⭑𝟏𝟏 | 𝒆𝐦𝐩𝒕𝒚⭒

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Eu não sei onde estava, nem o que estava fazendo. Nem da razão que me fazia estar naquela praça deserta tão tarde da noite, na madrugada fria e silenciosa. Eu voltei a estaca zero, ao estágio de vazio.

Uma parte de mim achou que eu finalmente havia me curado disso, e estava esperançoso para futuras aventurados que construiria com Karl, mas foi tudo por água baixo diante dos meus olhos. Ele foi a minha cura de algo que nunca contei ou assumi que tinha, mas que agora, voltou.

Eu não sei pra onde correr, não há ninguém para me socorrer a não ser ele. Se eu for, eu não quero mais voltar, por que se eu voltar, ele vai se esquecer de quem fui pra ele.

Peguei meu telefone do bolso e disquei para Karl, tive a certeza que ele não atenderia, mas pela minha surpresa, atendeu até que rápido.

— Nick? Cê tá legal? — A voz dele estava rouca, pesada, totalmente sonolenta. Só de ouvi-lo, um sorriso surgiu no meu rosto, repleto de alegria por ainda ter um pedaço dele aqui.

— Foge comigo? — Questionei recebendo um silêncio de resposta, ele precisa pensar, mas eu não tenho tanto tempo como ele tem.

— Fugir? O que houve? — Ouço Karl se mexer e o barulho do abajur ser acesso, limpei minha garganta sentindo um nó a expressar minhas certezas. Eu me apeguei demais a ele, eu dependo dele.

— Eu vou ter que ir embora hoje de tarde. Vamos fugir pra bem longe comigo? — Repeti minha pergunta, Karl ainda silencioso e pensativo sobre isso, faria o mesmo se recebesse uma ligação na madrugada perguntando se eu fugiria e abandonaria minha vida incrível e rica por amor.

— Vamos, é claro. Quando? — Respondeu, suspirei aliviado com a afirmação, me sinto mais seguro com sua companhia, mas ainda não tinha planejado onde, e quando.

— De manhã? — Soprei ávido, imaginando o plano que não fazia a menor ideia de qual seria.

— De manhã. — Afirmou o mesmo bocejando. — Vamos fazer assim, me encontra com todas as suas coisas, pegaremos o próximo trem para Pensilvânia. Lá a gente se vira, ok? — Karl soou tão corajoso, que me fez tornar mais corajoso também.

— Sim, ok, eu vou só escrever uma carta pra minha mãe, e assim podemos ir. — Sorri, sentindo os lábios de Karl se curvarem para um sorriso.

— Quando terminar, vem dormir aqui. — Ele me chama de peito aberto. A ideia é assustadora, mas é o que vai realmente me trazer felicidade. Ele não é uma paixão de escola, ele me fez descobrir quem eu sou, me torna corajoso e ativo em ambos sentidos. Eu amo o Karl, se não for ele, não será ninguém por que eu nunca vou sentir o que sinto por ele por mais alguém.

— Uhum, beijos meu gatinho. — Desliguei caminhando de volta para casa calmo, apenas apreciando o silêncio da noite. Chego pendurando as chaves como de sempre e escrevendo em um papel com uma caneta preta.

"Querida Mãe, se estiver lendo isso, eu estou bem, melhor do que nunca pois estou ao lado da melhor companhia que alguem poderia ter. Eu não posso viver em um local onde sou proibido de ser eu mesmo, por que eu tenho orgulho de quem eu sou e irei me tornar um dia. Eu sinto muito por não ter sido melhor e mais presente com você, eu só não te conhecia ainda o suficiente pra criar um laço igual criei com meu pai, mas depois de tudo que ele está fazendo, esse laço foi quebrado, e nunca mais será reconstruido. Só quero lembrar o quanto eu te amo, e te acho incrível por ser a mulher que é, eu estou arrependido de não ter dado uma oportunidade de você me conhecer também. Eu estarei na Pensilvânia com Karl, só você vai saber meu endereço e meus status, e se o Papai perguntar de mim, não diga nada, apenas que eu saí e até o momento não voltei. Se ele chamar a polícia, já sei que fudeu, mas eu preciso arriscar a viver do jeito certo, do jeito que me faz feliz. Por que não adianta estar em uma vida infeliz, onde eu minto para agradar quem ele quer que eu seja, eu não sou assim. Um beijo enorme do seu filho Nick, eu amo você."

٬٬ 𝐅𝐋𝐎𝐖 𝓯𝓮𝓮𝓵𝓲𝓷𝓰𝓼  ⋆ | ᵏᵃʳˡⁿᵃᵖOnde histórias criam vida. Descubra agora