Patrick
1 mês depois
Já faz um mês que sai do hospital e estou em casa, Apolo me afastou do trabalho e disse que eu só voltaria a trabalhar quando ele visse que eu estava totalmente recuperado.
Terminei meu banho, me vesti e deitei na minha cama, logo o Gabriel apareceu.
- Eai, como vc está?
- Com um pouco de dor nas costas, mas estou bem.
- Que bom, estou indo buscar minha filha e vou passar no mercado, precisa de alguma coisa?
- Não, qualquer coisa eu te mando uma mensagem.
- Tá bom, estou indo lá, até daqui a pouco.
- Até.
Peguei uma coberta, meu travesseiro e desci pra sala. Fui até a cozinha, peguei um pacotinho de bolacha e voltei para o sofá. Minutos depois a campainha tocou, me levantei e fui atender a porta.
- Oi.
- Heloísa? O que vc está fazendo aqui?
- Vim te visitar.
- Entra, vc veio sozinha?
- Não, pedi para o Fábio me trazer e o seu irmão? - Pergunta colocando as sacolas que ela trouxe encima da mesinha de centro
- Foi buscar a minha sobrinha.
Ela sentou no sofá e se enfiou embaixo da minha coberta.
- Folgada.
- Fica quieto.
- Pelo menos seu pai sabe que vc está aqui?
- Sim, ele que me ajudou a comprar essas coisas pra vc.
- Nossa, depois tenho que agradecer a ele por tudo e pagar pelo conserto do carro.
- Não, ele não vai aceitar.
- Como vc sabe?
- Eu perguntei, ele disse que vc estava fazendo seu trabalho, então o acidente é responsabilidade dele.
- Ele fez mais que isso, ele pagou todas as despesas do hospital.
- Aceita que dói menos, meu pai não vai mudar de ideia.
- Eu vou falar com ele, isso não pode ficar assim.
- Patrick, escuta o que eu estou te falando, o senhor Apolo Martins não vai mudar de ideia, não vai adiantar nada querer falar com ele.
- Não custa tentar.
- Tá, seu teimoso, eu estou indo embora - Disse levantando do sofá
- Não mesmo, pode ficar aqui - Falei puxando ela para o meu colo - Eu já estava ficando com saudade de vc baixinha.
- Eu também.
- Como foi na faculdade hoje?
- Bom, muito bom e cansativo. Onde é o seu quarto?
- Pra que vc quer saber onde é o meu quarto?
- Eu quero saber como é, se é organizado.
- Heloísa sua curiosa, vem que eu te mostro.
Levei ela até o meu quarto e fechei a porta. Heloísa foi direto para o porta-retrato que tem uma foto minha e dela.
- Eu também tenho essa foto, ela fica na minha mesinha de estudos, quando eu penso em desistir por estar cansada, lembro da gente e isso me faz continuar.
- Eu também lembro da gente quando eu quero desistir, vc me dá forças pra continuar baixinha.
- Vc já pensou em desistir? Tipo, acabar com a própria vida.
- Diversas vezes.
- Por que?
- Esgotamento mental, antes de começar a trabalhar para o seu pai, eu trabalhava de manhã, fazia faculdade a tarde e depois eu tinha outro trabalho a noite, chegou uma hora que não consegui mais aguentar de tanta pressão e cansaço, eu não tinha tempo pra descansar até que um dia, caminhei até uma ponte e estava decidido a pular, mas seu pai me salvou, me fez largar meus dois empregos e terminar a faculdade.
- Por que vc não escolheu um emprego na área em que fez a faculdade?
- Eu não quis, então seu pai me deu um trabalho e estou até hoje com ele.
- Que bom que meu pai chegou na hora certa.
- Sim, se ele não tivesse me salvado, a gente nunca teria se encontrado.
- Verdade.
- O que achou do meu quarto?
- Melhor do que eu tinha imaginado.
- Como vc imaginou meu quarto?
- Bagunçado, pacotes de comida e garrafas de bebida espalhados por todo canto.
- Não gosto de sujeira, sou extremamente exigente com organização e limpeza.
- Que bom.
- PATRICK, CHEGAMOS - Gritou Gabriel da sala
- Vamos descer, vou te apresentar minha sobrinha.
Abri a porta do quarto e descemos para a sala, Gabriel estava mexendo nas sacolas que a Heloísa tinha trazido.
- Quem trouxe tudo isso?
- Eu - Respondeu Heloísa
- Ah, oi Heloísa, tudo bem?
- Sim e com vc?
- Estou bem também.
- Que bom.
- Heloísa, essa é a minha sobrinha Alana. Alana, essa é a Heloísa, minha...
- Amiga, por enquanto. Muito prazer te conhecer Alana.
- Digo o mesmo.
- Estou ficando com fome, trouxe algumas coisas pra gente...
- Eu e o Patrick cuidamos disso - Disse Gabriel - Vc é visita, não vai fazer nada
- Não me importo em ajudar.
- É bom vc não discutir com o meu irmão, quando ele diz que vc é visita, vc é visita.
- Tá bom então, vou ficar aqui com a Alana.
Pegamos as sacolas e seguimos para a cozinha.
- Amiga é?
- Dá um tempo cara, quando eu sentir que ela está preparada, vou dar o próximo passo.
- Quando ela estiver preparada ou quando vc estiver preparado? Vc não contou pra ela ainda?
- Não, não é necessário ela ficar sabendo disso.
- Por que não?
- O que ela vai pensar de mim quando eu contar que tenho um filho?
- Vc visita ele pelo menos? - Pergunta Heloísa me dando um susto - Conhece ele? Fala com ele? É presente na vida dele?
- Sim, é claro que sim.
- Ah, então está tudo certo.
Olhei surpreso para ela, Heloísa é incrível.
- Vc é muito curiosa Heloísa.
- Não, vcs que não sabem falar baixo, eu e a Alana estávamos ouvindo tudo.
- Sei.
- Então, quantos anos ele tem?
- 13.
- Huumm, qual o nome dele?
- Guilherme.
- Huumm, ele mora com quem?
- Minha tia.
- Por que ele não está morando com vc?
- Eu estou guardando dinheiro pra conseguir um lugar melhor pra gente, quero que ele tenha um quarto só pra ele e tudo que ele tem direito.
- Incrível da sua parte. Quando vou conhecer ele?
- Assim? Tão rápido?
- E daí Patrick? Qual o problema?
- Nenhum, mas eu não esperava que vc quisesse conhecer ele tão rápido.
- Poisé, mais eu quero, então ache um jeito de trazer ele.
- Posso ir buscar ele agora, a Alana vai comigo. - Disse Gabriel
- Tá, pode ser, só avisa a tia que vc está indo.
- Beleza.
Heloísa me abraçou e beijou minha bochecha.
- Se a gente quer ter um relacionamento sério, não quero que vc esconda nada de mim, é o seu filho, não quero que vc se mantenha afastado dele por minha causa.
- Eu te amo baixinha.
- Também te amo.