7: Amor

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Dandara

Yuri voltou para casa de madrugada. Estava muito bêbado. Vomitou por um bom tempo, fiz um chá e ele dormiu depois de o tomar. Não falou para onde foi, se queria ver o enterro de Lisa Tomita ou como soube da notícia do falecimento. Mesmo assim, fiquei contente em apenas saber que ele voltou para casa. Assim o ajudei no que precisava.

Agora, o que eu estou fazendo? O que eu estou fazendo com a minha vida? Parece que cada dia que passa é mais torturante cumprir o celibato. São cinco horas da manhã e eu estou ajoelhada de frente para a parede do meu quarto fazendo uma oração para me distrair e não pensar no abraço de Iwata.

— Que eu tenha forças para ser tão pura e ingênua quanto uma criança. — Aperto os olhos com força ao lembrar das mãos grandes dele tocando no meu corpo. — Que a minha testosterona suma, porque eu não preciso sentir desejo sexual. Meu voto de castidade está mais forte que nunca. Nenhum homem fará eu cair em tentação!

Eu achei linda a atitude do senhor Iwata em me abraçar, me ajudou a relaxar e tirar aqueles pensamentos ruins sobre o Yuri, mas depois veio a desgraça: pensamentos impuros começaram a tomar conta da minha mente. Um homem grande, forte e gostoso como aquele estava me dando apoio. Como minha boca não iria salivar? Quase chorei e não foi pelos olhos.

— Ruti, me dê uma luz. Me coloque num lugar onde não existam homens, porque é difícil conviver com eles.

"Acho que você é um caso perdido, Dan. Pare de rezar e vamos dormir", diz Luci e morde minha blusa tentando me puxar.

— Mas eu vou pensar em homem. — Faço um bico. — Pode ir dormir. Eu vou rezar baixinho.

— Não pense naquele idiota. Ele tocou de propósito no seu seio.

— Não foi de propósito. — Suspiro. — Mas infelizmente eu gostei.

— Gostou? — Ruti pergunta. Olho para trás e engulo em seco.

— Mas eu não queria e você sabe.

— Ficar acordada até tarde faz mal. Vá se deitar.

Sem contestá-lo, deito no colchonete com Luci e me cubro. Fecho os olhos e respiro fundo. Tento me concentrar na imagem de Ruti para afastar os pensamentos ruins.

— Está se esforçando, então vou ajudá-la hoje — sussurra e sinto uma brisa gelada arrepiar todo o meu corpo.

Sinto uma claridade bater nos meus olhos e os abro vendo um lindo campo gramado sendo iluminado pela Lua. Centenas e centenas de estrelas colorem o céu. É uma paisagem magnífica.

— Gostou? — Ruti aparece ao meu lado.

— Eu amei!

— Diga-me, o que acha do amor?

— Não sei. — Dou de ombros e continuo a admirar a paisagem.

— Ama-me?

— Claro! Não há nada que eu não faria por você. Minha vida só faz sentido porque o tenho ao meu lado. — Toco no meu coração sentindo uma sensação de felicidade. — Minha vida é sua.

— Não. Seu corpo, sua alma, sua vida. Você não é minha.

— Mas...

— Não me conteste. — Ruti sorri com ternura e uma viola aparece na sua mão. Ele a entrega para mim. — Cante e toque uma música para mim. A música que achar mais linda.

Sento-me em uma rocha e logo me vem na cabeça a música que sempre cantei quando era criança, a música de Paula Fernandes, Jeito de Mato. Começo a tocar a viola, o som agudo e tranquilo lembra a minha infância no interior de Minas Gerais. Começo a cantar lembrando dos momentos mais doces da minha vida, quando eu era completamente feliz e inocente. Nada me faltava naquela vida simples do campo.

Ainda sinto o cheiro da terra molhada, ouço as cigarras, lembro do gosto do biscoito de polvilho assado no forno a lenha e ainda não achei despertador melhor que o do canto do sabiá-laranjeira.

Começo a chorar ao cantar a última parte da música:
"Sim, dos teus pés na terra nascem flores.
A tua voz macia aplaca as dores
E espalha cores vivas pelo ar.
Sim, dos teus olhos saem cachoeiras.
Sete lagoas, mel e brincadeiras.
Espumas, ondas, águas do teu mar."

Paro de cantar e enxugo o meu rosto com a mão. Ruti bate palmas.

— Sua voz é bela e toca viola como uma profissional.

— Sou neta de um grande violeiro. Não posso tocar mal.

— Algum dia deve tocar e cantar para alguém especial. Alguém que ame de todo o coração, e não estou falando de mim ou Luciel.

— Esse tipo de amor que está falando... Ele não existe na minha vida.

— Talvez realmente não exista na sua vida. Seus sentimentos são muito interessantes, Dandara. — Ele toca na viola, ela some e ele se senta ao meu lado.

— E o melhor dos meus sentimentos eu dou a você e ao Luciel, os únicos que merecem, porque são livres da corrupção humana. Luci pode ser esquentado e rabugento, mas nunca me trairia. Confio minha alma a vocês e nem a minha morte fará isso mudar.

— Seus sentimentos são fascinantes. É doce, mas quando quer ser má, é completamente má. Principalmente quando se trata de vingança. É como eu ouvi você dizer uma vez: "Olho por olho, dente por dente".

— Eu sou ruim?

— Não. — Ele aproxima a sua mão do meu rosto e eu me afasto. — Está com medo?

— Não. Com receio. Nunca tocou em mim, eu nem mesmo sabia que você podia fazer isso.

— Posso. — Ele se aproxima e dá um beijo na minha testa. — Eu farei de você o ser mais lindo do mundo, Dandara. Um dia o seu coração estará livre de todas as mágoas e sofrimentos. Ademais, conhecerá um sentimento novo que a fará feliz como uma criança novamente.

— Melhor que orgasmo?

— Esqueça os orgasmos. Sabe que não terá um por muitos anos.

— Desculpa. — Dou um sorriso sem graça.

Ele dá um risinho e diz:

— Eu te amo.

— Também o amo.

NOTAS
BEIJOS!
O Senhor é bom,
um refúgio em tempos de angústia.
Ele protege os que nele confiam,
Naum 1:7

Ame a mim, Dandara {CEO E FANTASIA} (COMPLETO NO TELEGRAM E HINOVEL)Onde histórias criam vida. Descubra agora