Me concede a última dança?

Capítulo Nove

   A última dança

No estacionamento da escola longe do salão que acontecia o baile, inclino o meu corpo para frente colocando minhas mãos apoiadas no joelho.

E sinto alguém colocando a mão no meu ombro.

— Respira fundo, eu tô aqui.

Me viro imediatamente reconhecendo a voz e o empurro.

— Por que? Por que?

Felipe abaixou a cabeça.

— Antes do baile quando tava saindo para te buscar encontrei com o Bernardo, e ele disse que ia te reconquistar e que eu poderia ver que você ainda tava na dele.

Levanto uma sobrancelha confusa.

— Você achou...?

— E quando vi você caminhando ao lado dele na sua casa, percebi que eu tinha perdido e ele tava certo...

Rio de nervoso.

— Você chegou a ver tudo? Eu fiquei procurando você e você estava lá escondido?

Giro o corpo para ir embora. E ele segura meu braço.

— Me solta, Felipe. Você é que nem todos mesmo.

Ele para na minha frente.

— Eu fui covarde...

— É você foi... — Respiro fundo. — E ainda te ver com a pessoa que meu ex me largou pra ficar e dançar com ela... — As lágrimas começaram a escorrer.

Felipe leva sua mão até meu rosto limpando e me afasto.

— Quando te vi com ele chegando no baile, eu pirei, ok? E não sabia o que fazer e a Carla tava ali perto que nem pensei e chamei ela para dançar, mas quando vi você sair correndo percebi a burrada que eu fiz. — Ele passa a mão pelo rosto. — Eu sei que você merece mais...

Ele não terminou de falar e o interrompi.

— Você é meu melhor amigo, Felipe e eu me apaixonei por você, acabei demorando para enxergar o que tava sempre na minha frente e você faz exatamente como todos.

Ele ergue os olhos cheio de culpa para mim.

— Eu sei...

— Nem parece aquele garoto que enfrentou Bernardo no treino de futebol e deu um soco na cara dele.

— Eu sei... — Ele repete. — Deveria ter confrontado e confiado em você e não na minha insegurança me fazendo te perder. — Felipe abaixa os olhos e vejo o queixo tremer percebendo que está chorando.

Fecho os olhos e levo minhas mãos até o rosto dele.

— Você não me perdeu, mas eu tô chateada, mas não deixei de sentir o que venho sentindo... — Faço ele olhar para mim. — Eu te amo, seu idiota. — Acabo dizendo aquelas três palavras, mas eu sabia que com ele não eram apenas palavras.

Ele fixa seu olhar nos meus.

— Você...

— Eu te amo, idiota, — repetindo para que ele frise — e quero que saiba a partir de hoje minha escolha só poderia ser você, é você.

Ele começa a rir desajeitado. Se aproxima de mim e coloca seus braços na minha cintura sussurrando perto do meu ouvido.

— Me concede a última dança? — Assinto e Felipe desliza sua mão até o toque na minha que a pega lentamente erguendo meu braço e me girando, ao dançar comigo ali mesmo, apenas concentrada em nós dois. — Eu te amo, minha princesa, minha escolha sempre foi e sempre vai ser você. — Deixando um beijo demorado na minha testa.

O céu estrelado ilumina a noite no estacionamento da escola. Eu não consigo parar de sorrir quando ele me segura nos seus braços após dançar comigo naquele lugar. Ele me gira no ar enquanto me abraça forte, me trazendo para perto do seu peito. Posso ver nos seus olhos o quanto me ama. Eu deslizo os meus dedos no seu rosto e Felipe me beija suavemente, sinto um frio na barriga que percorre o corpo todo, como aquelas famosas borboletinhas no estômago que pensei existir somente nos filmes.

Não sei o que o futuro nos reserva, mas tenho certeza que é o começo de uma nova fase na minha vida, e eu estou feliz por tê-lo ao meu lado.