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JASMINE FREIRE

Com Ben enroscado em meu corpo, deslizei minha mão sobre os fios castanhos de seu cabelo. A noite anterior tinha sido tão turbulenta me doeu, mesmo não estando no momento em que aconteceu o mau com os meninos. Benjamin conseguiu dormir, mas muitas das vezes acordou no meio da madrugada procurando por Oliver. Ele se sentia culpado de alguma forma, mesmo sendo algo que não deveria, ele não tinha culpa alguma... Torci dentro do meu coração pela melhora de minha amiga, Valentina, e de seu filho, pensar no pânico que o menininho deve ter sentindo ao ver a boneca igual sua mãe, com manchas e derramada a tinta vermelha deve ter sido horrível...

Encarei como o sol estava entrando pela janela, em plena oito da manhã, e acabei me assustando com o movimento de Benjamin, o menino moveu-se para o lado afastando-se de mim. Aproveitei que estava assim e me levantei da cama, pus almofadas e travesseiros por detrás de suas costas para que ele não suspeitasse da minha saída, o cobri e com cautela fui em direção ao banheiro. Banhei meu rosto na água fria, escovei, sendo meu corpo a vítima em seguida. Pus minha saia branca e blusa azul, que comprei alguns dias, e calcei os mesmos sapatos. Deixei meus cabelos úmidos baterem contra minhas costas. Fechei a porta com cuidado e acabei saltando com a imagem de Margarida atrás de mim.

— Nossa... Estou tão feia assim?

Ri da forma que me acusou.

— Não, boba. Só não esperava ver alguém tão rápido.

— Ah, sim... — cruzou os braços — E Ben?

— Dormindo, ainda bem...

— Na madrugada não devia ter sido nada fácil.

— E não foi — suspirei — Mas o que importa agora, é que ele está bem.

— Sim...

— Valentina já chegou?

Assentiu.

— Que ótimo! — suspirei aliviada — Onde ela está?

— No quarto. Eu ia te chamar para irmos falar um pouco com ela.

— Vamos, então...

Contornamos o caminho indo em direção ao quarto da mulher. Batemos na porta e escutamos apenas um “entre” fraco. Tomei a frente e senti meu coração palpitar ao vê-la  sentada na cama com pijamas e roupão por cima, os cabelos molhados denunciaram ter acabado de serem levados.

— Oh, minha amiga... — andei em sua direção e a abracei, seu braço esquerdo envolveu minhas costas enquanto o outro permaneceu por cima de sua perna.

— Jasmine... — sussurrou.

Margarida ficou ao seu lado na cama enquanto eu me agachei ficando próxima de sua perna e com meus olhos focados em seu rosto, tomei sua mão gélida.

— Como se sente?

— Mal... Muito mal... — suspirou — O coitadinho do meu filho não merecia isso...

— Com certeza não...

— Ele é um garoto forte, disso eu tenho muita certeza — diz Margarida — Olha, daqui algumas horas ele vai chegar e... É necessário que você esteja forte e muito feliz por ele para que ele possa abrigar em seus braços.

— Isso mesmo — afirmei — Você será uma fortaleza para ele, principalmente agora...

— E... Pelo o que me disseram — manifestou-se — Ele terá de passar por muitas sessões de terapia. Mau ficará em casa por um tempo — umedeceu seus lábios — Vou dedicar o meu para ele... Darei o meu melhor até que ele fique bem novamente.

A VERDADEIRA FELICIDADE | LIVRO IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora