, muito pesados, se recusavam a se abrir e o sonho o puxava de volta.

Estava na sua festa uma vez mais. Sua festa, mas no reino de Morfeu. Somente os dois amantes na sacada. Ou pelo menos assim sentia já que todo o resto parecia reduzido a um dançante borrão.

Era ela quem detinha sua atenção por inteiro.

Ela é linda e ela é sua. Ela não lhe diz nada. Ela mal se move. Ainda assim, o menor de seus movimentos – a respiração, o piscar lento de olhos – é fascinante, tentador e algo mais... algo mais que ele não sabe identificar, mas que o arrepia além do frio. Talvez seja o vento gelado ou o perfume dela que o faz entorpecer.

Ele se aproxima. Envolve o braço ao redor de sua cintura, esfrega a seda do vestido em um afago antes de colar suas testas. Ela não faz qualquer movimento para repeli-lo, para atraí-lo. Ela somente o olha.

Ele a beija e é frio. Surpreendentemente frio.

Real demais... Errado demais...

Ben se sente petrificado. O coração disparado, martelando suas costelas querendo sair como se estivesse frente a um perigo inominável.

Não faz sentido. Ela não é uma ameaça, ela é minha namorada. Confio nela.

Mesmo assim...

Ela somente o olha... Até repuxar os lábios em um sorriso mínimo.

... Sente medo. E não gosta disso.

Não deveria se sentir assim. Nem sequer lembra de se sentir assim alguma vez com ela.

Seu coração disparado é o único som que ouve. A pele entorpecida parece formigar e então queimar. Seus olhos tão verdes parecem feri-lo e são a última coisa que percebe antes de acordar.

          

A respiração pesada, os olhos arregalados ignorando o peso do cansaço. Sua voz morreu e algo dentro de si se contorce e quer gritar. Apoia-se nos antebraços olhando ao redor em busca de normalidade, querendo desvencilhar sua mente do que ele sentia como pesadelo.

Ainda é noite, ou pelo menos o céu permanece sem a presença iluminadora da maior estrela. E é na penumbra que o príncipe se orienta devagar.

Estava em seu palácio. Uma sala com o chão coberto por colchões e adolescentes em sono pesado depois de aproveitarem até os últimos minutos possíveis da comemoração da pose de seu novo título.

Quase uma festa do pijama, lembrava-se de ter dito à mãe quando pedira pelo conforto de manter os mais próximos por mais tempo e em condições mais acolhedoras, mais íntimas.

Príncipes e princesas, colegas de classe e colégio, meninas e meninos em seus trajes de festa. Algumas joias e sapatos pareciam ter ido parar no assoalho, nos cantos do cômodo; outros não conseguiram se livrar de nada e pareciam parcialmente desconfortáveis em seus sonos, havia ainda sombras e silhuetas que mais pareciam pinturas de tão graciosas, e outros tão enterrados em seus cobertores que poderiam muito bem serem marmotas.

E ali, ao seu lado, tão perto que ele podia sentir o calor de seu corpo, estava Mal. Sua garota. No escuro, seus cabelos poderiam ser castanhos e não roxos. Parecia tão inofensiva, tão imersa em seu sono.

Benjamin esfregou o rosto para afastar aquela sensação ruim do que tinha jeito de pesadelo, apesar de não ter ocorrido nada demais – sequer sabia dizer a si mesmo o que o perturbava tanto – e deitou-se outra vez. Rosto e corpo voltados para ela que era sua e que era real.

Levou a mão para afastar uma mecha de seu cabelo e notou seu colar escapando dos limites do decote, encostando outra vez em seu próprio peito. A esfera verde parecia enevoada e ela claramente era a fonte de calor que o queimara em seu sonho, fazendo-o despertar.

Déjà vu, pensou sentindo de repente a boca muito seca.

Durma seu moleque! Quer dizer, volte a sonhar!

Afastou-se do pingente, mas permaneceu olhando a menina até que o sono o levasse outra vez para outro sonho, outro cenário tão real quanto o anterior.

Não reconheceu, porém havia algo no ambiente que lhe era familiar, algo que fazia seu corpo sentir que conhecia a vista, em um primeiro momento, genérica a sua frente.

Um mar estranhamente calmo a perder de vista. Água escura, ondas fracas. O céu em tons cinzentos, o sol alaranjado na linha do horizonte em um amanhecer que por um breve e estranho momento lhe pareceu embaçado. O cheiro era forte e os sons...

Seus olhos buscaram pelo que seus ouvidos já haviam encontrado: estava em um pequeno deque e não sozinho.

Uma menina de costas para ele, sentada nas tábuas, os pés balançando como se quisessem chutar as águas abaixo. Não consegue ver da garota mais do que a silhueta devido a sua posição tão alinhada ao sol. Só vê os dedos longos, ágeis, trançando as últimas finas e longas mechas.

Isso levou muitas horas, ele pensa a respeito do trabalho de trançar.

Ela não está quieta. Junto com o som das águas, ela cantarola baixinho. Ele não compreende nenhuma palavra a princípio; está distraído demais com o quão bela é a voz: envolvente como uma onda.

Mais do que bela, a voz... a voz o deixa tonto, enjoado. Violentamente enjoado.

— Exilada, perseguida, condenada, sem defesa!

Desvia o olhar da moça e o mantém no horizonte tentando fugir do que sente se acumular na garganta. E focando o olhar onde o sol nascia, surgindo acima das águas, foi que entendeu aquela sutil e breve disformia no horizonte.

A Barreira.

Agora, ele sonha com a Ilha. Não as partes que já viu em sonhos anteriores. Não com a menina que ele tirou de lá.

— Uma guerra que já vem e que vai ser de matar!

O sonho o força a olhá-la. Ela terminou suas tranças. Brinca com o cabelo, joga-o para suas costas. Sua voz continua, agora mais alta, como se chamasse por alguém nas profundezas, como se quisesse acordar a todos.

— A melodia do terror, contraponto do horror! A sinfonia vai tocar!

A voz é linda e envolvente, mas o que arrepia e o atinge é poder sentir a raiva em cada nota, um ressentimento tão profundo que o assusta, o envergonha.

— Vejo um novo mundo a se levantar. Eu já posso escutar!

Ben não vê seu rosto ou seu perfil em nenhum momento. O nascer do sol parece escondê-la em toda a sua luz. Sua voz não desaparece por completo conforme ela afunda no mar; a música perdurando no ar.

Quando o príncipe acorda, já pela manhã e junto com mais adolescentes, ele evita pensar no sonho, nos sonhos. Está cansado como se não tivesse dormido, mas sorri e passa um ar de plenitude. Passa o dia focado em suas tarefas e companhias e esquece verdadeiramente o que sonhou. Porém quando a noite chega uma vez mais, espera não sonhar de novo.

Nosso próximo encontro será em Inocentes! - Não deixe de conferir o Spin-Off com a infância dos personagens

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Nosso próximo encontro será em Inocentes! - Não deixe de conferir o Spin-Off com a infância dos personagens

Seduzentes 2Where stories live. Discover now