Capítulo Trinta. - O garoto dos seus sonhos.

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Dylan Ribeiro

Eu não esperava que ela fosse subir naquela mesa.

Não imaginava que acabaria tirando ela de lá.

Eu tinha jurado a mim mesmo que iria me afastar. Que iria tirar ela da minha cabeça. Mas parece que quanto mais eu tento... mais impossível fica.

Todo o meu corpo se estremeceu quando ela deitou a cabeça em meu ombro. Não lembrava do quanto era maravilhoso tê-la tão perto de mim. Do quanto isso me deixava completo.

Me sinto um completo idiota por ter ficado feliz quando descobri que ela realmente havia me seguido no shopping. Me sinto um idiota pelo meu coração ter acelerado quando ela disse que estava confusa em relação aos seus sentimentos.

Por que é tão difícil pro meu coração entender que ela nunca vai sentir o mesmo que eu sinto?

Sempre vai ser ele.

Ele é o cara dos sonhos dela.

Aceita isso, Dylan.

Nunca vai ser você.

Não posso a obrigar a gostar de mim, isso seria errado. Não posso atrapalhar a sua felicidade.

É com ele que ela enxerga um futuro.

É com ele que ela quer passar o resto da vida.

Por que é tão difícil de você aceitar isso, Dylan?

Por que é tão difícil amar alguém que não te ama?

É tão boa a sensação de tê-la nos meus braços. Não sei como consegui resistir a isso por tanto tempo.

Hannah dormiu o caminho inteiro. O que me deu tempo pra pensar nas palavras que ela tinha dito.

O que ela quis dizer com " comecei a sentir coisas estranhas "?

Será que... Não, eu não teria essa sorte.

Não imaginava que ela estivesse sentindo tanta a minha falta desse jeito.

Me sinto um imbecil por ter-la feito chorar.

Aquilo quebrou o meu coração.

O carro parou de frente à nossas casas. Paguei ao motorista, e tentei a acordar, mas ela dorme como pedra. Dei a missão como perdida e a peguei no colo.

Subi os batentes da sua casa, e bati na porta com o pé. Olívia apareceu na hora.

--- Minha nossa, o que aconteceu?

--- A sua irmã bebeu além da conta.

--- Tô vendo. A bixinha tá acabada.

Ela deu passagem para que eu entrasse.

--- O que ela aprontou?

--- Acreditaria se eu dissesse que ela subiu em cima de uma mesa e começou a dançar?

--- Ah, mas eu vou dar uma bela bronca!

--- Não precisa, eu a tirei a tempo antes que algo desastroso acontecesse.

--- Obrigada, de verdade.

Barulhos de passos vindos da escada tomaram a nossa atenção.

--- Oh meu Deus! O que aconteceu com ela? - Dona Ana disse desesperada.

--- A senhora acredita que ela...

--- Tomou algumas latas de cerveja sem comer e acabou passando mal. Vocês sabem, a pressão dela fica baixa com facilidade.

Olívia me olhou desconfiada, mas logo entrou na mentira.

--- É, era isso mesmo o que eu ia dizer.

--- Obrigado Dylan, por cuidar da nossa garotinha!

--- Sem problemas, senhor Miller. Sabe que faço de coração.

--- Sei sim, rapaz.

--- Acho melhor você colocar-la logo na cama. Não sei como está a aguentando esse tempo todo em seus braços! - Olívia deu duas batidinhas no meu ombro. - Vem, eu te acompanho.

Subi as escadas com cuidado para não tropeçar. Olívia abriu a porta do quarto de Hannah e saiu de lá.

A coloquei na cama e cobri todo o seu corpo - exeto o rosto.- com o lençol, como se estivesse em um casulo.

Olhei em volta e percebi que o seu quarto não havia mudado em quase nada. Só alguns móveis mudaram de lugar.

É tão nostálgico estar aqui.

Me desvincilhei de meus pensamentos e me levantei para ir embora, mas ela segurou a minha mão.

--- Não vai embora, Dylan. Não me deixa de novo. - murmurou enquanto dormia.

--- Não quero ir embora, acredite. Mas não quero atrapalhar a sua felicidade. Sei que parece ser egoísta, mas não sei se suportaria te ver com outro cara. Não suportaria saber que não sou o suficiente pra você. Não suportaria em ver que nunca fui o garoto dos seus sonhos. - arrumei uma mecha do seu cabelo. - Também dói me afastar de você, como dói... mas vai ser melhor para nós dois, acredite.

A observei dormir por alguns segundos, apreciando a sua beleza e reparando nos novos traços de seu rosto. Poderia fazer isso pra sempre.

--- Eu nunca vou amar alguém da mesma forma como eu te amo, Nana. Nunca.

Me aproximei, dando um beijo em sua bochecha. Eu precisava ir, já estava tarde.

Saí do quarto e me despedi dos pais de Hannah, que me esperavam na sala.

Não sei o que o fato dela saber sobre os meus sentimentos vai mudar, mas me sinto aliviado por não precisar mais guardar isso só pra mim.

NÃO ERA VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora