" Eu não pude me despedir de verdade John, me perdoe." Essas foram minhas palavras a sua lápide, passo a mão sobre ela e passo para sua esposa.
Dona Josena não era ninguém ruim, faleceu pela idade e ele se juntou depois de um tempo à ela. Mas eu nunca, me perdoaria por não poder ter agradecido.
Tiro minhas mãos como se fossem tão impuras e estragassem da belezura que são, olho para o mar em busca de refúgio. Pela primeira vez em toda minha vida, eu te odeio mar. Caminho mais alguns passos, abro os braços para sentir a brisa marítima e olho para baixo vendo o quão alto é.
Eu me atiraria daqui, mas preciso resolver as contas com você, monstro.* * *
Quando voltei vi a vela acessa de Hikari dentro de casa, suas sombras apareciam estar discutindo e eu me culpava por ser o assunto. Mas o que foi prometido precisa ser feito, assim que eu entro dentro de casa vejo Kan em pé me esperando.
—Por quê você vai? Por que vai arrastar todo mundo nessa? Não tem medo de morrer? —diz ele me atropelando de perguntas.
—Você não é obrigado a ir, ninguém é. —respondo me sentando no sofá e ele continua de pé ao lado da mesa.
—Não é oque parece, você sabe que eles vão por ti. — retruca ele e eu rio, não por brabeza mas sim, porque era realmente engraçado mas aos olhos dele eu estava completamente ameaçadora.
—Kan, você não é obrigado a ir. —respondo me levantando e ele se cala, ando até em sua direção e ajeito a gola da camisa dele—Independente da situação, eu terei que ir mas não obrigarei ninguém contra sua própria vontade, aqueles que iram comigo, iram por conta própria. Não por obrigação. —termino indo em direção ao meu quarto mas paro no corredor sem me virar para trás.
—Então é isso? Acabou a gente? —perguntou ele—Você vai embora e morrer enquanto eu continuo um pobre viúvo com duas crianças?
—Você é livre Jake, mas saiba que eu nunca deixaria as crianças com você. Seu monstro que te atormenta, não eu. — retruco fazendo ele refletir as próprias palavras enquanto entro e fecho a porta.
Enquanto preparo minhas coisas vejo uma folha passar por baixo da porta. Pego e leio: Me espere na floresta da cabana, preciso te contar uma coisa. Assinado, J.
Dobro o papel e continuo oque eu estava fazendo, até que quando considero tudo feito e as crianças ainda estão dormindo eu saio esbarrando com Kan.—Precisamos conversar. —pede ele.
—Eu sei, mas não lá. —respondo pegando sua mão e levando para o jardim dos fundos.
—Eu matei ela. — fala ele depois que chegamos ao lugar enquanto estou de costas.
—Por quê? —pergunto sem me virar.
—Eu não sei, algo tomou em mim e quando voltei em mim...Percebi que já era tarde demais.
—Você... —falo me virando e tenho uma visão.
* * *
—Jake, isso é perfeito. —fala a loira admirada.
—Nossa casa, é linda não é? — pergunta ele com as mãos no bolso.
—É mais que linda meu amor, é perfeita. —responde ela se virando para ele enquanto ele põe as mãos na cintura dela.
No meio daquela floresta não muito longe, havia dois seres malignos como sombra. Logo quando a garota entra na casa uns deles se aproximam de Jake.
—Boa noite cinderela. —diz uns deles enquanto o outro bate com um pau de madeira na cabeça do Jake.
Quando ele acorda, a garota já estava morta.
* * *
—Você não matou ela. —respondi—Eles sim.
—Como você...? —pergunta chocado.
—Você estava sozinho com ela, era de noite e a lua brilhava tanto que só perdia para os olhos dela. Ela entrou e alguém te bateu, possuíram seu corpo e...Mataram-a, você acordou depois. —digo contando a visao—Tire esse peso e me deixe ir, você não deve nada a ela, nem a mim.
—Mas...
—Eu não te amo Jake, você tava certo o tempo todo. Eram hormônios e tanta pressão, se fosse para morrer hoje eu morreria arrependida se não te contasse isso. —falei e ele entra em choque—E eu sei que também não me ama, você quer ela, e eu fui a mais próxima dela.
—Ruby e as crianças? —perguntou.
—São meus filhos, então iram comigo. Fim de papo. — respondo me encaminhando para dentro de casa e paro na porta—Eu não sou ela Jake, desapegue-se.
—Eu também não sou ele, se controle. Eu vou ficar. —retruca e eu sorrio de costas.
—Então fique longe de mim e esqueça tudo isso que viveu, partiremos em breve então não nos atrapalhe. Pode ficar com a casa. — respondo e desta vez não volto mais a olhar para trás.
Ele tomou a sua decisão e eu a minha, no final ambos sabiam que isso não daria. Os momentos podem ser inesquecíveis, mas o amor é insuperável. Eu nunca vou te esquecer Mike, mesmo que não possamos viver uma vida juntos. Penso.
Deitei na cama mas não conseguia dormir, tomei isso como um sinal de que preciso ficar desperta então vou para o quarto das crianças, Wen dormia pacificamente enquanto os gêmeos dormiam juntos no berçinho. Ninguém jamais os machucará. Sussurro e acaricio os cabelinhos deles, tão ruivos, tão puros, minha mãe antes morrer também pensará assim? Pergunto, mas aquela pergunta nunca nunca teria resposta.
Passo para o outro lado, onde há um quarto vago, Ethan dormia grudado no seu irmão enquanto Elvin e o recruta que sempre esqueço o nome dormiam também como dois soldados cansados, um invadindo o espaço do outro. É engraçado lembrar que os dois se juntaram e nunca mais se separaram, agora estão arriscando tudo por mim.
Todo mundo está. Suspiro cansada e volto para o quarto, olhando da janela o sol nascer. Estava tudo pronto, só restava partir. A questão era, nós ficaríamos bem? Eu ainda consigo garantir sua segurança? Se eu morrer...Quem cuidará das crianças? Sou a única que os mantém unidos e serei a última a protege-los se não fizer nada.
Enquanto o sol nasce sinto meu coração a doer, a sensação de que nada é certo me fere até a última gota. Era a minha última esperança.
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A Capitã e o pirata [Volume 1]
ActionUma garota é treinada desde cedo quando é órfã, um capitão ríspido a recrutou e adotou junto com outras crianças, o tempo passa e essa garota não é mais criança logo seguindo e trilhando sua própria jornada, o único problema é que sua felicidade já...