Capítulo 6

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Ps: tem alguém lendo?

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Lena podia ter traumas terríveis graças aos anos que passou em cárcere privado, mas isso não significava que ela era uma garotinha indefesa, que cederia as chantagens e pressões dos Luthors. Na verdade, se fosse pensar friamente, longe de romantizar os horrores que viveu, mas tirando o melhor de uma situação terrível para proteger o próprio cérebro, Lena considerava ter aprendido algumas coisas em cinco anos de tortura física, psicológica e sexual. E uma dessas coisas era não permitir jamais que ninguém a controlasse, caso conseguisse escapar dos domínios de seu raptor.

Agora, livre daquele porão que a assombrava, Lena lutaria com unhas e dentes para que ninguém jamais voltasse a aprisioná-la, nem mesmo seus pais.

Os Luthor não ficaram felizes com sua decisão de se mudar. Não porque fossem sentir sua falta ou das crianças, mas pela repercussão da mídia, que estava em cima deles mais do que nunca, já que o retorno conturbado de Lena era algo recente e veio acompanhado de novidades eletrizantes, como uma criança e um recém-nascido.

Em uma tarde que Kara trabalhava, Lena pediu para Alex, a segunda pessoa que mais confiava no momento, se a mesma poderia ficar no loft por duas horas olhando seus filhos para que ela pudesse fazer uma coisa. Essa coisa, ela acabou tendo de contar para a ruiva para tranquilizá-la, mas pediu que não dissesse a Kara ainda.

— Senhor Luthor, me desculpa, mas sua filha é bem rápida. — Eve, a secretária de Lionel falou, toda ofegante depois de ter corrido atrás de Lena até a sala dele.

— Está tudo bem, senhorita Teschmacher. Minha filha é sempre bem-vinda e não precisa ser anunciada. — o homem barbudo e de cabelos cheios deu um sorriso condescendente, sem levantar-se de trás de sua mesa.

Lena o encarou com uma sobrancelha erguida, sempre suspeitando das palavras e ações do pai, afinal, ele não era uma pessoa muito confiável. Muito menos Lilian.

— A que devo a honra de sua visita? Uma semana só que se mudou, acho que ainda é cedo para estar com saudade. — continuou com o mesmo tom.

— Precisamos acertar algumas coisas. — ela não esperou um convite para puxar a cadeira à frente da mesa do pai, sentando-se. — Em relação à minha herança.

— Oh, herança, hm? Já está querendo se livrar de mim e da sua mãe? Achei que tantos anos longe fosse deixá-la mais... sensível, saudosa, sentimental. Parece que só te deixou mais implacável mesmo. Direta ao ponto. Eu gosto disso, querida. Está parecida comigo. — Lionel deu um sorriso orgulhoso, o que Lena achou repulsivo. — Mas claro, eu desconfiava que seria algo assim. Precisa de dinheiro, certo?

— Estou morando de favor na casa de uma amiga com duas crianças, eu preciso de dinheiro. Não quero ficar dependente de ninguém, nem ser um estorvo. Não vou conseguir um emprego tão cedo, também não tenho como deixar um recém-nascido sozinho, então... Nada mais justo que receber ao menos uma parte da minha herança. Não quero muita coisa.

— Claro, claro. Vamos entrar num acordo você e eu, ok? Sem sua mãe. Lilian é mais... dada às paixões. Ao ódio, no caso. Não quero irritá-la com essas questões. Ela não ficará feliz em saber que além de nos abandonar e não ouvir nossos conselhos, você ainda quer sua herança sem fazer por merecer.

— Fazer por merecer? Essa é boa! — Lena riu com sarcasmo, balançando a cabeça. — Eu estava disposta a sacrificar minha felicidade, fazendo uma faculdade que eu não gostava, pronta para assumir os negócios dessa família, para mostrar o meu valor, quando fui sequestrada por um maníaco. E só fui sequestrada porque me coloquei numa situação perigosa, me isolando de amigos, de todos, para agradar vocês. Talvez se eu estivesse fazendo o que eu queria, me abrindo ao mundo, me dispondo a criar laços com as pessoas, eu nunca tivesse sido pega. Não saberemos disso nunca, e agora não importa. Só sei que sou a única herdeira de vocês. Eu e meus filhos, aliás. É meu direito. A menos, é claro, que vocês decidam me deserdar, o que eu não duvidaria, então... Me diga logo.

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